Um adversário a dar tudo, o relvado com problemas, um clima a requerer adaptação. O FC Porto entrou mal em Paços de Ferreira, tentou reerguer-se na segunda parte, mas, com um penálti falhado pelo meio, concedeu mesmo a primeira derrota.

Os dragões continuam a depender de si.

O que muda é que o Benfica passa também a depender de si próprio.

Já o Sporting continua a depender dos dois primeiros.

Está tudo em aberto, e os dragões continuam a ser, neste momento, o mais forte candidato a festejar no fim. Aconteça ou não.

A equipa de Sérgio Conceição foi menos intensa que a do Paços de Ferreira, a precisar de pontos na luta pela permanência, e nem o terreno pesado ou o facto de jogar a favor do vento no primeiro tempo soube aproveitar.

Faltou eventualmente Marega, que Waris e Gonçalo Paciência não conseguiram fazer esquecer, ou a capacidade organizativa de Herrera, mas quase sempre o que falhou foi o discernimento.

O FC Porto acabou com melhores números – mais ataques, mais remates enquadrados, mais cantos e mais posse de bola –, mas saiu derrotado. Foi inimigo de si próprio.

Claro que o Paços ficou satisfeito com o 1-0, foi esbanjando tempo sempre que pôde, e mesmo assim até teve um ou dois momentos em que podia ter feito outro golo. Jogou com as armas que tinha, como todos os defrontaram os grandes e se encontraram em situação semelhante. Nem mais nem menos. Apesar de tudo, foram os que correram mais e mais lutaram. Talvez por isso, o triunfo seja justo.

Sérgio Conceição não esteve bem no final. Parece evidente há algum tempo que há um Sérgio Conceição quando ganha e outro quando perde, e até pode ser considerado natural face à forma como vive o jogo. No fundo, repetimos o que dizemos muitas vezes: está a ser igual a si próprio. Certo, mas não deixa de ser um dos seus desafios numa carreira tão prometedora: encontrar o seu próprio equilíbrio, não perdendo a naturalidade.

Afinal, todos querem o mesmo, todos são profissionais e usam os meios que têm ao seu dispor para conseguir os objetivos.

É verdade que o queimar de tempo nunca é bonito e talvez sete minutos de compensação não sejam mesmo suficientes, mas o FC Porto tem de ser simplesmente maior do que isso. Teve tempo mais do que suficiente para não perder.