O Benfica preparou mal um jogo absolutamente fundamental: preparou-o mal tática e fisicamente.

A equipa cometeu alguns erros do passado, sobretudo na forma como continuou a não atacar bem as transições defensivas, e juntou-lhe alguns erros novos, por exemplo na incapacidade de ter jogo exterior, insistindo no futebol por dentro, em combinações inconsequentes e mal conseguidas.

Para somar a isso, claro, o Benfica apresentou-se num claro défice físico, que se tornou evidente na segunda parte, período em que o PAOK foi sempre melhor e mais forte.

A ideia que fica, no fundo, é que encarou o encontro com demasiada sobranceria. Preparou mal o jogo, tornou-o numa espécie de exercício experimental e não lhe atribuiu o peso que ele tinha.

A ideia de juntar Pedrinho e Pizzi entre o centro e a direita, em trocas posicionais constantes, e ambos sem capacidade de dar profundidade, parece que foi só isso: uma ideia para ver se funciona.

O abandono a que foi votado o ponta de lança, sem ninguém que aumentasse a presença na área a jogar ligeiramente por detrás, também parece uma estratégia condenada ao fracasso.

Portanto o que fica é uma noite em que tudo foi mau. As ideias foram fracas, a exibição foi pobre e as consequências são terríveis. O Benfica foi eliminado da Liga dos Campeões, numa época em que fazer uma boa prova era um objetivo claro, declarado e fundamental. Para além disso, houve uma óbvia desvalorização dos ativos do plantel e há uma nuvem de dúvidas sobre a equipa.

Jorge Jesus soma assim um fracasso evidente e que vai marcar toda a temporada. Num ano em que o investimento foi brutal, ao nível dos maiores clubes da Europa, exigia-se naturalmente que os resultados fossem também brutais. Aconteça o que acontecer no futuro, nunca o vai ser.

Ora o treinador, que tem um histórico de fazer primeiros anos fortíssimos, vira tudo do avesso: este primeiro ano, mesmo que a equipa seja campeã, sem a Champions nunca será fortíssima. A qualidade, o investimento, as ambições impunham mais do que o título de campeão nacional.

Jorge Jesus voltou do Brasil tão diferente, portanto, que nem parece o mesmo.

PS. Há um caso neste plantel do Benfica que é intrigante. Chama-se Gilberto. Foi a primeira contratação do verão, chegou mais cedo, teve mais tempo de adaptação que outros reforços e ficou no banco. Curiosamente o lado direito da defesa encarnada foi um desastre: foi por lá que o PAOK construiu os dois golos. Nesta altura talvez alguém devesse explicar o que se passa.