No encontro de dois estilos idênticos, patrocinado por um encontro de dois treinadores com escolas também elas idênticas, o Sp. Braga acabou por provar do próprio veneno. A formação bracarense encontrou um adversário aguerrido, muito forte a defender e rápido no contra-ataque que lhe deu água pela barba. Tanta aliás que lhe negou o sonho do Jamor. Mas vamos por partes. Cronológicas, neste caso.
Jesualdo Ferreira renovou toda a frente de ataque relativamente ao último jogo, colocou Cândido Costa na direita, Cesinha na esquerda e estreou Kim Dong no centro. Mais atrás, apenas deixou ficar Vandinho, de resto Sidney e Castanheira tomaram as posições de Madrid e Hugo Leal. Ora com tantas alterações a equipa perdeu obviamente fio de jogo. Neste particular destaque para o avançado coreano.
Kim Dong ainda teve um remate que levou muito perigo à baliza do Desp. Aves, teve também um cabeceamento que obrigou Mota a excelente defesa, mas na maior parte do tempo mostrou claras dificuldades perante a adaptação ao futebol português. Naturais de resto. No meio de todas estas indefinições, portanto, o Sp. Braga passou toda a primeira parte a dominar mas com muitas dificuldades em criar perigo.
A equipa até atacava, principalmente pelo irrequieto Cesinha, mas na verdade só dispôs de dois remates perigosos. Um logo a abrir pelo extremo brasileiro, outro muito depois no tal disparo de Kim Dong de fora da área. Jesualdo Ferreira sentia que tinha de fazer alguma coisa e tratou de lançar Wender. O sacrificado foi Cesinha que já tinha acabado a primeira parte com dificuldades físicas. O brasileiro emprestado pelo Sporting veio trazer mais dinâmica, mas valeu sobretudo a disposição colectiva para finalmente se sentir um pouco mais de Sp. Braga. A equipa olhou para o jogo com mais vontade e criou três ou quatro ocasiões claras de marcar. Sobretudo uma desperdiçada pelo coreano quando estava completamente sozinho frente ao guarda-redes adversário. O jogo estava a aquecer e Jesualdo lançou mais uma acha com a entrada de João Tomás.
O Sp. Braga continuou a criar perigo e criava mais ainda quando o jogo foi para prolongamento. Sentia-se que a coisa podia resolver-se antes das grandes penalidades. Mas eis então que aparece Rui Figueiredo a arrancar uma boa jogada finalizada num remate violentíssimo. Paulo Santos defendeu para a frente, Paulo Jorge ficou preso ao chão e Miguel Pedro fez a recarga para golo. E para a festa da Taça. Parecia. Mas nos últimos quinze minutos o Sp. Braga fez o que se fartara de tentar fazer sem sucesso nos outros 105. Através de Rossato, na marcação de um livre. Foi-se então para as grandes penalidades e aí a sorte sorriu ao Desp. Aves. A sorte ou talento do guarda-redes Mota. Ele que já tinha sido um herói durante o jogo acabou por defender as grandes penalidades de Sidney e Nunes e levou a festa à Vila das Aves.
FICHA DO JOGO (V eliminatória da Taça de Portugal)

Estádio do Clube Desportivo das Aves, na Vila das Aves
Árbitro: António Costa (Setúbal)
Auxiliares: Venâncio Tomé e João Tomatas
Quarto árbitro: Bruno Esteves
DESP. AVES: Mota; Alfredo (Leandro, 79m), William, David Aires e Pedro Geraldo; Filipe Anunciação, Mércio e Rui Figueiredo; Miguel Pedro (Octávio, 109m), Hélder Neto (Hernâni, 69m) e Xano
Suplentes não utilizados: Nuno, Vítor, Grosso e Binho
Treinador: Prof. Neca

SP. BRAGA: Paulo Santos; Luís Filipe, Nunes, Paulo Jorge e Rossato; Sidney, Vandinho e Castanheira (Davide, 91m); Cândido Costa (João Tomás, 66m), Kim e Cesinha (Wender, 46m)
Suplentes não utilizados: Marco, Nem, Madrid e João Cardoso
Treinador: Jesualdo Ferreira

Ao intervalo: 0-0
Marcadores: Miguel Pedro (99m), Roosato (107m)
Disciplina: cartão amarelo a Sindey (28m), Cândido Costa (34m), Rui Figueiredo (35m), Kim (59m), Luís Filipe (65m), Mércio (76m), Miguel Pedro (85m), Davide (95m) e William (118m)
Resultado final: 1-1 (5-3, após penalties)