DESTINOS é uma rubrica do Maisfutebol: recupera personagens e memórias das décadas de 80, 90 e 00s, marcantes no nosso futebol. Viagens carregadas de nostalgia e saudosismo, sempre com bom humor e imagens inesquecíveis.

Evaldo chegou a Portugal para jogar pelo FC Porto B em 2003/04 e no meio daquela época dourada de todas as conquistas José Mourinho deu-lhe as primeiras oportunidades. Foi titular na inauguração do Estádio do Dragão e ainda entrou em campo na penúltima jornada da Liga, para se sagrar campeão nacional. Na conversa com o Maisfutebol, o lateral que prosseguiria uma longa carreira no futebol português começa por falar sobre esses primeiros tempos e sobre a confiança que Mourinho lhe passou.

Trocou o FC Porto pelo Marítimo quando Pepe fez o percurso inverso. Destacou-se na Madeira e depois fez parte de um grande Sp. Braga que seria vice-campeão nacional. E que podia ter ido mais longe naquela época, diz, recordando como o caso do túnel de Braga com o Benfica «prejudicou a equipa», que perdeu Vandinho por castigo durante três meses. Lembra que o crescimento do Braga já tinha começado ainda antes disso e tem sido sustentado até esta temporada, com a equipa de novo na luta pelos lugares da frente.

No verão de 2010 o Sporting contratou-o. Era um período conturbado em Alvalade, que terminou com a rescisão depois de não ter aceitado renovar, num processo que ainda não consegue explicar bem. Mas a ligação ao Sporting ficou para sempre, inclusivamente através dos filhos.

Pelo meio jogou no Deportivo e da Corunha ficou um gesto marcante de solidariedade dos companheiros, quando a equipa vivia com vários meses de salários em atraso.

Ainda jogou no Gil Vicente, no Moreirense e no Cova da Piedade e foi jogador-treinador no Atlético da Malveira, antes de decidir parar, porque não tinha tempo para a família. Está a fazer a formação de treinador, porque ainda «sente falta» do futebol.

Como começou o seu percurso no futebol?

Eu nasci em Minas Gerais, numa cidade chamada Rio Piracicaba. Comecei a jogar no Democrata de Sete Lagoas em 1998. Depois em 1999 fui para o Rio Branco, em São Paulo, jogar no campeonato de aspirantes. Correu bem em São Paulo, voltei para Minas Gerais e assinei pela base do Cruzeiro. Fiquei lá durante dois anos e meio. Depois fui emprestado para o Irati, no Paraná. Fomos campeões de juniores e houve interesse do Athletico Paranaense. Acertaram entre eles e passei a representar o At. Paranaense, de 2001 até 2003.

Ficou longe da família desde muito novo, não foi?

Nós somos oito irmãos. Eu sou o caçula dos homens, além de mim só tem uma moça. A minha mãe nunca deixava os meus irmãos mais velhos sair de casa. A gente era de uma cidade pequena e ela nunca deixou. Só que através do futebol as portas foram-se abrindo. Quando jogava na equipa da cidade havia olheiros e tive o primeiro convite para sair e representar o Valerio Esporte Clube, mas ela não me deixou ir. Então apareceu o convite do Democrata e o Zé Carlos, que jogou no Cruzeiro e no Guarani, foi lá a casa e conversou com a minha mãe. Ela lá me deixou seguir a minha vida. 

No Athletico Paranaense vivia na academia do clube?

Sim. O Athletico já tinha uma grande estrutura. Na academia não faltava nada para a gente, era só mesmo treinar e fazer o nosso melhor. Joguei alguns jogos, depois fui disputar a Taça a São Paulo pelos juniores e foi aí que veio o convite do FC Porto.

Os responsáveis do FC Porto foram vê-lo?

O senhor Joaquim Pinheiro e o engenheiro Luís Gonçalves tinham ido ao Brasil ver um avançado chamado Eduardo Rato e gostaram da minha prestação. Então, vim para Portugal. Vim eu, o Eduardo Rato e o David, defesa central. Viemos os três para a equipa B.

Passou uma época no FC Porto B mas foi chamado várias vezes à equipa principal e jogou na inauguração do Estádio do Dragão. Como é que surgiu essa oportunidade?

Eu tinha feito um jogo de pré-época já contra o Groningen, em Vila do Conde. A inauguração do estádio foi a segunda vez. Sempre que o José Mourinho precisava ia buscar a gente na equipa B. Treinei com eles várias vezes. Quando havia paragens da seleção também estava sempre lá com eles. Ele chamava alguns de nós para completar o grupo.

O que é que o Mourinho lhe disse da primeira vez que falou consigo?

Ele falava muito com a gente. Ensinou-nos muita coisa. Quando íamos jogar, ele conversava com a gente, passava confiança para a gente poder desempenhar o nosso futebol. Sou muito grato a ele, porque deu-me a primeira oportunidade de fazer parte de uma equipa sénior, de estar no balneário. Aprendi muita coisa. Naquele ano a equipa do FC Porto era muito forte. Estar ali a fazer parte era gratificante de mais.

Também estava lá o Sérgio Conceição. Como se lembra dele?

É do jeito que ele mostra até hoje. Sempre foi isso, não querer perder e querer sempre mais. A gente vê o sucesso que ele tem agora e já é dele mesmo, trabalhar, incentivar os colegas e mostrar uma ideia fixa.

Na inauguração do Dragão houve um espetáculo de magia. Vocês apareceram lá no meio sem ninguém ver, lembra-se? Como é que foi isso?

(Risos) Não posso contar porque é segredo…

É magia…

É magia…

E foi a estreia do Messi. Mas na altura isso não chamou muito a atenção, pois não?

Não, porque no Barcelona tinha outro extremo, o Santamaría. Ele jogou pelo lado direito. Ele é que era o craque das camadas jovens, só se falava dele. Do Messi não se falava.

Depois ainda foi campeão pelo FC Porto…

Em janeiro o União da Madeira também queria que eu fosse para lá por empréstimo, só que na época o FC Porto não me deixou sair. Continuei no FC Porto, depois voltei a jogar no campeonato contra o Rio Ave.

O que é que o Mourinho lhe disse quando o lançou com o Rio Ave?

Ele disse-me: ‘É merecido, pela época que você tem feito. Desfruta.’

Acompanhou à distância a final da Liga dos Campeões e a vitória do FC Porto?

Sim. Acho que só foram à Alemanha os jogadores que estavam inscritos. Nós já estávamos de férias.

Depois apareceu a transferência para o Marítimo.

Sim. Eles estavam interessados no Pepe. E eu, o Tonel e o Ferreira, lateral-direito, fomos para o Marítimo.

Foi envolvido no negócio do Pepe?

Sim.

Foi no Marítimo que se afirmou e começou a jogar com regularidade…

No primeiro ano joguei no meio-campo, como segundo médio. A equipa tinha se classificado para a Liga Europa, era um grupo fantástico, com jogadores muito bons. O Silas, o mister Van der Gaag, o Chainho, depois chegou nesse ano o Pena, o Tonel também. Era uma equipa muito forte. No ano seguinte já voltei para a defesa. Nas últimas três épocas joguei quase todos os jogos. No último ano, com o mister Lazaroni, as coisas também correram muito bem. Ficámos em quinto lugar, classificámo-nos para a Liga Europa.

E como foi viver na Madeira?

Eu gostava de mais. Foram quatro anos bem vividos. É um paraíso, tempo bom o ano todo.

Foi essa última época no Marítimo que chamou a atenção do Sp. Braga?

Quando acabou o campeonato um agente, o Ronny Rosenthal, veio até à ilha e levou-me para conhecer o Borussia Moenchengladbach. Estive lá uma semana com eles, só que não chegaram a acordo. Quando voltei para Portugal ligou-me o Carlos Freitas, a apresentar o projeto do Braga e do Jorge Jesus. Gostei do projeto, eles acertaram com o clube e acertaram comigo depois e as coisas aconteceram.

Como foi trabalhar com o Jorge Jesus?

É um treinador diferente porque ele ensina. Os treinadores que cobram o máximo é porque veem em você melhoramentos, acham que você é capaz. Às vezes os jogadores não aceitam isso, acham que está cobrando de mais. Mas está cobrando porque ele sabe que você pode dar mais. O Jesus sempre foi assim, como o Mourinho era assim e ainda é. Quer tirar o máximo dos jogadores. O Sérgio também acho que faz o mesmo. Talvez tenha jogadores que não gostam muito desse estilo. Na verdade ninguém gosta, mas é importante. Acho que é isso que o Jesus faz à maneira dele. Ele ensina a posicionar em campo se você não souber, ensina várias coisas que são importantes hoje.

Lembra-se de algum episódio especial nos treinos?

Não, isso não posso contar. Isso deixo para o Cândido Costa. Já o ouvi contar bastantes histórias, deixa ele continuar a contar... Ele tem um jeito engraçado.

Na segunda época estiveram a lutar pelo título e conseguiram o segundo lugar, até hoje a melhor classificação do Sp. Braga.

O Braga já vinha fazendo boas épocas com o Jesualdo. Depois foi a sequência desse trabalho. Um ano depois de nós sermos vice-campeões o Braga chegou à final da Liga Europa. Tinha todas as condições para ganhar. O Braga evoluiu muito nos últimos anos e este ano está a fazer de novo uma excelente campanha. Mérito da estrutura que o Braga montou e já vem quase com 18 anos de sucesso desportivo e de vendas. O resultado está aí.

E agora está de novo na luta...

Acho que eles têm mostrado nos últimos jogos que têm toda a capacidade de lutar pelo título. É difícil, este ano tem o Benfica e o FC Porto, mas vai ser assim todos os anos, mais o Sporting. Mas eles estão bem lançados para tentar objetivos maiores. Devem estar a pensar jogo a jogo, procurar sempre terminar aquela partida e pensar na próxima. É o pensamento correto. Quem sabe, se surgir a oportunidade eles podem chegar na última jornada ainda a lutar pelo título.

Como viveram aquela época em que chegaram ao segundo lugar? Há muita pressão na reta final?

Na minha opinião, nós fomos prejudicados quando houve aquela briga envolvendo Benfica e Braga no estádio do Braga.

Os castigos depois do túnel…

Sim, os castigos. Nós perdemos o melhor jogador que tínhamos, que era o Vandinho, durante três ou quatro meses. Fez uma grande falta para a gente. Ele tinha um peso muito grande, estava no Braga há seis anos. Eu acho que aí sim, a gente começou a perder. Na primeira volta a gente terminou em primeiro, abriu uma certa vantagem. Depois desses tumultos, que não tiveram a mesma penalização em relação aos jogadores do Benfica que também estiveram nessa briga, nós fomos prejudicados. A pressão sempre houve e sempre haverá, a mística do FC Porto, do Benfica e do Sporting é muito grande em Portugal. Eles montam sempre estruturas ótimas para brigar pelo título. Mas aquele ano podia ser diferente. Tivemos dois empates, o Benfica também tinha ainda um confronto com a gente e ganhou. Mas para nós o que prejudicou foi o Vandinho ter ficado suspenso tanto tempo. Ele era o nosso capitão e ficar sem ele três, quatro meses, foi muito difícil.

Foi a sua época no Braga que o levou ao Sporting. Como é que recebeu a notícia de que o Sporting queria contratá-lo?

Fiquei muito feliz. por voltar a uma equipa grande. Tinha estado no FC Porto, não tinha jogado muito mas aprendi como funciona na prática. A mística do FC Porto ensina muita coisa. Foi muito bom.

E como foi a adaptação ao Sporting?

A primeira época no Sporting individualmente foi boa, jogava quase sempre. Acho que hoje o Sporting tem uma estrutura muito diferente do que tinha no passado. Mas sempre que falo disso digo que o principal responsável por as coisas não terem corrido bem sou eu. São os atletas. O clube dava-nos todas as condições, mas as coisas às vezes não corriam bem. Mas no primeiro ano conseguimos ficar ainda em terceiro lugar. O Paulo Sérgio saiu, o mister Couceiro assumiu e conseguiu dar uma levantada no grupo, que estava caído. No final fomos a Braga ganhar e fomos terceiros.

Na temporada seguinte voltou a encontrar o Domingos, que tinha sido o seu treinador em Braga, mas a época correu mal.

Nessa época trocaram muitos atletas, acho que da época anterior ficaram só seis ou oito jogadores. Fizeram investimento em jogadores de nível, trouxeram um treinador de nível, fizeram um investimento para ir buscar o título. Acho que nesse ano o problema foi a gente não ter formado uma equipa vencedora. Depois o Domingos saiu, veio o mister Sá Pinto. Acho que até podia ter fechado bem, se tivéssemos ganho a Taça de Portugal. Nós estivemos nas meias-finais da Liga Europa, chegámos à final da Taça. Apesar de tudo, podíamos ter coroado a época pelo menos com um título. O que fica marcado no futebol são os títulos.

A final da Taça com a Académica marcou?

Sim, porque se tivéssemos ganhado a Taça talvez hoje se olhasse para aquela época de forma diferente. Não foi tudo perdido, o elenco do Sporting era muito bom, mas quando não se ganha as coisas têm outro peso. Depois disso o Sporting mudou, com a troca de presidente. E quando voltou a trocar e teve uma direção nova ganhou uma estabilidade maior e conseguiu voltar a ser campeão nacional e a ganhar títulos importantes.

Não havia essa estabilidade no tempo em que lá passou?

Não, não havia.

Que recordações  guarda do Sporting?

As melhores possíveis. O Sporting foi importante na minha vida. É um clube onde somos bem acolhidos, bem tratados, um clube que vive de objetivos e de títulos. Não conseguimos na minha época, mas o Sporting nunca deixou a gente na mão. Os meus filhos são todos do Sporting, eles vivem intensamente o Sporting. Eu jogo nos veteranos do Sporting. E o meu filho mais novo, que tem oito anos, também faz parte dos quadros do Sporting.

Na terceira época não tinha espaço no Sporting e foi emprestado ao Deportivo. Como foi essa experiência?

Também aprendi. E aprendi a valorizar tudo o que temos em Portugal. Aqui tem respeito pelas pessoas, por não inventar coisas negativas em relação a você. E em Espanha inventam-se umas coisas que talvez não sejam verdade.

Na imprensa?

Sim. Eles buscam coisas onde não existem. Quando eu cheguei, falaram que fizeram um investimento grande no clube, e os jornais falavam sempre a mesma coisa. Que o clube fez um grande investimento e os jogadores precisavam fazer não sei o quê. Isso afeta a gente, porque você pega o jornal e vê uma notícia que não é verdade. As pessoas julgam-te por isso. Mas tinha um balneário top. A minha esposa estava à espera do meu segundo filho. Nós ficámos seis meses sem receber. E os jogadores todos deram-me uns cartões, uns vouchers para comprar roupa para os meus filhos. Isso foi uma coisa que me marcou também, esse grupo foi top.

A equipa juntou-se para lhe dar esses cartões?

O grupo todo, sim. Eu perguntei e falaram que lá faziam isso sempre que alguém ia ser pai. É gratificante, porque eles pensavam sempre no próximo. A primeira vez que tive uma lesão na perna também foi lá. Fiquei quatro meses parado. Mas gostei muito de estar na Corunha, é meio como Braga, chuva o tempo todo...

Depois não fez parte das opções do Sporting na época seguinte e rescindiu. Como foi esse processo?

Acho que fiquei até março. Estava a treinar à parte. O presidente Bruno de Carvalho queria que eu renovasse mais um ano. O meu empresário na época, Renato Moura, falou que não ia acontecer. Só jogava no Sporting se renovasse mais um ano. O mister Leonardo Jardim falou que contava comigo. Só tinha o Jefferson para a posição. Mas eu tinha de renovar. Como não aconteceu, o presidente disse: ‘Já que você não renova, a partir de amanhã pode se apresentar na equipa B.’ Fiquei a treinar com o Abel durante um tempo e depois fui treinar à parte até chegar o dia da rescisão do contrato.

Quais foram os motivos para não renovar?

Para falar verdade, nem sei o motivo. Quando você tem empresário, está um pouco na mão deles. Para mim era interessante, estava com 32 anos. Não digo que foi prejudicial para a minha carreira, mas fiquei um ano parado.  Ainda assim, eu podia ter feito parte do grupo e depois no fim da época sair. Mas o presidente falou que não ia deixar ninguém jogar se não renovasse.

Qual foi a explicação que o seu empresário lhe deu?

Nós ficámos na Corunha seis meses sem receber, depois tinha que entrar na justiça para receber, para tentar receber lá, tinha de tratar disso, havia umas confusões e ele não chegou a acordo. Depois disso eu não trabalhei mais com esse empresário. Até hoje a gente fala-se muito pouco. Para mim não foi bom ficar um ano sem jogar, foi muito difícil. O jogador tem de estar sempre em atividade, tentando fazer o melhor que possa. Mas mesmo assim consegui que o Gil Vicente me abrisse as portas. 

Ainda conseguiu jogar com regularidade no Gil Vicente e depois no Moreirense.

Exatamente.

E depois como surgiu a ligação ao Cova da Piedade?

Eu fui para o Cova porque o Cova tinha boas condições e montou uma equipa para se manter na II Liga. Estava lá o Silas, o Pedro Alves, o Marco Bicho. Começámos muito bem, depois tivemos uma quebra no fim mas conseguimos manter-nos. Fui muito feliz nos três anos que estive no Cova. Foram todos muito corretos.

Depois no Atlético da Malveira chegou a ser jogador e treinador ao mesmo tempo, não foi?

Foi. Foi uma experiência boa também, mas eu também ajudo a minha esposa na empresa dela. Treinar, jogar e estar na empresa, não tinha tempo para os filhos. Nos primeiros seis meses, com a ajuda do Marco Caneira, as coisas até correram bem. Depois o Marco saiu, fiquei sozinho. O Marco também estava lá como jogador e o grupo tinha mais respeito. No segundo ano as coisas não estavam a correr bem, os meus filhos reclamavam que não estavam comigo e eu disse ao presidente que era melhor não continuar. Ele queria que eu continuasse a jogar, mas eu disse que não dava para continuar a jogar, por causa dos horários.

Então optou por terminar a carreira?

Sim. Agora vou procurar um novo objetivo, treinar na formação ou fazer parte de uma equipa técnica. Estou a tirar o nível 2 de treinador. Hoje é muito concorrido. Parece quando comecei a jogar à bola. Ia fazer testes, havia muitos candidatos e ficavam dois ou três. Hoje o treinador também está assim. Tem um monte sobrando. (Risos)

O seu objetivo é ser treinador?

Estou a tentar. Quem está no meio do futebol, tentar sair não é fácil. Da minha infância até aos 39 anos, eu passei 26 anos no futebol. É muito tempo. Sair assim de uma hora para outra fica difícil. A gente sente falta.

Que balanço faz da sua carreira?

Só tenho de agradecer a todos os clubes onde passei. A forma como fui recebido, as amizades que fiz. A gente pode sempre fazer melhor, mas fui muito feliz. Hoje tento passar o que aprendi para o meu filho, que também está a tentar uma carreira. Tento passar a experiência que tenho, que nem sempre as coisas vão correr como queremos, mas tem de se manter focado e trabalhar forte que as coisas acontecem.

Qual foi o melhor elogio que recebeu de um treinador?

Acho que o elogio maior é ter trabalhado com tantos treinadores bons e ter aprendido muito com eles. Elogios, um dia ele vai dar elogios e no outro dia dá uma dura. (Risos) Elogios, duras, eles vão aparecer, tem de continuar com o seu foco.

Qual foi o adversário mais difícil que teve pela frente? Consegue escolher um, entre os jogadores que defrontou?

Peguei muitos jogadores bons. Portugueses, difíceis de marcar, tinha muitos. Em Portugal tinha o Quaresma, o Di María, o Hulk, jogadores que realmente davam trabalho. Em Espanha ainda joguei contra o Cristiano Ronaldo também. Mas não havia nenhum adversário fácil.

Eram todos difíceis?

Sempre. O futebol é assim, às vezes a gente acha que vai ser fácil mas não é. Quando você se assusta, passa dificuldades muito grandes e não consegue fazer um bom jogo. No Cova da Piedade era a mesma coisa. Pegávamos as equipas B com meninos novos, muito talento. No Sporting tinha o Matheus, depois havia o Galeno, o Jota. Jogadores difíceis e novos… A gente nunca pode dizer que é fácil.