Um tribunal de segunda instância da Hungria indeferiu o recurso de defesa de Rui Pinto para tentar evitar a sua extradição para Portugal, confirmou fonte judicial à Lusa.

Segundo a mesma fonte, esta decisão não é passível de recurso, o que significa que o português vai ser extraditado no prazo de oito a dez dias. O material informático que lhe foi apreendido também deverá ser remetido para as autoridades portugueses.

No início de março, o Tribunal Metropolitano de Budapeste deu conta da extradição de Rui Pinto. No entanto, o colaborador do Football Leaks decidiu interpor recurso - que teve efeito suspensivo - para uma segunda instância que acabou por indeferir o apelo.

Assim, Rui Pinto vai ser extraditado para Portugal a fim de ser presente às autoridades portuguesas para um primeiro interrogatório judicial.

Rui Pinto esteve cerca de dois meses em prisão domiciliária na capital húngara, na sequência de um mandado de detenção europeu emitido pelo Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP).

Na base do mandado estão o acesso aos sistemas informáticos do Sporting e do fundo de investimento Doyen Sports e posterior divulgação de documentos confidenciais, como contratos de jogadores do clube leonino e do então técnico Jorge Jesus, assim como de contratos celebrados entre a Doyen e vários clubes de futebol.

No total Rui Pinto está indiciado de seis crimes: dois de acesso ilegítimo, dois de violação de segredo, um de ofensa a pessoa coletiva e outro de extorsão na forma tentada.

De resto, a eurodeputada Ana Gomes reforçou que embora não se saiba como Rui Pinto teve acesso à informação, esta «indiscutivelmente é de interesse público e está a servir já a várias autoridades europeias para recuperar milhões em fuga a impostos e para ir atrás de corruptos», dizendo «estranhar» a atuação das autoridades portugueses.

«Tendo elementos da polícia portuguesa sabido há muito que o Rui Pinto era uma das fontes do Football Leaks e estando as autoridades de Espanha, de França e da Alemanha interessadíssimas e a tirar partido das informações do Rui Pinto para fazer Ronaldos, Mourinhos e outros pagar milhões sonegados ao fisco, em Portugal não temos notícia que tenha havido qualquer ação na base desses elementos», destacou.