DESTINOS é uma rubrica do Maisfutebol: recupera personagens e memórias das décadas de 80, 90 e 00s, marcantes no nosso futebol. Viagens carregadas de nostalgia e saudosismo, sempre com bom humor e imagens inesquecíveis. DESTINOS.

CLÁUDIO PITBULL: FC Porto (2005); Académica (2007); V. Setúbal (2007/08 e 2010/11; Marítimo (2009/10); Gil Vicente (2013/14)

Sai o Ninja e chega o Pitbull. No Natal de 2004, o FC Porto campeão da Europa troca um guerreiro com o dom da ubiquidade [Derlei] por outro que mordia golos atrás de golos no Grémio de Porto Alegre.

Cláudio assina por cinco anos e meio, mas não resiste a uma época de tormenta e resultados mais do que duvidosos no Dragão. Fica seis meses no plantel principal e parte depois para empréstimos atrás de empréstimos, até ao final do contrato, em junho de 2010.

É em Setúbal, de resto, que Portugal fica a conhecer a melhor versão de Cláudio Mejolaro, o Pitbull. Conquista uma Taça da Liga pelos sadinos, marca 19 golos e alimenta a expetativa de fazer uma pré-época completa com o FC Porto. Pelo menos isso.

Nada feito. Os anos passam, os treinadores mudam e os dragões limitam-se a tratar Pitbull como moeda de troca. Ninguém aposta no avançado furioso, de baixa estatura, de energia inesgotável.

Por falar em apostas, é disso que Cláudio Pitbull faz hoje vida, como conta ao DESTINOS na conversa realizada a partir de Porto Alegre.

CLÁUDIO PITBULL EM PORTUGAL:

2005: FC Porto (6 jogos/0 golos)
2007: Académica (11 jogos/2 golos)
2007/08: V. Setúbal (36 jogos/8 golos)
2009/10: Marítimo (17 jogos/1 golo)
2010/11: V. Setúbal (32 jogos/11 golos)
2011/12: V. Setúbal (16 jogos/0 golos)
2013/14: Gil Vicente (2 jogos/0 golos)

TOTAL: 120 jogos/22 golos
TROFÉUS: Taça da Liga (2008)

Cláudio Pitbull (primeiro à esquerda, em baixo) titular no Inter-FC Porto de 2005

Maisfutebol – Sabemos que o Cláudio voltou ao Brasil. Em que projetos profissionais está envolvido?

Cláudio Pitbull – É um prazer falar para Portugal. Vivo em Porto Alegre e, depois de muitos anos a jogar futebol, estou a trabalhar como consultor de apostas desportivas. Queremos levar o projeto para Portugal e em novembro irei aí com o meu sócio, Danilo Pereira. Estive 16 anos em Portugal e o meu projeto de vida passa por voltar a morar aí também. Só voltei ao Brasil por vontade dos meus pais. Depois surgiu a pandemia, as coisas tremeram, mas felizmente com a vacinação tudo está a voltar devagarinho ao normal.

MF – Como entrou profissionalmente no mundo das apostas desportivas?

CP – Um futebolista raramente se prepara para o momento em que deixa de jogar. Eu não fui exceção. Eu sempre adorei viajar, mas só viajava em trabalho. Hotel, jogo e avião. Depois disso parei para refletir e numa viagem conheci o Danilo, que é uma referência no mundo das apostas. Fiz o curso dele – Aposta de Valor – e comecei a estudar e a aprender mais sobre este mundo. Sobre futebol sei tudo, por isso tentei juntar essa paixão ao gosto pelo cálculo das apostas. Tenho tempo para isso agora e nos últimos dois anos essa tem sido a minha vida profissional. O início não é fácil, mas com as pessoas certas é possível ter sucesso.

MF – Nunca pensou em ser treinador de futebol?

CP – Não, não, não quero. Já recebi até convites para ser treinador-adjunto, até para ser empresário, mas não gosto. Treinador, então, é que nem pensar. Ter de escolher onze jogadores, ter mais sete zangados comigo no banco e mais sete na bancada, não é para mim (risos). Não gosto. Tenho o feeling do jogo, respiro futebol, mas não me meto nisso.

MF – Foi um futebolista fácil para os seus treinadores?

CP – Eu era muito brincalhão (risos). Mas acho que sempre respeitei toda a gente. Poucas discussões tive e acho que me dou bem com todos até hoje. Cumprimento e falo com todos, não me zanguei com ninguém por culpa do futebol. Para ser treinador é preciso ter esse desejo e eu nunca o tive, nunca senti. Queria, sim, abrir uma escolinha de futebol para crianças. No Brasil podemos tirar muita gente do caminho errado se conseguirmos aliar o futebol aos estudos. Tenho isso na cabeça.

MF – Como foi a infância do Cláudio em Porto Alegre?

CP – Os meus pais nasceram em Bento Gonçalves, terra de bom vinho. O meu pai tinha 11 irmãos. Eu nasci num ambiente de liberdade, a jogar futebol de pé descalço. Fui descoberto na rua e aos nove anos já estava nas escolinhas do Grémio.

MF – Na sua família mais alguém tinha ligação ao futebol?

CP – O meu pai nunca jogou nada, nem pedrinhas ao rio. Só um dos meus dois irmãos é que jogava, o mais velho. Podia ter sido um grande jogador, mas era muito preguiçoso e no futebol não é possível ser preguiçoso. Não basta ser bom. Perguntavam ao Mike Tyson porque motivo ele treinava às quatro da manhã e ele respondia assim: ‘Enquanto o inimigo dorme, eu preparo-me para ele’.

MF – O que faziam os seus pais?

CP – O meu pai tinha um mini-mercado, uma mercearia. Teve esse negócio durante 23 anos. Eu prometi aos meus pais que ia ganhar dinheiro no futebol para tirá-los dessa vida dura. Eles não tinham feriados, trabalhavam das seis da manhã às onze da noite. Nunca nos faltou comida, mas também nunca tive luxos. Prometi a mim mesmo que um dia teria de tornar realidade o sonho dos meus pais: uma casa nova e uma reforma tranquila.

MF – Conseguiu cumprir esse sonho deles?

CP – Consegui, consegui sim. Nos meus dois primeiros contratos profissionais no Grémio fui capaz de ajudá-los e no meu terceiro contrato, já no FC Porto, perguntei-lhes o que queriam. Eles disseram que gostariam de viver numa vivenda e então foram comigo para Portugal e vivemos juntos durante 16 anos numa casa linda na cidade do Porto.

MF – O Cláudio chega ao FC Porto, aliás, depois de fazer um grande ano com o Grémio.

CP – Fiz 23 golos em 2004, é verdade. Fui durante muitos anos o melhor goleador do Grémio no Brasileirão, até o Jonas bater essa marca. O grande Jonas, que passou no Benfica. O Grémio, curiosamente, desceu de divisão nesse ano. Eu trocaria todos os meus golos pela manutenção, mas no Brasil vocês já sabem que as coisas oscilam muito e um gigante como o Grémio pode cair.

MF – Ainda foi colega do Ronaldinho Gaúcho no Grémio?

CP – Sim, fomos colegas de equipa ainda durante um ano e meio. Em 2000 perdemos a final do Gaúchão, estávamos ambos nessa equipa. É um tipo fora de série, um dos colegas mais talentosos que tive. Dentro do campo foi o melhor que vi e fora do campo é de uma humildade impressionante, nem parece o jogador que ganhou tudo o que sabemos. Ainda na passada semana estivemos a jogar futevólei e o Ronaldinho é a risota de sempre. É uma amizade com mais de 20 anos.

MF – Falávamos do Ronaldinho para preparar a próxima questão. Além do Ronaldinho, quais foram os colegas mais talentosos que teve no futebol?

CP – O Geovanni, que jogou no Santos e no Barcelona. No FC Porto, minha nossa, foram muitos. O Benni McCarthy era uma máquina, depois o Vítor Baía que foi um dos melhores guarda-redes de sempre, Quaresma, Maniche, Jorge Costa, Costinha, só posso estar grato por ter jogado com eles. E, claro, a mágoa por não ter jogado mais no FC Porto. Nada contra o clube, que sempre me tratou bem e me deu as condições que tenho hoje, mas a verdade é que assinei por cinco anos e meio e só estive seis meses no clube. Nunca me deram a possibilidade de fazer uma pré-temporada.

MF – Nem em 2008, depois de fazer uma grande época no Vitória de Setúbal, foi chamado para os treinos de pré-época. Alguma vez lhe deram uma explicação para isso?

CP – Bem, a única explicação que me deram foi depois do meu empréstimo à Académica [2007]. Eu aí joguei pouco tempo e do FC Porto disseram-me que para poder entrar no plantel eu tinha de jogar muito e bem noutro clube. Aí eu concordei. Mas depois da excelente temporada que eu fiz em Setúbal - quando ganhámos a Taça da Liga, fomos à meia-final da Taça de Portugal e ficámos no quinto lugar do campeonato -, não entendi a minha dispensa. Fica o sabor amargo porque eu tenho a cara do FC Porto. Guerreiro, lutador, podia ter ajudado muito o clube, mas nunca consegui sequer uma pré-época. Um dia vou descobrir os motivos para isso. Se eu tivesse uma oportunidade a sério e corresse mal, eu aceitava e dizia que tinha estado mal, sem render.

Cláudio festeja ao lado de Bruno Ribeiro a Taça da Liga de 2008

MF – Mas no FC Porto só teve os primeiros seis meses de 2005.

CP – Cheguei numa fase de transição do clube. Vinha com 40/50 jogos nas pernas, porque a época no Brasil tinha acabado em dezembro, e cheguei em janeiro. Estávamos a meio da época, já nos oitavos de final da Liga dos Campeões [contra o Inter] e fui entrando em alguns jogos. Mas não tive nenhuma sequência séria. Pensei que esse meio ano fosse de adaptação e que na época seguinte, a treinar desde o início, podia render e explodir com a camisola do Porto. Não quiseram assim. Tenho um respeito enorme pelo FC Porto, pelo presidente Pinto da Costa, que é um dos melhores dirigentes do mundo, mas podia ter rendido mais e jogado mais. Não aconteceu. Porquê? Fica essa questão no ar.

MF – O Cláudio foi escolhido pelo treinador Victor Fernández para ser o sucessor do Derlei. E teve azar, porque o Victor foi demitido no final do seu jogo de estreia.

CP – Isso mesmo. O Victor chamou-me ao gabinete dele e disse que passados dois ou três jogos eu ia começar a jogar regularmente. Ele sempre admirou o meu futebol. Por azar meu, decidiram mandar embora o treinador que me escolheu. A equipa perdeu contra o Sp. Braga em casa e ele não resistiu. Veio o José Couceiro, que muito respeito, e não fui opção dele. Lamento imenso porque passei por vários empréstimos, mostrei o meu futebol em Setúbal e não o pude mostrar no FC Porto.

MF – O José Couceiro ainda o colocou a titular em Milão, para a Liga dos Campeões. Mas não voltou a jogar depois disso.

CP – Foi no jogo da segunda-mão, é verdade. Empatámos em casa [1-1] e fomos lá com ambição. Mas eu estava sem ritmo. Por mais que eu quisesse, não podia dar o mesmo que os outros. Eu precisava de dez jogos a competir regularmente para chegar a Milão e corresponder. Assim não. Fica a mágoa de nunca ter marcado um golo no Dragão e devolver todo o carinho que os adeptos me davam. No final de cada época recebia mensagens das pessoas a dizer ‘agora é a sua vez, agora você vai rebentar’, mas depois diziam-me que eu tinha de ser emprestado. Isso magoou-me muito.

MF – Quais foram os jogadores com quem criou maior amizade no FC Porto?

CP – O Vítor Baía recebeu-me muito bem, tenho um carinho especial pelo Maniche, o Costinha, o Jorge Costa será sempre uma grande referência. Tinha também o Quaresma, um craque. Fiz grandes amizades. Foi um período marcante para mim. Cheguei a uma equipa que tinha ganho a Liga dos Campeões e realizei o sonho de jogar essa prova. Nunca esquecerei o primeiro treino no Olival. Enquanto vesti o manto sagrado eu sei que fiz o que podia ter feito. Não fiz mais porque não me deram essa oportunidade.

MF – Em Portugal destacou-se muito pela capacidade de remate e fez golos muito bonitos. No Brasil já tinha essa característica?

CP – Melhorei essa característica em 2003, no Grémio. Apanhei um treinador que veio falar comigo e disse que eu batia muito bem na bola. Comecei a bater diariamente 30/40 livres por treino e fui melhorando. Batia bem livres diretos, mas também pontapés de canto. Fiz muitas assistências para golo no Vitória de Setúbal. Hoje o futebol é mais científico, mais estudado. E é mais chato. O trabalho é sempre fundamental. Veja-se o exemplo do Cristiano Ronaldo. O Tévez conta sempre esta história, dos tempos em que jogou com ele no United: no primeiro dia ele chegou às 07h30 e o treino era às 08h00, mas o Cristiano já lá estava; no segundo dia ele chegou às 07h00 e o Cristiano já lá estava; no terceiro dia ele apareceu às 06h30 e o Cristiano já lá estava. Ele desistiu. O Cristiano não permitia que alguém chegasse antes dele (risos).

MF – Esta geração mais jovem é diferente. As redes sociais também mudaram o paradigma.

CP – Vejo-os muito preocupados com a imagem, com o que sai nas redes sociais. É verdade. No meu tempo, e um pouco antes, nós não víamos jogadores com o telemóvel no balneário a tirar selfies antes do jogo. Se eu tirasse uma selfie no balneário do FC Porto, à frente do Bicho [Jorge Costa] ou de outro, eles davam cabo de mim. Hoje há menos foco, há mais vícios. No passado era raro ver jogadores com tatuagens ou o cabelo pintado. O mais importante é jogar e muitos não jogam. A imagem está à frente de tudo.

MF – No balneário do FC Porto era impensável acontecer isso?

CP – Impossível. Quando comecei a jogar eu tinha respeito, quase medo, pelos mais velhos. No Grémio tinha jogadores com 15 anos de casa, no FC Porto eu via o Baía e o Jorge Costa e só podia ter respeito por eles. Hoje vamos a clubes e os mais novos parecem os donos daquilo. Não pode ser. Ter talento não chega.

MF – Entrar num balneário que tinha sido campeão da Europa foi intimidante?

CP – Intimidava, claro. Com certeza. Conheci malta que tinha ganhado tudo, que tinha sido campeã da Europa e do Mundo. Mas tenho de ser justo: sempre me trataram bem.

Javier Zanetti contra Pitbull no Inter-FC Porto

MF – É obrigatório perguntar também isto: como nasceu a alcunha ‘Pitbull’?

CP – Foi o treinador António Lopes, figura muito conhecida no Brasil [treinou o Belenenses em 1990], o responsável por isso. Num treino do Grémio, em 2000, ele veio ter comigo e disse que eu era muito ‘brigão’, que detestava perder. ‘Tu pareces um pitbull’. Eu fiquei bravo, vermelho e o pessoal percebeu. Já sabemos como é isto. Se alguém percebe que não gostamos de uma alcunha, ela fica decidida na hora. ‘Esse cara parece um cachorro, vamos chamá-lo de Pitbull’. O Pitbull ficou até hoje.

MF – E o Pitbull é um ídolo em Setúbal. Confirma?

CP – Tenho um carinho enorme pelo clube e pela cidade. O clube está em dificuldades, mas tem muita tradição. Vou levar o Vitória sempre no meu coração. Num restaurante até colocaram o meu nome numa pizza. Tirando o Grémio, o Vitória é o meu clube. Além do FC Porto, claro, que me abriu as portas da Europa. O pessoal de Setúbal é espetacular. O peixinho, o choco frito, fui muito feliz. Quando gostamos do clube e da cidade, somos felizes.

MF – Algum dos seus treinadores em Portugal ficou marcado de forma especial?

CP – O Carlos Carvalhal. Não me esqueço que ele foi à minha vivenda no Porto, falou-me do projeto que tinha para o Vitória e convenceu-me a ir para lá. Disse que confiava muito em mim, que me conhecia do Brasil. Fico feliz por vê-lo tão bem no Sp. Braga, ainda agora lançou um menino de 15 anos. Gostaria também de destacar o Manuel Fernandes e o Bruno Ribeiro, gente de bom coração. Ajudaram-me muito.

MF – Qual foi o melhor jogo do Pitbull em Portugal?

CP – Tive grandes exibições no Vitória, mas destacaria a final da Taça da Liga. Aquela noite no Algarve, com chuva, é inesquecível. Eliminámos o Benfica, o Sp. Braga e derrotámos o Sporting na final. Estava muito vento. Quando eu ia bater o meu penálti a bola até saiu da marca (risos).

MF – Além de Portugal ainda jogou na Arábia Saudita, Roménia e Turquia. Gostou das experiências ou dispensaria, se fosse hoje?

CP – Na Arábia dispensaria, sinceramente. Apareceu de repente, o FC Porto aceitou, mas se fosse hoje não iria. Para a Roménia foi estranho, porque eu vinha de uma grande época em Setúbal, pensei que ia ficar no FC Porto e não fiquei. Sei que o clube recebeu propostas por mim, não me quis vender e no último dia de mercado mandou-me para o Rapid, por conta do negócio com o Sapunaru. Estava lá o José Peseiro, ele ligou-me e aceitei. Envio um grande abraço para ele, tenho enorme carinho pelo Peseiro. Gostei da Turquia, é uma liga boa, mas mais longe do radar das maiores ligas. Gostava de ter experimentado Espanha, Inglaterra e Itália.

MF – O Cláudio conhece melhor do que ninguém o Everton Cebolinha e o Pepê. Vieram ambos do ‘seu’ Grémio. O que nos pode dizer deles?

CP – São dois jogadores rápidos e habilidosos, mas isso de nada adianta se não se adaptarem à cultura de Portugal. Já vi jogadores a chegar a Portugal, de grande qualidade, e a não jogarem; e já vi jogadores que eu pensava que iam falhar e não falharam. Acredito que o Everton vai ser uma mais-valia para o Benfica. Está a melhorar. O Pepê tem tido poucas oportunidades, mas a concorrência do Luis Díaz também é desleal (risos). É dos melhores em Portugal e na América do Sul. Precisam de tempo e de ter uma sequência boa de jogos.

MF – Por aquilo que conhece do Pepê, o FC Porto acertou?

CP – Sim, é um bom jogador. Rápido, com boa finalização e forte no um para um. Tem tudo para triunfar, mas tem de esperar e não pode falhar quando tiver oportunidades. Para estar no Porto tem de ser assim, tem de estar à altura.

MF – Temos de acabar a sorrir. Qual foi a história mais engraçada que viveu no futebol?

CP – Essa é fácil (risos). Aconteceu numa entrevista que dei [à TVI] e em que me pediram para eu dizer a palavra autoclismo. O problema é que eu dizia de uma maneira e o jornalista dizia que era de outra. Foi uma risada valente. Para mim ele estava a dizer algo sobre um ciclista na autoestrada, aquilo foi engraçado. Ficámos ali cinco minutos à volta do autoclismo.

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106. Aílton: «Jogar no Benfica custou-me um divórcio doloroso»

107. Demol: «Sair do FC Porto foi o meu maior erro, passei a beber muito»

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 109. Juskowiak: «O Mourinho era o polícia mau no balneário do Sporting» 

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115. Toni: «'Jogaste com o Rui Costa e andas aqui nas obras? Estás maluco?'»

116. Quevedo: «Em França fui lixeiro e apanhava m...., em Portugal fui campeão»

117: N'Dinga: «Estive mal, saí de Guimarães com a conta bancária a zeros»

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119. Duílio: «O meu filho estava a morrer, prometi-lhe um golo e ele abriu os olhos»

120. Raudnei: «O técnico não me queria, mas o meu agente convenceu o presidente do Porto»

121. Duda: «Sobrevivi a uma queda de sete metros e esmaguei os nervos da cara»

122. Valdo: «O papel dizia Sport, Lisboa e Benfica. 'Ei, três clubes atrás de mim'» 

123. Paulo Assunção: «Fui rezar a Fátima e três meses depois estava no FC Porto»

124. Milovac: «O Sá Pinto era tão chato que levou uma chapada do Filipovic»

125. João Luiz: «Nunca fui duro, mas no Sporting tive de ser violento com o Maradona»

126. Moretto e Jorginho: «Num FC Porto-Benfica até 500 euros me mostraram»

127. Mário: «Fui ganhar mais dinheiro no Estrela do que ganhava no Sporting»

128. Clóvis: «Fiz dois jogos e marquei um golo no Benfica, queriam mais o quê?»

129. Clayton: «Mourinho chamou-me e perguntou: 'Queres mesmo sair do Porto?'»

130. Alcides: «Depois de sair do Benfica fui 18 vezes sequestrado e uma vez preso»

131. Ali Hassan: «Ia assinar pelo Benfica e fui desviado pelo Sporting no hotel»

132. Maciel: Larguei um vício que já tinha no FC Porto, não toco em álcool há anos»

133. Pena: «Tive uma depressão no FC Porto, o meu agente roubou-me 540 mil euros»

134. André Cruz: «Sentei-me no sofá, liguei a televisão, vi o título do Sporting e chorei»

135. Giovanella: «O Mostovoi pegou em mim ao colo e só gritava '7-0 ao Benfica!'»