Sepp Blatter foi reeleito presidente da FIFA e, obviamente, essa não foi uma boa notícia para o futebol mundial.

O único caminho lógico e responsável que o suíço tinha pela frente seria, obviamente, abandonar o cargo que ocupa desde 1998. 17 longos anos. Ou, se quiserem, 34, se somarmos o cargo de secretário-geral que exerceu.

Se Blatter que andou sempre de braço dado com a polémica e logo desde a sua primeira eleição, com uma candidatura com suspeitas de irregularidades dá uma péssima imagem ao não assumir a decisão de descer do trono, é inacreditável como as investigações que abalaram os alicerces da instituição com várias detenções não o fazem tremer lá no alto.

É óbvio que não somos ingénuos ao ponto de acreditar que as federações votam programas e não uma maior proximidade ao poder, com benefícios futuros – e isso está, sem dúvida, errado , mas fazê-lo tão despudoradamente, com todo este descaramento, sem querer admitir adiar o sufrágio até um maior avanço nas investigações, é no mínimo escandaloso.

Ao avançarem para as eleições no matter what, as federações mostraram que não queriam perder os acordos assumidos durante as candidaturas. Havia primeiro de assegurar o que era seu de direito, e depois viria, finalmente, a transparência.

A UEFA assumiu-se como grande voz discordante, e promete ser a grande opositora a Blatter no próximo mandato. Isto se nada acontecer entretanto ao suíço por via judicial, porque essa ameaça nunca foi, nos últimos dias, afastada do ar.

A FIFA não mudou de século com o resto do planeta – rege-se por modelos que já não são deste tempo –, e neste momento enfrenta um dilema: é tão grande, tão demasiado grande, que ameaça implodir. 

O futebol bonito sempre foi jogado longe dos gabinetes. E quando mais perto deles estiver, e de Blatter, mais perde.

LUÍS MATEUS é subdiretor do Maisfutebol e pode segui-lo no TWITTER. Além do espaço «Sobe e Desce», é ainda responsável pelas crónicas «Era Capaz de Viver na Bombonera» e «Não crucifiquem mais o Barbosa» e pela rubrica «Anatomia de um Jogo».