Quando José Mota regressou ao Desp. Aves, no final de janeiro último, encontrou-o em condição semelhante à equipa que tinha assumido na época transata: ávido de pontos e vitórias. Outrora, com ambições de subida. Hoje, com objetivo diferente. Nunca conseguido nas três presenças anteriores do clube no principal escalão: a manutenção.

O treinador de 54 anos, recorde-se, foi quem findou a época no emblema avense em 2016/17. Rendeu Ivo Vieira e festejou a subida rumo à quarta presença do clube na Liga. Não ficou, mas regressou meses após Ricardo Soares e Lito Vidigal terem sido os homens do leme, já esta temporada.

À partida para a 20.ª jornada, com 14 pontos e no antepenúltimo lugar, José Mota arrancou com uma derrota em Braga que atirou os avenses para o último lugar. Porém, nas cinco jornadas seguintes, foi sempre a subir. E a quebrar recordes para o emblema de Santo Tirso, com os triunfos ante Boavista, Belenenses e Portimonense, pelo meio com empates ante Marítimo e Rio Ave.

Ora, com a vitória da última noite, ante o Portimonense, o Desp. Aves alcançou a melhor pontuação da sua história na Liga. Entrara em campo com 22 pontos, precisamente os alcançados em 1985/86, 2000/01 e 2006/07, as outras épocas em que estivera na elite. Já leva 25 e tem nove jornadas pela frente para contrariar a história que nunca colocou o clube por duas temporadas consecutivas no escalão maior.

Contudo, o alinhamento das competições muda e a presente análise contempla a pureza dos números a cada contexto. É que, em 1985/86, na estreia na Liga (então 1.ª Divisão), a vitória valia só dois pontos e o campeonato era a 16 equipas, num total de 30 jornadas. Em 2000/01, já com a vitória a valer os atuais três pontos, eram 34 as rondas (as mesmas de agora). Em 2006/07, voltavam a ser 30 os jogos. Em comum, as três épocas tinham o Professor Neca como treinador, apenas rendido por Carlos Carvalhal a meio do percurso de 2000/01.

Diga-se ainda que, na época 1985/86, os avenses disputaram uma liguilha com Varzim, Águeda e União da Madeira, mas não evitaram a primeira de três despromoções à II Liga.

Melhor média, melhor série sem derrotas

A pontuação atual, nunca antes conseguida, encontra, para já, a melhor média de pontos na Liga face às três anteriores participações: um por jogo, com os atuais 25 conseguidos no mesmo número de jornadas [ver abaixo].

A confirmar o bom momento, o Desp. Aves vai na melhor série de sempre sem derrotas na Liga. Atingiu a marca inédita de quatro jornadas sem perder com o empate em Vila do Conde e aumentou-a para cinco, com o triunfo caseiro ante a equipa de Vítor Oliveira, na última noite.

Uma época em que os avenses também já registam a melhor campanha de sempre na Taça de Portugal – chegada às meias-finais – e levam vantagem para o Campo da Mata, onde defenderão a vantagem tangencial de 1-0 perante o Caldas, para tentar chegar ao Jamor pela primeira vez.

Desp. Aves procura primeira presença no Jamor. Leva vantagem sobre o Caldas

Desp. Aves no principal escalão:
1985/86: 22 pontos, 30 jornadas (7V, 8E, 15D)*
2000/01: 22 pontos, 34 jornadas (4V, 10E, 20D)
2006/07: 22 pontos, 30 jornadas (5V, 7E, 18D)
2017/18: 25 pontos, 25 jornadas (6V, 7E, 12D)**

Média de pontos:
1985/86: 0,73 pontos*
2000/01: 0,64 pontos
2006/07: 0,73 pontos
2017/18: 1 ponto**

*Vitória valia dois pontos
**Época em curso