Talvez André Villas-Boas nos tenha habituado mal, com aqueles quatro títulos de rompante em 2010/11. A época em que ganhou tudo.

Talvez essa manifestação de força logo no seu primeiro ano num grande nos deixe hoje à espera de mais coisas fantásticas do ainda jovem treinador.

Isto apesar do que aconteceu no Chelsea e da saída, talvez precoce, do Tottenham, ao serviço do qual tinha afinal conseguido a melhor percentagem de vitórias da história dos Spurs 

Não é difícil gostar do discurso, da postura e da imagem do técnico. No entanto, para sermos justos, os resultados não têm ajudado. As desilusões somam-se uma atrás da outra, e começa a vislumbrar-se que o título russo, cuja expetativa está, para já, sustentada nos oito pontos de vantagem, não chegará para apagar a imagem de mais uma época aquém do esperado.

No último ano, perdeu o campeonato para o CSKA em casa, na penúltima jornada. Neste, já viu fugir os oitavos da Liga dos Campeões, a Taça da Rússia, também no seu estádio, frente ao Arsenal Tula e, agora, a Liga Europa, perante o detentor do troféu, o Sevilha. 

Parece pouco.

O Zenit talvez fosse até aqui a equipa com maiores ambições da competição, mesmo que os principais candidatos estivessem todos mais ou menos nivelados.

Falava-se muito no Wolfsburgo, mas defensivamente mostrava fragilidades. Havia o Sevilha, mas parecia acessível aos homens de Villas-Boas. O Nápoles já dera provas de irregularidade. A Fiorentina é uma equipa interessante, mas na Serie A pisa patamares ainda mais baixos do que os homens de Benítez. Com um plantel milionário com Hulk, Witsel, Garay, Javi García, Rondón, Danny, entre outros, era legítimo esperar a conquista do troféu. Ou, pelo menos, a final.

Com um projecto inicial de dois anos e meio dos quais lhe resta apenas um, um título apenas, e ainda a confirmar-se, é curto. 

O seu antecessor, Luciano Spaletti, teve uma presença nos oitavos da Liga dos Campeões, dois campeonatos, uma taça e uma supertaça.

Villas-Boas está a perder para o italiano. E já não tem muito tempo para corrigir a tendência.

LUÍS MATEUS é subdiretor do Maisfutebol e pode segui-lo no TWITTER. Além do espaço «Sobe e Desce», é ainda responsável pelas crónicas «Era Capaz de Viver na Bombonera» e «Não crucifiquem mais o Barbosa» e pela rubrica «Anatomia de um Jogo».