DESTINOS é uma rubrica do Maisfutebol: recupera personagens e memórias dessa década marcante do futebol. Viagens carregadas de nostalgia e saudosismo, sempre com bom humor e imagens inesquecíveis. DESTINOS.
QUEVEDO: Moreirense (1996/97); Boavista (1997 a 2001)
Dias de Boavistão. Poucos, quase nenhuns, saíam vivos do Estádio do Bessa. Em quatro anos, os axadrezados do Porto conseguiram dois segundos lugares, um quarto posto e o título nacional em 2001.
Desse Boavista de Jaime Pacheco, muitos se lembram do talento de Erwin Sanchez e Jorge Couto, da solidez e garra de Litos e Mário Silva, da velocidade de Martelinho, da classe de Rui Bento. Mas talvez poucos falem daquele que, porventura, reunia quase tudo num corpo de 70 quilos: raça, capacidade de sofrimento, um certo ar selvagem e um bom pé esquerdo.
O Maisfutebol lembra-se bem de William Quevedo. O lateral/extremo que não sabia como travar, não sabia como parar, atende-nos na sua sala de estar, em França. As memórias saem num Português perfeito, como se ainda ontem tivesse mostrado os pitões de alumínio a uma canela qualquer. No Bessa, claro.
QUEVEDO NO CAMPEONATO NACIONAL:
1997/98: 20 jogos (Boavista, 6º lugar)
1998/99: 31 jogos/3 golos (Boavista, 2º lugar)
1999/00: 1 jogo (Boavista, 4º lugar)
2000/01: 16 jogos/ 1 golo (Boavista, CAMPEÃO)
2001/02: 1 jogo (Boavista, 2º lugar) - saiu para o Sochaux no início da época
TOTAL: 69 jogos/4 golos na I Liga
Maisfutebol – Boa noite, Quevedo. Que tal esse Português?
William Quevedo – Boa noite, boa noite. Percebo tudo, mas tenho de falar muito devagar. Peço desculpa, vou tentar. Já não vou a Portugal há muitos anos. É um prazer falar convosco.
Aí em França continua a trabalhar no mundo do futebol?
Oui, oui, fui treinador de algumas equipas e atualmente trabalho com um empresário FIFA. Estou mais na observação do futebol jovem, a detetar talentos. Quero ajudar os miúdos a ter uma carreira, porque eu também precisei de ser ajudado. Passei por muitas dificuldades antes de chegar a Portugal.
Continua a seguir o seu Boavista?
Sempre, sempre. Este ano estão a fazer um bom campeonato. Foi um bocadinho assim [Quevedo desenha uma montanha-russa com o dedo], mas agora a equipa está bem. Não é fácil regressar ao sítio onde estava. Com tempo e trabalho acredito que isso pode acontecer.
O Boavistão dos seus dias dava luta aos três grandes. O nível era muito igual.
Fiquei duas vezes em segundo lugar, uma vez no quarto lugar e fui campeão nacional. Foi espetacular. Já foi há tanto tempo e a mim parece ter sido ontem.
O Jaime Pacheco dizia que o Quevedo tinha lugar em qualquer equipa do mundo, por ser muito competitivo dentro do campo.
Disse? (risos) É bom saber isso. Eu trabalhava no limite todos os dias. O Jaime deu-me confiança e eu fiz tudo para não o deixar ficar mal. Hoje, ao ver os meus jogos na televisão ainda digo ‘f……, é o Quevedo? Eu corria assim?’. Era aquela adrenalina, dava-me muita força.
Como era a relação do Quevedo com o Jaime Pacheco?
Ele era um treinador muito rigoroso. Para ele todos os jogadores eram iguais. Vou dar um exemplo. A determinada altura, quando eu era titular e estava muito bem, achei que podia gerir o meu rendimento durante os treinos da semana. Sentia qualquer coisita no joelho e treinei menos bem do que habitualmente. Sabe o que aconteceu? Chega a convocatória e o meu nome não estava lá. ‘Quevedo, não te vi a treinar esta semana. Não treinas, não jogas’. Na semana seguinte treinei a dobrar, claro. O Jaime era assim, com qualquer um. E essa mentalidade deu frutos. Com ele eu nunca me sentia cansado.
O Jaime Pacheco não perdoava.
O grupo de trabalho era muito homogéneo. O Jaime mudava as peças e não se sentia grande diferença. Foi isso que nos levou ao título, não dava mesmo para facilitar.
Os treinos no Parque da Cidade eram famosos.
(risos) Aquele circuito… fazíamos aquele quilómetro quase a sprintar. Para vocês verem como o Jaime Pacheco era. Ele fazia sempre três grupos. O da frente era onde estavam os mais rápidos e onde eu estava, O terceiro era o da malta mais lenta e com menos resistência. O Jaime encaixava sempre no grupo do meio, o segundo, só para puxar por eles e obrigá-los a chegar ao grupo da frente.
Foi feliz em Portugal?
Fui muito feliz. Tive quatro anos espetaculares em Portugal. Aliás, cinco, porque também gostei muito de jogar no Moreirense na II Liga. Foi o presidente do clube que convenceu o meu empresário da altura a levar-me para Portugal.
Como era a sua vida em França antes de jogar no Moreirense e no Boavista?
Acho que pouca gente sabe isto. Fiz a formação no Montpellier, depois deixei o futebol porque fui para a tropa e quando saí fui jogar futebol numa equipa amadora. Ao mesmo tempo trabalhava para a empresa do presidente desse clube. Era uma empresa de recolha de lixo. Eu fui lixeiro em França e depois campeão de futebol em Portugal. Trabalhava das quatro da manhã à uma da tarde. Tudo mudou quando um agente me viu a jogar na equipa amadora e me fez um convite para apostar no futebol. Por isso é que eu dava o máximo no futebol. Para mim não era trabalho. Eu levantava-me de madrugada para apanhar m.... Como é que podia não aproveitar a oportunidade que o futebol me deu? Passar pelo que passei deu-me muita força. Por isso a minha imagem de guerreiro em campo.
O pior momento no Boavista foi aquela lesão gravíssima sofrida contra o FC Porto?
Podem pensar que foi muito duro, mas isso deu-me enorme força. Trabalhei sempre com o professor José Soares. Nunca vou esquecer esse homem. Todos os dias comigo. Na faculdade, no Bessa, na piscina, a fazer musculação, tratamentos… que grande amigo! Tenho uma amizade eterna com ele, nunca o esquecerei. Não falamos todos os dias, mas está no meu coração. Regressei mais forte, oito meses depois. Na minha cabeça não foi um momento mau. Meti na cabeça que ia regressar melhor e regressei.
A recompensa foi o título português.
Regressei num excelente momento (risos). Voltei num jogo da Liga Europa. Quando o mister me mandou aquecer… a malta a aplaudir na bancada do Bessa. Entrei em campo a chorar, nunca me esqueci. Depois no jogo a seguir marquei um golo ao Estrela da Amadora… estou aqui em casa a ver essas imagens e só me apetece chorar. É muito bonito. O Boavista tratou-me muito bem. Nunca me esquecerei do momento em que abri os olhos, depois de ser operado, e vi o presidente [João Loureiro] e o treinador [Jaime Pacheco]. Eram eles que estavam comigo naquele quarto de hospital. Isso é muito forte, o Boavista era uma família.
Isso explica também o título de 2001.
Você sabe o que o Jaime Pacheco me fez? Depois da minha segunda operação, o Jaime sabia que eu andava triste e foi buscar-me a casa para eu ir passar o dia à terra dele [Lordelo]. Estive com os amigos dele e à noite levou-me a casa outra vez. Nunca vi isso no futebol profissional. O Jaime fez isso porque sabia que eu andava em baixo. O Boavista era assim, esse era o segredo. Sou pantera!
Vamos lá falar do jogo contra o Aves, o jogo do título.
Cinco dias antes fomos ganhar ao Salgueiros 5-1. Sabíamos que tínhamos de ganhar porque o último jogo era nas Antas (risos). No jogo contra o Aves só sentimos a pressão antes do jogo. Aquelas horas antes… difícil. Mas depois de o jogo começar, foi muito bom. O Sanchez fez o 1-0 e sentimos todo um grande alívio. O Silva e o Whelliton marcaram os outros golos. Era difícil acreditar naquilo. No dia a seguir parava para pensar… ‘F……, fomos mesmo campeões?’. Os adeptos ajudaram muito. Lembro-me que em Alverca aquilo estava cheio de boavisteiros. O grupo era extraordinário. Não podíamos falhar. O Jaime Pacheco fez uma equipa que era igual à sua personalidade. Gritar, querer mais e mais, ser bruto. Ele é que tinha razão.
Esse Boavista tinha jogadores marcantes. Não era só raça.
Jorge Couto, Rui Bento, Ricardo, Sanchez, o Timofte nos anos antes… eu era muito amigo do Rui Bento e do Jorge Couto. Dentro do campo a equipa era muito unida, mesmo muito.
O Jorge Couto ainda trabalha no Boavista.
Está careca (risos). Acho que fez agora 50 anos, a 1 de julho. Nunca me esquecerei desse plantel.
No Boavista também jogou a Liga dos Campeões.
Foi um privilégio. Em casa do Brondby sentimos uma pressão especial, porque era a última ronda de qualificação para a fase de grupo. Ganhámos lá 2-1. Não sabia se ia jogar, porque tinha sofrido uma lesão muscular. Não joguei em nenhum dos amigáveis e só fiz a segunda parte no jogo de apresentação contra o Sporting. Quatro dias depois, vi que estava convocado para Copenhaga, fui titular e o melhor em campo. MVP, Player of the Game (risos). Depois apanhámos o Borussia Dortmund, Rosenborg e Feyenoord.
Acredita que o Boavista pode voltar a chatear os três grandes de Portugal?
Um clube como o Boavista nunca morre. Precisa de mais tempo. O lado financeiro é tão importante como o desportivo. Mas um clube com esta história chegará lá, de certeza. Pouco a pouco.
Saiu do Boavista no início da quinta época. Para o Sochaux.
Não tive oportunidade de me despedir dos adeptos. Gostava de voltar ao Porto e mandar um grande abraço ao pessoal do Boavista. Foi muito difícil sem dizer adeus. Não fiz bem em sair do Boavista. Cheguei ao Sochaux e a mentalidade era diferente, não aceitavam um ‘carrinho’ no treino, a agressividade. Era tudo muito devagarinho. Ninguém treinava de caneleiras, não jogavam a sério nos treinos. Não gostei.
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