Se três nomes ganharam esperança e força para a hora de Fernando Santos escolher os 23 para o Campeonato do Mundo, ainda não foi desta que nasceu uma segunda vaga na zona central da defesa da Seleção. Essa é a pior notícia que vem anexada ao triunfo frente a uma frágil Arábia Saudita e ao empate cinzento com os Estados Unidos.

Edgar Ié, do Lille, jogou 35 minutos na melhor fase de Portugal frente aos árabes, com a equipa balanceada para o ataque, entrando para o lugar de um Pepe debilitado. Pouco trabalho teve, mas tem contra si, logo à partida, o facto de ser um central de baixa estatura, apesar da boa capacidade de impulsão, num espaço em que não lutar de igual para igual, ou perto disso, com os melhores, costuma ser fatal.

Ricardo Ferreira, o mais alto entre todas as opções por contraste com Ié, esteve em campo os 90 minutos no embate com os Estados Unidos, mas não disfarçou momentos de insegurança, sobretudo quando os velozes avançados do adversário caíram em cima da baliza à guarda de Beto. Sai mal da fotografia no golo, e numa ou noutra jogada posterior.

Se é verdade que não é um jogo que determina, para bem e para o mal, o futuro de um jogador numa equipa, não foram exibições capazes de tranquilizar o selecionador para um cada vez mais curto prazo.

Na esquerda, Santos quis observar Kevin Rodrigues, e viu compromisso e vontade, mas também um caminho ainda relativamente longo para a afirmação. Raphäel Guerreiro não apresenta rival à altura, face às questões ainda não afastadas de vez por Fábio Coentrão, com Eliseu e Antunes a lutarem pela segunda vaga sempre que as circunstâncias exigirem uma maior fiabilidade do ponto de vista físico.

A maior desilusão terá de ser Nélson Semedo. O jogo frente aos Estados Unidos, em que praticamente tudo lhe correu mal, é apenas mais um exame em que confirma que ainda está distante do que mostrou no passado recente. No Benfica, em que foi um dos grandes jogadores da última temporada e essencial na forma como a equipa de Rui Vitória construía a partir de trás, e também no Barcelona. Apesar da alternância com Vidal e Roberto nas ideias de Valverde, o lateral-direito tem mostrado valências que não tem conseguido expor por completo pela Seleção.

Gonçalo Paciência foi a última das novidades, face à indisponibilidade de Éder, e teve direito a metade de um jogo. Terá vivido demasiado o momento, apresentado uma sofreguidão própria de quem quer provar tudo de uma vez. Faltou-lhe discernimento, e mostrar maturidade para jogar pela equipa das quinas ao mais alto nível.

Nem todos os jogadores crescem ao mesmo ritmo. Gonçalo estava antes de André Silva aqui há uns anos, deixou-se ultrapassar e a distância aumenta cada vez mais. Não pode querer diminuí-la sozinho, ou apenas numa única oportunidade.