O que dói mais é que nem dá para contestar. Não foi falta de sorte ou culpa do árbitro. A França foi melhor, ponto final. Ganhou, e ganhou bem.

Portugal tem hoje, provavelmente, a mais traquejada geração de jogadores da sua história. Nunca, como agora, tivemos um onze com tantos jogadores a jogar (e a serem titulares) nos maiores clubes do mundo. Manchester City, PSG, Juventus, Borussia Dortmund, Atlético Madrid, Manchester United, Liverpool, enfim, nesse aspeto somos capazes de rivalizar com qualquer adversário.

Falta agora rivalizar no resto. Ou, pelo menos, faltou este sábado.

Faltou no fundo rivalizar na atitude: uma atitude de campeão. Portugal tem uma geração brilhante de jogadores, tem uma megaestrela mundial, é campeão europeu em título, é vencedor da Liga das Nações também em título, mas continua a haver alturas em que se encolhe.

Esta noite foi evidente que Portugal tentou fechar os caminhos à França, para depois ver o que o jogo dava. A principal preocupação era essa: não se descompensar, não ser apanhada em falso.

Até estarmos a perder, os laterais pouco subiram, João Félix e Bernardo Silva estiveram sempre muito presos à linha e os jogadores estiveram sempre condicionados pelas obrigações posicionais.

Deu a ideia que Portugal não quis ousar ser atrevido.

É verdade que em Paris, há coisa de um mês, correu bem. Mas aí fazia sentido: estávamos a jogar fora, devia ser a França a impor-se e o empate não era um mau resultado. No Estádio da Luz, a jogar em casa, estávamos obrigados a mais. Muito mais.

Até porque ser atrevido tornou-se a nossa forma de jogar: ter a posse de bola, projetar os laterais, fazer os extremos jogar por dentro, impor dinâmica e desorganizar o rival em trocas posicionais.

A ideia que ainda fica é que a Seleção faz tudo isto quando defronta adversários inferiores. Quando do outro lado, no entanto, está uma equipa mais forte, ainda que Portugal seja hoje das melhores seleções do mundo, encolhe-se e prefere ficar à espera do que o jogo lhe dá.

Quando o jogo não lhe dá nada, fica esta sensação de frustração. Este vazio, este desencanto.

Fica, enfim, esta sensação de que nunca nos deve faltar a atitude de campeão.