O Euro 2016 tem sido uma competição rica na afirmação de novas potências competitivas (vejam-se os exemplos de Gales ou Islândia) e, naturalmente, também de jogadores, quer sejam mais experientes ou ainda imberbes. Craques de nomeada como Gareth Bale, Pepe, Toni Kroos, Dimitri Payet ou Antoine Griezmann têm feito as delícias dos adeptos de futebol por toda a Europa, mas não são os únicos destaques até aqui num Europeu amado por uns e criticado (pelo formato) por outros.

Sobretudo nas seleções «surpresa», apareceram vários nomes a ter em conta num mercado que abriu na passada sexta-feira já com grande agitação. Por entre jogadores livres, estrelas de divisões secundárias e jogadores de ligas fora do top-5 europeu, encontramos uma lista de revelações considerável. O Maisfutebol passa então a apresentar-lhe um «onze» constituído por boas oportunidades de mercado e acrescenta-lhe ainda mais dúzia e meia de nomes que podem vir a somar uma transferência para campeonatos mais competitivos durante as próximas semanas:

Michael McGovern (Irlanda do Norte/sem clube)

Aos 31 anos, foi um dos grandes destaques na notável campanha da sólida Irlanda do Norte. Formado no Celtic e tendo atuado no modesto Hamilton Academical nas últimas temporadas, este guarda-redes ágil e de reflexos rápidos foi já associado aos históricos Southampton e Glasgow Rangers, além de ter sido falado para vários clubes do Championship. O empresário diz ter recebido muitos telefonemas a perguntar por McGovern na sequência da exibição brutal deste frente à Alemanha.

Chris Gunter (Gales/Reading)

Transferido do histórico Nottingham Forest para o Reading no verão de 2012, este lateral-direito de 26 anos tem sido um dos titulares de Chris Coleman na estonteante campanha que a turma galesa tem vindo a rubricar em território francês. Apesar de não ser um lateral muito perspicaz a fechar os espaços, sobe bem no terreno, dando largura e profundidade e oferecendo bons apoios ofensivos. Efetuou mais de meia centena de jogos na última temporada, cotando-se como uma mais-valia clara para o seu clube. Porém, especula-se que possam chegar propostas da Premier League dentro em breve…

Ragnar Sigurdsson (Islândia/Krasnodar)

Com experiência em emblemas respeitados na Escandinávia como o Copenhaga ou Gotemburgo, chegou aos russos do Krasnodar em 2014, por 4,25 milhões de euros, tendo ganho um lugar no «onze» logo à partida. Sobressaiu neste Europeu como o líder da robusta e bem arrumada defensiva islandesa. Sólido em termos posicionais, quase imbatível pelo ar e forte na interceção e desarme, mostrou-se ainda perigoso no aproveitamento de jogadas de bola parada ofensiva (nos tão afamados lançamentos de linha lateral, por exemplo…). Na sequência de uma prova tão conseguida, o valor de mercado já terá ultrapassado os 6 milhões de euros da última avaliação (números do Transfermarkt). O «The Guardian» já mencionou que Leicester City e Tottenham ficaram de olho nele depois da performance impressionante frente à Inglaterra…

Michal Pazdan (Polónia/Legia Varsóvia)

Outra das grandes revelações deste Euro 2016, apesar de contar já com 28 anos de idade. Central ou médio-defensivo robusto e duro de rins, rubricou exibições épicas em França: sentido posicional notável, boa leitura de jogo, eficácia no passe, capacidade de antecipação, desarme consistente e muitas interceções ao longo de um jogo. Quem o tiver visto nos cinco jogos que disputou pela seleção neste Europeu, terá ficado com a impressão de que se trata de um grande defesa-central. Quem, por outro lado, já o viu jogar na liga polaca e noutros contextos, pôde constatar que apesar de manter algumas das qualidades também consegue ser um jogador propenso ao erro e com algumas falhas de concentração. Um dos exemplos de jogador que aproveitou esta montra para se exibir com grande eloquência, provando ter nível para ingressar numa equipa média de uma grande liga.

Tamás Kádár (Hungria/Lech Poznan)

Um dos bons destaques da surpreendente Hungria. Lateral-esquerdo que também pode atuar como central ou médio-defensivo, já passou por Inglaterra (Newcastle e Huddersfield Town), porém sem grande sucesso. Forte no desarme e com bom sentido posicional, revelou solidez em grande parte das exibições efetuadas neste Campeonato da Europa. Avaliado pelo Transfermarkt em 750 mil euros, poderá ser uma oportunidade de negócio para clubes de ligas da «classe média-alta» do futebol europeu.

Jeff Hendrick (Irlanda/Derby County)

Médio-centro completo e com grande disponibilidade física e tática, foi provavelmente o destaque mais evidente do magnífico percurso da Irlanda de Martin O´Neill. Referência do Derby County (Championship inglês), despertou o interesse de inúmeros clubes neste Europeu, em particular da Premiership. Defensivamente, mostrou-se um jogador equilibrado e forte no desarme, revelando ainda uma capacidade acima da média (irlandesa, entenda-se) para sair a jogar, dispondo ainda de uma meia-distância perigosa. Não deve ficar em Derby durante muito mais tempo, por certo…

Ádám Nagy (Hungria/Ferencváros): Um dos nomes mais badalados do Euro 2016 em terras portuguesas, por culpa do forte interesse do Benfica na contratação deste médio de 21 anos e também pela descoberta de um passado que poucos conheciam na segunda divisão distrital de Santarém. Taticamente sólido, dinâmico, arguto no capítulo do passe e em termos posicionais e com boa visão de jogo, demonstrou ser um jogador-chave na engrenagem da formação húngara. Nagy não engana e a saída da pouco competitiva liga da Hungria estará para breve…

Balázs Dzsudzsák (Hungria/Bursaspor): Ala/extremo-direito canhoto, pode também jogar no lado oposto, revelando bastante perícia e uma apetência para atirar à baliza contrária. Aos 29 anos, pode muito bem ter dado um passo importante para ingressar numa grande liga (o presidente do Bursaspor já assumiu o interesse de muitos clubes na sequência das exibições em solo francês). Autor de dois golos em quatro jogos (ambos de meia-distância frente a Portugal), possui uma notável qualidade técnica, explorando diagonais vezes sem conta quando parte da direita e imprimindo velocidade nas ações ofensivas nas quais participa. Um dos destaques desta prova, sobretudo na primeira fase.

Ondrej Duda (Eslováquia/Legia Varsóvia

Apesar de ter somado apenas 154 minutos ao longo do Europeu (dividido por três jogos), foi uma das boas revelações da fase de grupos. Médio-ofensivo de origem, foi utilizado como «falso 9» por Jan Kozák, aproveitando a experiência como segundo avançado. Franzino, mas com técnica e rapidez de execução, possui uma boa visão de jogo e capacidade de penetrar com facilidade em zonas de finalização. Associado fortemente à Fiorentina e a clubes da Premier League (Arsenal, Manchester United ou West Ham) recentemente, pode estar perto de dar o salto…

Bartosz Kapustka (Polónia/Cracovia)

Uma das melhores «surpresas» do Europeu superlativo da equipa polaca, tendo inclusivamente sido para muitos a grande figura da primeira partida, frente à Irlanda do Norte (vitória por uma bola a zero). Médio-ofensivo destro, pode atuar a toda a largura da zona ofensiva do meio-campo, embora costume partir, preferencialmente, da esquerda. Atrevido, com boa técnica de drible, elegante na condução de bola e com notável visão de jogo, caiu nas graças do selecionador Adam Nawalka e agora estará certamente mais perto de uma transferência para um clube sólido de uma liga do top-6. Merece.

Hal Robson-Kanu (Gales/sem clube)

«Deixar que o contrato com o Reading terminasse foi uma das melhores decisões da minha vida». As palavras são de Hal Robson-Kanu, galês nascido em Londres, uma das boas novas da seleção orientada por Chris Coleman e pelo qual têm «chovido propostas» nos últimos dias. Aos 27 anos, parece estar prestes a viver uma segunda vida, futebolisticamente falando. Potente, robusto, forte no corpo-a-corpo e com mobilidade, marcou um dos golos do Euro, à Bélgica, num movimento extraordinário que aqueles que o conhecem há anos não esperavam ver. A seguir a esta prova, espera-lhe um novo clube, quem sabe numa das principais ligas europeias (com os clubes da Premier naturalmente à cabeça…).

Outros destaques, de Kozáčik a Pjaca passando pelo «chefe» Gunnarsson

Além dos onze nomes referenciados, outros jogadores conseguiram também destacar-se de tal forma ao longo do Campeonato da Europa que poderão ter despertado a atenção dos «tubarões» (e não só!) do futebol europeu. Começando pela baliza, o eslovaco Matúš Kozáčik e o austríaco Robert Almer revelaram credenciais entre os postes, mostrando que, apesar de serem trintões, poderão ser boas segundas opções para clubes médios e pequenos das ligas alemã ou inglesa.

Em termos defensivos, o húngaro Ádám Lang (que destacámos antes do Europeu), o sueco Eric Johannsson ou o experiente central croata Vedran Ćorluka revelaram segurança e eficácia defensiva, podendo ser nomes a apontar a clubes interessados em garantir opções credíveis de baixo custo.

A nível de meio-campo, há que destacar o «chefe da tribo islandesa», Aron Gunnarsson, autor de um Europeu irrepreensível do ponto de vista do equilíbrio tático e defensivo da equipa. O ala Birkir Bjarnason, jogador do Basileia e com experiência no futebol italiano, assim como Johánn Gudmundsson também poderão ser nomes a aproveitar. O irlandês Brady e o norte-irlandês Dallas mostraram que são dois alas esquerdos interessantes, de vocação ofensiva e poderão ter garantido o acesso à Premier neste Europeu. O turco Ozan Tufan, o albanês Memushaj e o polaco Maczynski revelaram rigor tático, consistência no passe e disponibilidade física e são nomes certamente apontados nos cadernos de dezenas de «scouts» europeus.

Em termos ofensivos, o médio de ataque croata Marko Pjaca parece ser algo caro para muitas das bolsas europeias, mas estará perto de assinar por um emblema destacado de uma grande liga, podendo continuar a exibir todas a sua qualidade técnica, de passe e remate num panorama mais competitivo. Os avançados Bödvarsson (Islândia), Sadiku (Albânia) e Conor Washington (Irlanda do Norte) deixaram detalhes muito interessantes e podem ambicionar a uma subida de nível na sequência da campanha rubricada em França.