O sorteio colocou o Liverpool no caminho, o que desde logo permite uma conclusão óbvia: a sorte não foi nada amiga do FC Porto.

O Liverpool, recorde-se, é um dos mais sérios candidatos ao título no melhor campeonato do mundo e foi aliás líder desse mesmo campeonato durante várias semanas.

Foi finalista da última Liga dos Campeões, é uma equipa com tempo de trabalho junta, bem orientada, com excelentes valores individuais.

Para além disso, tem um ascendente mental sobre o FC Porto: na última época, aplicou-lhe a maior derrota dos últimos 47 anos, e naturalmente a maior derrota também da era Sérgio Conceição. Nas últimas quase cinco décadas o FC Porto teve mais quatro desaires por cinco golos de diferença (AEK, PSV, Arsenal e Bayern Munique), mas nenhum por mais do que isso.

De todos os adversários possíveis, portanto, arrisco dizer que saiu o menos recomendável.

No entanto, e apesar de tudo o que ficou dito atrás, vale a pena alimentar a esperança. Se o FC Porto conseguir um bom resultado em Anfield Road, pode capitalizar na segunda mão o fator Dragão, onde de resto é muito forte: apesar, lá está, da derrota por 5-0 na última temporada.

Vale a pena também alimentar a esperança porque o FC Porto é, nesta altura, a única equipa portuguesa com verdadeira dimensão europeia. Nas últimas dez temporadas, a formação portista chegou três vezes aos quartos de final, quatro vezes aos oitavos e três vezes ficou pela fase de grupos.

Em dez anos, portanto, chegou à fase eliminatória em sete deles.

Entrar no lote das oito melhores equipas europeias deixou de ser um feito extraordinário, o que permitiu ao FC Porto ganhar experiência, competências e pujança internacional.

Os azuis e brancos habituaram-se a estes jogos, souberam crescer para grandes equipas, perderam o complexo de inferioridade.

Nesta altura serão seguramente equipa portuguesa com maiores ambições de entrar numa futura liga europeia. Num momento, aliás, em que os rumores sobre uma grande competição internacional se tornam mais frequentes, o clube precisa destes jogos e precisa de sair deles com vida.

Tudo o que seja um resultado acima da humilhação, vai ajudar a cimentar a imagem do FC Porto como equipa da primeira divisão europeia.

Mas para isso, lá está, é preciso alimentar a esperança. Se possível com entusiasmo.

Com a sorte, já se viu, não vale a pena contar.