Frederico Varandas foi eleito presidente numas eleições fortemente fragmentadas e num momento financeiramente complicado. Nunca foi um nome de consenso, é certo, mas a verdade é que fez muito pouco desde então para alterar esta situação.

Sobretudo no plano desportivo, o presidente tomou decisões difíceis de perceber.

Despediu José Peseiro, por exemplo, sem ter uma solução para o banco. A contratação de Marcel Keizer, é bom lembrá-lo, demorou mais de um mês a ser feita: até lá o Sporting jogou em várias frentes com um interino.

Inaceitável.

Depois disso apostou num treinador sem nenhum conhecimento do futebol português, sem provas dadas e sem estofo para lidar com a pressão. Keizer chegou com uma filosofia, que alterou ao segundo desaire, e nunca mais teve uma ideia clara para a equipa.

Em janeiro abdicou de Nani, Montero e Bruno César para se reforçar com nomes que ainda não provaram merecer um lugar no plantel: Luiz Phellype, Doumbia, Borja.

É certo que a época terminou com a conquista de duas taças, ganhas nos penáltis, os quais aliás vieram a provar serem o melhor amigo deste Sporting.

Frederico Varandas soube capitalizar esse facto, fartou-se de falar da melhor época dos últimos anos, passando por cima do fracasso rotundo que foi o não apuramento para a Liga dos Campeões: como o próprio Frederico Varandas tinha referido na campanha eleitoral, o Sporting não podia voltar a falhar um encaixe financeiro urgente e vital.

O pior, porém, ainda estava para vir.

Sem mostrar ter aprendido nada com os erros, o Sporting protagonizou um verão assustador.

Acima de tudo, claro, a venda de Bas Dost por sete milhões de euros. A SAD leonina abdicou de um jogador que em três épocas fez 93 golos ao preço de um júnior. No fundo valorizou cada golo do holandês a pouco mais de 70 mil euros.

Totalmente incompreensível.

Mesmo que Bas Dost não entrasse nas contas de Marcel Keizer, convinha lembrar que há mais vida depois do treinador. O ponta de lança garante 30 golos por época e ainda há dois anos estava a lutar com Messi pela Bota de Ouro. Não se empurra para fora do clube um goleador assim.

Até porque, depois de correr com Bas Dost, o Sporting foi buscar Bolasie, Jesé Rodriguez e Fernando: jogadores de grandes clubes europeus e, portanto, com um salário alto.

Ainda que o Sporting não o pague por inteiro, o que se admite facilmente, terá de pagar alguma coisa. Por cada um deles. É só somar os três.

Não há, portanto, um critério em toda esta política desportiva do Sporting.

A SAD leonina parece navegar ao sabor do vento, com decisões tomadas em cima do joelho, sem uma ideia do que quer para o futebol do clube.

Intolerável, por exemplo, como nos últimos dias do mercado desmantelou a equipa com a venda de dois habituais titulares, para reconstruir o plantel com três contratações, com a época a decorrer, com jogos a poucos dias de distância, num tratado de insensatez.

Aliás, num erro já cometido no passado e que não serviu de lição, Frederico Varandas enfrentou uma nova saída do treinador sem uma solução que fosse para o problema.

Como acontecera há um ano, foi um interino que segurou a equipa durante um mês: sim, um mês.

Novamente inadmissível.

Por tudo isso, não pode verdadeiramente surpreender que a época esteja a ser desastrosa.

Depois de tantos erros e equívocos, de tanta imprudência, leviandade e precipitação, depois de tanto amadorismo, portanto, era difícil não imaginar que a resposta da equipa ia ser esta.

Quatro derrotas em oito jogos oficiais, apenas duas vitórias e uma humilhação dolorosa frente ao maior rival em dois meses deixam este Sporting muito perto daquele de Godinho Lopes.

E a culpa, de quem é? Acima de todos de Frederico Varandas.

Ninguém pode duvidar do sportinguismo, ninguém pode contestar a defesa do código genético do Sporting, ninguém pode, enfim, desconfiar das boas intenções do presidente.

Mas tudo isso é pouco. Os jogadores estão desmoralizados, os sócios estão revoltados, os simpatizantes estão desinteressados, a direção está reprovada. O Sporting novamente está num beco que se aperta a cada metro percorrido.

E agora, Frederico?