DESTINOS é uma rubrica do Maisfutebol: recupera personagens e memórias dessa década marcante do futebol. Viagens carregadas de nostalgia e saudosismo, sempre com bom humor e imagens inesquecíveis. DESTINOS.

RICARDO GOMES: Benfica (1988 a 1991 e 1995/96)

ALOÍSIO: FC Porto (1990 a 2001)

Em semana de Benfica-FC Porto, nada melhor do que respirar fundo e convidar dois cavalheiros para a mesa de conversa. Sem ponta de exagero, dois dos melhores defesas centrais que passaram pelo nosso país e pelos dois finalistas da Taça de Portugal.

Ricardo Gomes e Aloísio Alves, prezados cinquentões, ainda e sempre dois exemplos de educação e simpatia. O primeiro vestiu a camisola das águias durante quatro anos, venceu a Taça de Portugal em 1996 – numa final do Jamor tristemente celebrizada pelo ‘caso do very light’ -, foi duas vezes campeão nacional pelo Benfica e defrontou o FC Porto em nove ocasiões.

Aloísio esteve 11 anos no Estádio das Antas, ganhou cinco Taças de Portugal, foi sete vezes campeão nacional e jogou 33 vezes o clássico frente ao Benfica. Poucos, como eles, sabem tão bem o significado da rivalidade entre dragões e águias, entre portistas e benfiquistas.

Ricardo, 55 anos, e Aloísio, 56, não se viam há vários anos. Conheceram-se em 1988 na seleção do Brasil, fizeram dupla de ‘zagueiros’ em cinco jogos consecutivos, foram adversários em Portugal e ficaram amigos para a vida.

Aloísio vive em Porto Alegre e tem uma empresa de representação de futebolistas. Ricardo está no Rio de Janeiro e aguarda um novo desafio, depois de sair do Bordéus em março de 2019.

Não há Benfica-FC Porto com mais classe do que este. Ricardo Gomes e Aloísio Alves, convidados especialíssimos no DESTINOS do Maisfutebol. Pode confirmar o elogio também nos vídeos associados.

Ricardo e Aloísio mataram saudades a convite do Maisfutebol 

Maisfutebol – Caro Ricardo, vamos falando um pouco enquanto o Aloísio não chega?
Ricardo Gomes – Claro que sim, vamos a isso. Já não vejo o Aloísio há muitos anos, vai ser ótimo. Tenho saudades de Portugal, muitas. Boa terra, boa terra.

MF – Sabe quem jogou ao lado do Aloísio nos primeiros jogos dele pela seleção do Brasil?
RG – Fui eu (risos). Julho de 1988, num torneio realizado na Austrália. Nessa altura eu saí para o Benfica e o Aloísio para o Barcelona.

MF – O Ricardo manteve-se até 1994, mas o Aloísio não teve continuidade na seleção.
RG – É verdade, infelizmente ele não continuou, nem sei porquê. Havia muitos zagueiros de qualidade. Só em Portugal, e sem pensar muito: eu, ele, o Aldair, o Ricardo Rocha, o Geraldão, o Mozer, o Celso… o Mozer foi um dos melhores que eu vi jogar. Ele está cá no Brasil. Esteve três anos no Flamengo e saiu do clube no final de 2018.

MF – O Mozer já não se cruzou com o Jorge Jesus?
RG – Não, ele trabalhou com o presidente Eduardo Bandeira, na direção anterior.

MF – O Ricardo também não saiu há muito tempo do Bordéus.
RG – Estive lá até março de 2019. O meu substituto foi o Paulo Sousa, técnico português.

MF – Por falar em substituto. Algum dos seus filhos é futebolista?
RG – Não, não (risos). Eu tenho um filho, o Diego, que até nasceu em Portugal. Tem agora 33 anos. E tenho uma filha com 29 anos. O Diego jogou muitos anos futebol, mas deixou e é advogado.

MF – O Ricardo e o Aloísio defrontaram-se sete vezes. E não podia haver mais equilíbrio: três vitórias para cada lado e um empate.
RG – Que legal! Os primeiros foram no Brasil ainda, creio que em 1986. O Aloísio pelo Internacional e eu pelo Fluminense. São ótimas recordações.

MF – Além disso, o Ricardo e o Aloísio eram conhecidos por serem verdadeiros cavalheiros, apesar de jogarem no centro da defesa.
RG – Verdade, verdade. Temos de jogar à bola, mesmo lá atrás. Bater nos outros não vale a pena, é uma perda de tempo.

MF – Voltemos a 1988. Ainda se lembra do processo que o levou para o Benfica?
RG – Lembro-me de tudo. Quem já tinha assinado pelo Benfica era o Valdo. Estávamos na seleção, na Austrália, e o Valdo entrou no meu quarto. ‘Ricardo, há um empresário que quer falar consigo sobre o Benfica’. Era o saudoso Manuel Barbosa. Foi ele que fez o negócio todo entre o Fluminense e o Benfica.

MF – Que Benfica encontrou ao chegar a Portugal em 88?
RG – Era o maior (risos), era o maior mesmo. Tinha acabado de disputar uma final europeia [PSV] e disputei a final da Taça dos Campeões Europeus no meu segundo ano [Milan]. Nesse período os clubes portugueses tinham qualidade para chegar às finais das taças europeias. O futebol respeitava os melhores, agora vivemos a era dos milionários. O dinheiro chega das Arábias e isso desequilibra muito as coisas. Só quando chegar um sheik ou um emir a Portugal é que as coisas podem ser reequilibradas com os clubes de Inglaterra, Espanha ou Alemanha. Em 87, antes do Benfica, o FC Porto tinha sido campeão da Europa. O mundo mudou.

MF – O Ricardo é treinador desde 1996. Nunca teve convites para trabalhar em Portugal?
RG – Eu fui contratado pelo Benfica em 1988 porque me destaquei no meu país. As coisas são assim. Não posso ser contratado pelo meu passado como jogador, mas sim pelo meu passado como treinador. Eu trabalhei vários anos em França [PSG, Mónaco e Bordéus], mas sempre em projetos que não tinham uma vertente financeira forte.

MF – Como está a situação genérica do futebol brasileiro? Há poder, há investimento?
RG – Não, não, só em casos raros. Há o Flamengo, como vocês sabem, depois de três anos a recuperar financeiramente. As direções limparam o clube e o Fla voltou a ter muita força. Tem um orçamento ao nível de um grande europeu. E há ainda o Palmeiras, que tem um patrocinador gigante. Os outros têm todos muita dificuldade. Outro problema é que os jogadores saem cada vez mais cedo do Brasil. Eu saí com 23 anos para o Benfica, agora há meninos a sair para a Europa com 17/18 anos. Devíamos cuidar melhor da nossa formação.

MF – Agora está por aí o Jesualdo Ferreira, no Santos.
RG – Já falei com ele. O Jesualdo era o adjunto do Toni numa fase minha no Benfica. Grande treinador, muito querido no Santos. A escola portuguesa de treinadores tem muita qualidade. Temos de tirar o chapéu, há muita gente por todo o mundo cheia de excelente nível.

MF – Entretanto, está aí o Aloísio. Já chegou. Olá Aloísio, tudo bem por aí em Porto Alegre?Aloísio Alves – Olá, olá. Tudo bem. Grande Ricardo, como você está?

RG – Grande Aloísio! Cabelo branco, rapaz?

AA – Cabelo branco, barba branca (risos).

RG – Olha, eu perdi os meus. Você adora o Porto, não é? Porto, Porto Alegre…

AA – É isso, estou aqui no frio, no sul do Brasil.

MF – Meus caros, nós gostávamos de mostrar estas imagens para vocês. Vejam, por favor, e digam-nos o que acham disto.

VÍDEO: o único jogo da Taça de Portugal que teve Aloísio e Ricardo Gomes. 2-1 para o FC Porto a 17 de abril de 1991 (imagens RTP)

RG – Esse jogo deu 2-2, certo?

MF – 2-1 para o FC Porto.
AA – Isso é nas Antas, não é?

RG – Em que ano é isso? 1991? Ah, então é a final da taça. Não, meia-final da taça [quartos-de-final, na verdade].

AA – A final em 91 foi FC Porto-Beira Mar, 3-1 para nós.

MF – Este é o único clássico Porto-Benfica para a Taça de Portugal com o Ricardo e o Aloísio. Tinham alguma memória disto?
RG – Sim, claro. Dez dias depois fomos às Antas disputar o campeonato e o resultado foi diferente. Tem imagens disso, não tem? (risos)

AA – O César Brito marcou-nos dois golos nesse (risos). Mas esse jogo da taça que estamos a ver é na minha primeira temporada no FC Porto. Tinha chegado há pouco e já fazia jogos dessa dimensão. E o Benfica tinha uma grande equipa nesse ano.

MF – Voltando um pouco atrás, Aloísio. Falávamos com o Ricardo sobre a dupla de centrais que vocês fizeram na seleção do Brasil em 1988. Lembra-se disso?
AA – Claro que sim. Foi uma fase inesquecível da minha carreira. Estava na seleção do Brasil, com o treinador Carlos Alberto Silva que mais tarde me viria a treinar no FC Porto, e tive a grande honra de fazer dupla com esse monstro que está aí. Eu comecei a jogar nas seleções do Brasil com 16 anos, mas só tive o prazer de jogar ao lado do Ricardo nesse período em 1988.

MF – O Aloísio depois não teve continuidade na seleção do Brasil. Porquê?
AA – Bem, o Brasil tinha um leque de centrais extraordinário. Mozer, Ricardo Gomes, Ricardo Rocha, Aldair, Mauro Galvão, era muito difícil ser convocado. Eram jogadores consagrados. Eu procurei o meu espaço e não tive a felicidade de ir a um Mundial ou a uma Copa América. Sinto-me honrado por ter vestido a camisola do Brasil, mesmo sem Mundiais. E houve outro episódio que me prejudicou. Em 1990, depois do Mundial de Itália, eu estava no Barcelona e o Mozer tinha sido vendido pelo Benfica ao Marselha. O selecionador era o Sebastião Lazaroni. Recebi um email da federação a pedir a minha presença para uns amigáveis na Europa. O Mozer estava a ser vendido e não poderia jogar, à última da hora. Eu conversei com o Johan Cruyff, o meu treinador da época, e disse-lhe que preferia ajudar o Barcelona num jogo que tínhamos. Foi vaidade minha. Nós nunca devemos dizer ‘não’ à seleção, mesmo que fiquemos no banco. O meu ego subiu-me à cabeça e acabei por recusar ajudar o meu país. A partir daí colocaram uma cruzinha no meu nome e eu nunca mais fui convocado.

RG – Agora eu entendi, Aloísio. Boa história! Você estava a construir uma história no Barcelona, podia ter havido maior compreensão por parte da CBF. Você estava no maior clube do mundo.

MF – O Ricardo, pelo contrário, teve uma longa ligação com a seleção. Qual é a sua memória favorita pelo Brasil?
RG – A vitória na Copa América em 1989. Vencemos o Uruguai na final. O Mundial de 1990 não correu bem e no Mundial de 1994 eu fiquei de fora. Havia a história do Maracanazo e nós queríamos vingar-nos da derrota de 1950. Havia esse fantasma com o Uruguai. A véspera da final foi muito intensa.

MF – Aqui em Portugal o Ricardo tem uma vitória na Taça de Portugal, em 1996. Recorda-se bem desse dérbi no Jamor?
RG – Foi o último jogo da minha carreira. Houve duas coisas negativas: o incidente com o adepto do Sporting e a minha expulsão. Não consegui correr atrás do Cadete e tive de atropelá-lo (risos).

MF – Como é que um cavalheiro como o Ricardo acaba a carreira com um cartão vermelho?RG – Já não tinha possibilidades para correr, o joelho chiava bastante (risos).

MF – A atmosfera do Jamor é diferente, como muitos futebolistas dizem?
RG – Sim, sim. É uma festa diferente da festa do campeonato. O estádio tem uma arquitetura bela, é uma festa. Em Portugal perdi uma final lá e ganhei outra.

MF – Vocês souberam logo da gravidade do problema com o adepto do Sporting ou só souberam da morte dele no fim do jogo?
RG – Houve uma conversa ao intervalo entre os jogadores do Benfica e do Sporting. Não havia nenhuma certeza em relação ao falecimento do adepto. Eu acho, se bem me recordo, que o Oceano propôs a interrupção do jogo, mas não tínhamos a certeza do que tinha acontecido.

MF – Aloísio, você ganhou cinco Taças de Portugal. Destaca alguma delas?
AA – A de 1991 foi especial por ter sido o meu primeiro título com o FC Porto, depois de uma Supertaça Cândido de Oliveira. Mas eu escolheria a de 1994 contra o Sporting. Houve final e finalíssima, dois grandes jogos. Vencemos por 2-1. Não escolho esta final por ter marcado o penálti que nos deu o título, mas pela intensidade e qualidade das duas equipas, além do clima que havia sempre no Jamor. É um estádio emblemático, uma festa para os adeptos. Tenho ótimas recordações desse estádio.

MF – O Aloísio jogou 33 vezes contra o Benfica em Portugal. Consegue escolher o seu clássico favorito?
AA – Foram muitos jogos, defrontei grandes jogadores, é um dos maiores clássicos da Europa e do mundo. O clima é espetacular. Mesmo quando não ganhávamos, conseguíamos tirar alguma coisa desses jogos. Aprendi muito com esses adversários fantásticos. Acho que o meu favorito foi uma vitória que tivemos nas Antas por 3-1 contra o Benfica, o Fernando Santos era o nosso treinador [21 de novembro de 1998, nas Antas]. Se houve um jogo perfeito, foi esse. O mister mostrou-nos o vídeo depois e foi uma partida perfeita, tática e tecnicamente.

MF – O Ricardo há pouco falou do jogo em que o César Brito bisou nas Antas. Foi esse o seu melhor clássico contra o FC Porto?
RG – Todos esses jogos têm uma boa história, mas esse jogo deu-nos o título [28 de abril de 1991, 0-2 para as águias]. Foi duplamente importante. Vou copiar o Aloísio: estivemos praticamente perfeitos, ainda por cima dez dias depois de termos perdido também nas Antas para a taça. O FC Porto tinha o Kostadinov e o Domingos no ataque. Tivemos até de mudar o nosso sistema de jogo. Aquilo era praticamente uma final, tínhamos mesmo de vencer. O mestre Eriksson mudou e conseguimos anular o Porto e chegar ao título. Esse foi o melhor Porto-Benfica em que atuei.

MF – Nos anos 90 a atmosfera nas Antas e na Luz eram agressivas. Quão impactante era jogar nesses estádios em dia de clássico?
RG – É difícil comparar com o mundo de hoje, é quase ridículo. Nós chegámos ao balneário das Antas para trocar de roupa e não havia condições mínimas. Tivemos de ficar no corredor. O mundo era diferente, a rivalidade era tanta, havia falsas informações… mas dentro do campo os jogadores respeitavam-se.

MF – Qual foi o avançado do FC Porto que mais impressionou o Ricardo?
RG – Esse ataque que citei era difícil de marcar. Kostadinov e Domingos.

MF – Aloísio, e do lado do Benfica quem lhe dava mais dores de cabeça?
AA – O João Vieira Pinto. Tinha qualidades únicas, posicionava-se muito bem, tecnicamente era um jogador muito evoluído e dava-me muito trabalho. Apesar do seu tamanho, pois era baixo, demonstrava ser muito forte e competitivo. O meu voto vai para o João Vieira Pinto e escolho também o Isaías. Um avançado muito difícil, com técnica e força.

MF – Falámos com o Isaías há uns tempos e ele vive em Cabo Frio.
RG – Isso mesmo.

MF – O FC Porto deverá jogar com o Pepe e Mbemba como centrais. O Aloísio conhece-os bem?
AA – O Pepe conheço bem (risos). Ele treinou no Sporting, deu nas vistas no Marítimo e foi para o FC Porto, onde eu era um dos treinadores. Vi-o a crescer, tem uma carreira brilhante e ainda está aí a dar cartas. Pela experiência, pela qualidade e pelo currículo tem feito muito bem à equipa. O Mbemba vi a jogar algumas vezes. Tem características diferentes, mas tem encaixado bem com o Pepe e dado segurança ao FC Porto.

MF – Se o FC Porto vencer a taça, Pepe passa a ser o jogador mais velho a ganhar esse troféu no clube. Aloísio, sabe quem detém atualmente esse estatuto?
AA – Acho que sou eu (risos). Fico feliz se o Pepe ganhar. Vi-o a crescer no FC Porto, tenho carinho especial pelo Pepe e fiquei muito feliz com o regresso dele. Espero que o FC Porto ganhe a taça e feche a época com chave de ouro.

MF – Ricardo, o menino Rúben Dias deverá fazer dupla com o experiente Jardel. Conhece-os bem?
RG – Sim, conheço bem. Durante algum tempo, o Benfica até atuou com o Rúben e o Ferraz. Ferro, isso, perdão. É importante para o clube aproveitar elementos da formação. No nosso tempo, meu e do Aloísio, a formação não era tão importante. O Benfica tem feito um aproveitamento exemplar das camadas jovens. Sobre o Jardel… bem, eu não o conhecia, fui conhecendo nos últimos anos já no Benfica. Veio dar equilíbrio à parte defensiva do Benfica.

MF – Não pedimos um prognóstico, mas que expetativas tem o Ricardo para o seu Benfica na final da taça, depois de ter falhado no campeonato? É uma questão de honra?
RG – Uma questão de honra, não. Vencer o Porto é sempre bom, numa final mais ainda. Não vale a pena voltar para aquela rivalidade exacerbada e perigosa, por isso não falo em honra.

MF – E o Aloísio, o que espera da final em Coimbra?
AA – 50 por cento de favoritismo para cada lado. São as duas maiores equipas do país. Tem de haver equilíbrio emocional e isso vai contar muito, nos bons e maus momentos. O vencedor sairá muito disso. Que seja um grande jogo de futebol, um grande clássico, na disputa do segundo troféu mais importante do país. O FC Porto está com a moral mais em cima, mas a motivação de ambos estará no máximo.

MF – Estamos perto do fim. Pedimos ao Aloísio uma mensagem para os adeptos do FC Porto e perguntamos se confirma que vai ser o treinador do União Serpense.
AA – Não, não (risos). Saiu uma notícia, houve um convite do senhor presidente do União, mas os meus planos não passam por voltar para Portugal como treinador. Pelo menos até ao fim do ano continuarei com a minha empresa de agenciamento de atletas. No início de 2021, sim, quem sabe se não poderei regressar a Portugal. Já falei ontem [terça-feira] com o presidente e não treinarei o União Serpense. Para os adeptos: aproveitem o jogo, mesmo à distância. Nas suas casas, com as suas famílias. Espero que o FC Porto possa fazer um grande jogo e dar mais uma alegria.

MF – Ricardo, também lhe pedimos uma mensagem para os milhões de benfiquistas que se lembram bem de si.
RG – Desejo que seja um grande jogo, com a vitória do Benfica. E que ela venha com tranquilidade. O FC Porto já salvou a sua temporada, então que deixe chegar a hora do Benfica (risos). É pena não haver público nas bancadas, mas infelizmente tem de ser assim.

MF – Chegámos ao fim. Aloísio e Ricardo, naturalmente podem despedir-se um do outro.
RG – Aloísio, isto foi um prazer inenarrável. Estou a lembrar-me da nossa estadia na Austrália em 1988, ficámos lá 15 dias juntos. Foi marcante na minha vida. Estamos a alguns quilómetros de distância, mas espero ter a oportunidade de me encontrar consigo e falar da nossa vida. Temos de comemorá-la, ainda mais neste período complexo que estamos a viver. Só desejo coisas boas para você, Aloísio. Muitas felicidades para a sua carreira.

AA – Muito obrigado, Ricardo. Temos mesmo de juntar-nos. Agradeço ao Maisfutebol por esta conversa, fazia muitos anos que eu não via o Ricardo. Fico feliz por estar bem, com saúde e de certeza que nos encontraremos por aí.

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