A campanha europeia do Benfica não envergonha só o próprio Benfica: envergonha Portugal.
Mas antes disso, um facto.
A formação encarnada correu em Lyon 117 quilómetros, bem mais do que fez, por exemplo, o próprio Lyon. Se tivermos em atenção que os guarda-redes não correm mais de cinco mil metros, então ficamos com uma média por jogador superior a onze quilómetros percorridos.
O Benfica correu muito, portanto. Mas correu mal.
Correr bem passa muito por saber estar no relvado. Decidir a coisa certa. Manter a bola, tocar, ir, procurar o espaço, pressionar, arriscar roubar a bola, ficar, fazer falta, enfim.
O futebol é um corrupio de decisões importantes: do jogador, dos colegas e dos adversários.
Nesta altura, este Benfica parece que raramente toma boas decisões. Os jogadores querem muito, trabalham, correm, insistem, mas as coisas não lhes saem. É um momento menos bom, ponto final.
Que uma equipa assim seja líder do campeonato português, não fica nada bem ao campeonato português. Desvaloriza os jogadores, o Benfica e a própria Liga.
O que é normal.
Por muito que o ranking UEFA ou que a seleção nacional nos tentem convencer do contrário, o futebol português é fraco. Existe um desvio colossal entre os grandes e os pequenos. O nivelamento tem de ser, por isso, feito por baixo, onde as exigências também são naturalmente mais baixas.
O que torna normal que o Benfica jogue mal em Portugal e consiga bons resultados, ao passo que jogando mal na Europa, é penalizado com maus resultados.
Enquanto Portugal, e o próprio Benfica (vale a pena lembrar que foi o primeiro clube a vender os direitos televisivos, inviabilizando a comercialização centralizada), não resolver o desequilíbrio do campeonato português, é totalmente utópico falar em projeto europeu.
Porque correr bem depende do jogador, dos colegas e dos adversários.
Depende muito, também, dos adversários.
É muito difícil correr bem frente a Depay quando se está habituado a defrontar Gabrielzinho. Ou Hachadi.