O penálti falhado por Nani foi uma boa notícia para Marco Silva. Pode não parecer, mas foi.

A julgar pelas opiniões fáceis nas redes sociais, muitos viram naquele episódio falta de pulso do treinador. Marco Silva sabe que este é um dos riscos. Chega do Estoril, é jovem e mantém quase sempre um ar tranquilo. Pois neste caso a tranquilidade foi tudo.

No momento, Marco Silva fez o que podia: nada. 

Tudo se passou entre Adrien e Nani, lá longe. A alternativa era desatar aos gritos ou invadir o campo para impedir que a estrela recém-contratada marcasse a grande penalidade. Como todos os adeptos presentes no estádio, incluindo os que acumulam com a responsabilidade de dirigir, desejavam. 

Obviamente, Marco Silva manteve-se sossegado. E no final disse o que tinha a dizer: quem marca as grandes penalidades é Adrien, mas também não vale a pena fazer da coisa um caso.

Na véspera, o treinador lembrava a importância do coletivo. Procurava retirar peso à chegada de Nani. Como qualquer pessoa que sabe um pouco de futebol, raramente um futebolista resolve o que quer que seja sozinho. Nesse sentido, ver o internacional português falhar aquela grande penalidade foi a melhor notícia. Nani terá de fazer rapidamente um esforço para se adaptar ao clube, aos novos colegas e ao que dele se espera.

O campeonato português não é tão duro como o inglês, mas também não é assim tão simples que seja chegar e estalar os dedos. Assumir todas as bolas paradas, mexendo nas rotinas da equipa, ou escapar constantemente do flanco não são exatamente as melhores formas de acelerar a integração. Ficou o aviso, que Nani seja capaz de o perceber.

O facto de a história do jogo ter acabado bem para o Sporting, resolvido por dois suplentes ( Carlos Mané merece mais tempo em campo…), também reforçou a autoridade do treinador. Marco Silva foi capaz de entender o problema que existia até ao intervalo, mexeu muito bem e quando chegou a altura de retirar Nani, fê-lo. Acabou premiado.

NOTA: uma equipa como o Sporting terá de jogar mais vezes com apenas dois médios e quatro homens na frente. Se esses dois médios forem William Carvalho e Adrien, não vejo o problema. Para crescer é necessário correr mais riscos do que, por exemplo, no tempo de Leonardo Jardim.