A FIGURA: Luka Modric

Depois de Gareth Bale, na véspera, este domingo foi o dia de Luka Modric dar o exemplo. Um líder também é isto. Num Europeu que começou com o apagão de Pogba e Griezmann, as duas principais figuras da seleção francesa, não deixa de ser um bom sinal ver outros líderes assumirem-se.

Este domingo foi o dia de Modric, a liderar uma Croácia francamente superior à Turquia. Com o adversário manietado era hora de fazer a diferença na frente e o médio do Real Madrid conseguiu-o, não só, mas sobretudo, com o pontapé de ressaca que definiu a história do jogo.

Um golo que não é fácil. O mais provável era enviar a bola para a bancada ou acertar num rival. Mas Modric foi perfeito. Pegou bem, direcionou ainda melhor, com a felicidade, que também conta, de a bola bater no solo antes do guarda-redes turco a intercetar, dificultando a missão. Tanto, que se tornou impossível.

Naquele que é, por ventura, o mais equilibrado dos grupos do Europeu, a Croácia entrou com pé direito. Vem aí, agora, a República Checa, com o objetivo de selar o apuramento antes da ronda final com a Espanha.

E, mais uma vez, à espera que Modric assuma a batuta.

O MOMENTO: valeu a pena esperar Schweinsteiger!

Depois de uma época difícil, Schweinsteiger começa bem o Euro

Alemanha-Ucrânia, segundo minuto de descontos. Bastian Schweinsteiger tinha entrado ao minuto 90 para o lugar de Mario Gotze. Parecia o culminar de uma longa caminhada. Recorde-se que o médio do Manchester United sofreu uma grave lesão que lhe roubou metade da temporada e quase o deixava de fora do Euro. Joachim Low prometeu esperar até ao limite do possível e cumpriu. A entrada para jogar os descontos já era um prémio pelo esforço, mas Schweinsteiger fez mais: marcou o segundo.

Foi uma jogada de contra-ataque muito bem desenhada pelos alemães, com Ozil, na esquerda, a assistir na perfeição o compatriota que, solto ao segundo poste, coroou a estreia neste Euro com o golo. Longe ficou a amargura da lesão que muitos viam como, invariavelmente, castradora.

O golo de Schweinsteiger, no melhor jogo do Euro até ao momento, permitiu também a primeira vitória «folgada» do torneio. Até ali, todos os triunfos chegaram pela margem mínima.

Curiosamente, a Alemanha já tinha feito o mesmo no Mundial 2010, que também começara muito cauteloso até os germânicos golearem a Austrália por 4-0.

A REVELAÇÃO: Bartosz Kapustka

Aos 19 anos, Kapustka mostrou-se a bom nível na Polónia

Chegou ao Europeu com apenas sete internacionalizações pela principal equipa da Polónia. Não espanta, tendo em conta que falamos de um avançado de apenas 19 anos. Para o adepto comum, não passaria de um simples desconhecido.

Por isso, no final do jogo com a Irlanda do Norte (ou até durante), não será de estranhar que os dados dos motores de pesquisa indiquem a incidência de duas palavras: Bartosz Kapustka.

E o leitor do Maisfutebol, se tem estado atento, pode sempre jogar o trunfo do: Eu já sabia. O aviso tinha chegado no «Euro 2016 Network», pelo jornalista Tomasz Wlodarczyk do jornal Przeglad Sportowy. Questionado sobre que jogador poderia surpreender, respondeu assim.

«Bartosz Kapustka. Tem muito talento. Teve uma estreia que impressionou, marcando a Gibraltar, e depois deu mais provas nos jogos seguintes. Esteve bem contra a Finlândia jogando no meio campo, com missões ofensivas e defensivas. Mostrou grande coração e caráter. Nawalka ficou deliciado com aquela atuação e até pensa no jovem de Cracóvia como opção para a equipa titular. Tem conseguido um desenvolvimento rápido e já é um alvo de grandes equipas.»

Ou até ainda mais cedo, neste artigo de Nuno Travassos de janeiro deste ano.

Como nota final, lembramos que jogava no Cracóvia, da Liga polaca. Escrevemos «jogava»? Interprete como quiser: um erro ou uma previsão pós-Euro…

A DESILUSÃO: Arda Turan

Arda Turan acabou o jogo a pedir desculpa

Quem esquece a imagem de David Luiz em lágrimas, depois dos 7-1 da Alemanha no último Mundial, a pedir desculpa ao Brasil pelo que acabara de acontecer? Naturalmente com muito menos pranto, Arda Turan também pediu perdão publicamente a todo o país pelo que aconteceu no relvado.

«Hoje não joguei bem, mas os meus companheiros lutaram. Peço desculpa ao povo turco», afirmou.

Não há como não concordar com o ponto de partida da declaração. Se em Modric caiu como uma luva o papel de líder da Croácia, do outro lado Turan foi pouco mais do que figura de corpo presente. O mais credenciado dos jogadores turcos passou ao lado do jogo, impotente. A Turquia foi pobre e vai ter de melhorar muito para sonhar com o apuramento.

E ter mais Turan já ajudava…

A frase do dia

«Por vezes quase fomos esmagados pelo poderio físico do adversário» Michael O’Neill, selecionador da Irlanda do Norte

A estreia da Irlanda do Norte no Europeu esteve longe de dar seguimento à epopeia que foi o apuramento, onde a seleção do Reino Unido venceu o grupo. Frente à Polónia, o mais letal dos ataques da qualificação, os norte-irlandeses praticamente limitaram-se a defender.

Apenas dois remates e um canto conquistado, são números que ajudam a explicar o que (não) foi a Irlanda do Norte no jogo. Por isso, o 1-0 final até acabou por ser um mal menor. O próprio selecionador admitiu: o que aconteceu em Nice foi quase um esmagamento. Sem aquela parte de meter muitos golos na baliza adversária…

«Foi um jogo difícil, a Polónia esteve excelente. Tenho de dar mérito aos jogadores por terem discutido o jogo até final, por vezes quase fomos esmagados pelo poderio físico do adversário. Tentámos lutar por algo, mas não conseguimos criar grandes oportunidades. Para ser honesto, ganhou a melhor equipa», disse Michael O'Neill no final.