Rui Patrício, Daniel Podence, William Carvalho, Gelson Martins, Bruno Fernandes e Bas Dost rescindiram contrato com o Sporting.

De acordo com as cartas de rescisão enviadas e que vieram a público, os jogadores responsabilizam pelo menos indiretamente Bruno de Carvalho pelas agressões de Alcochete. As suas intervenções teriam inflamado o ambiente a tal ponto que a violência se tornou inevitável. Se o presidente leonino atira para os futebolistas a culpa primária das agressões de que foram alvo, o juiz do processo dos incidentes na Academia reconhece que o presidente «potenciou clima de animosidade».

As causas apresentadas não param por aqui. Os seis jogadores falam em «assédio» e apontam vários momentos durante a última época em que Bruno de Carvalho passou os limites.

Recapitulando, os factos são estes:

Seis rescisões, entre as quais as de jogadores nucleares do clube;

Erros vários, recorrentes e, no mínimo, negligentes de Bruno de Carvalho na relação com os jogadores do plantel;

Divórcio total entre os jogadores e o presidente, e não com o clube. Apesar de não assumido publicamente, nunca foi desmentido e parece relativamente transparente que, em caso de abandono do presidente, as rescisões poderiam ser anuladas.

Entretanto, o Sporting dividiu-se.

Bruno de Carvalho não se demite, apesar de parecer perder força a cada rescisão;

Já Jaime Marta Soares, incrivelmente, não consegue ganhar força a cada carta para, juridicamente, fazer valer a ideia de uma Assembleia Geral que destitua o atual presidente;

Até aqui o Sporting merecia melhor.

Para quem assiste do lado de fora a esta verdadeira guerra civil, que ameaça prosseguir meses e meses a fio nos tribunais e que está a destruir por dentro o próprio clube, há uma ideia que prevalece: tenha ou não razão, há muito que Bruno de Carvalho ultrapassou o ponto de não retorno. O bem-maior é, há muito, estancar a sangria.

Tenha ou não razão, as rescisões, e acrescento aqui que o facto de serem pelo menos seis e não uma única dá-lhes ainda mais força, tornaram a demissão a única saída possível, algo que o dirigente e quem o acompanha com incompreensível cumplicidade se recusam a fazer.

A gestão de Bruno de Carvalho é já uma gestão danosa. O futuro, sobretudo a curto prazo, está seriamente comprometido.

Todas as boas decisões que ainda possam ser tomadas já chegarão tarde de mais.