DESTINO: 80¿s é uma nova rubrica do jornal Maisfutebol. De 15 em 15 dias iremos recuperar personagens e memórias dessa década marcante para o nosso futebol. Viagens carregadas de nostalgia e saudosismo, sempre com bom humor e imagens inesquecíveis. De duas em duas semanas, DESTINO: 80¿s.

MAGDI ABDEL-GHANI, BEIRA-MAR, de 1988 a 1992

Golpe de teatro no Stadio La Favorita, Palermo. A Holanda de Van Basten, Gullit, Rijkaard, poderosa campeã europeia, entra a tremer no Mundial-90. Empate 1-1 contra o Egito. Wim Kieft marca de cabeça, os africanos reagem com um golo de Magdi Abdel-Ghani.

«Ainda sou o único jogador do Beira-Mar com um golo num Campeonato do Mundo», lembra ao Maisfutebol o faraó de Aveiro. «O Van Breukelen esticou-se, esticou-se, mas eu não falhava penalties. Era muito calmo e colocava bem os pontapés».

O Egito empataria ainda com a Rep. Irlanda (0-0) e perdeu só contra a Inglaterra (1-0). «Essa prova foi o momento mais importante da minha carreira, mas foi ao serviço do Beira-Mar que fiz os melhores jogos e os melhores golos».

Abdel-Ghani refere-se, especialmente, a dois momentos. «Marquei um grande golo no Estádio do Bessa e vencemos por 1-2 [25/03/90]. Fiz aí uma das minhas melhores exibições. Mesmo assim, o golo que mais feliz me deixou foi outro».

Vamos a isso. Que golo foi esse? «Em Portimão, no primeiro jogo do campeonato, estávamos a perder 2-1. No último minuto fiz o empate na marcação de um livre direto. Foi lindo, lindo. Os meus colegas vieram do Algarve a Aveiro a cantar Magdi, Magdi, Alá, Alá! Que saudades».

À distância, a velha glória egípcia, de 53 anos, ainda segue o seu Beira-Mar. «Às vezes vejo os resumos, outras vezes só leio as notícias. Seja como for, terei sempre dois clubes no coração: o Al-Ahly e o Beira-Mar».

«Quero que o futebol no Egito seja um lugar melhor»

A situação política no Egito continua instável e preocupante. Magd Abdel-Ghani afasta-se das questiúnculas que envolvem os poderes presidenciais no país e lamenta apenas que as pessoas não possam viver em paz.

«Isto tem de melhorar. As ruas são um local perigoso à noite», sublinha, voz triste, a antiga estrela do Beira-Mar.

«Lembra-se da tragédia em fevereiro, no jogo entre o Al-Masry e o Al-Ahly? Morreram 73 pessoas. Aquilo não foi futebol, foi política. Um dia negro para o país e para mim».

Magdi Abdel-Ghani está empenhado em tornar o futebol egípcio «num lugar melhor». Nas margens do Rio Nilo, sempre com a imagem da Ria de Aveiro na cabeça.

Números de Abdel-Ghani no campeonato nacional:

1988/89: 36 jogos, 8 golos (15º lugar)

1989/90: 25 jogos, 2 golos (11º lugar)

1990/91: 33 jogos, 6 golos (6º lugar)

1991/92: 13 jogos, 0 golos (8º lugar)