Uma década de Dragão, uma década cheia de títulos nacionais e internacionais. No dia em que a casa do FC Porto completa dez anos, o Maisfutebol convidou um dos seus mais ilustres frequentadores a encher-nos de recordações: Vítor Baía.

O ex-guarda-redes, provavelmente o melhor de toda a história azul e branca, não mais esquecerá os meses que antecederam a inauguração do estádio do FC Porto. À primeira pergunta, Baía, 44 anos, desfila uma mão cheia de boas memórias.

«De vez em quando íamos com o José Mourinho visitar as obras. Isso já fazia parte da nossa agenda nas duas épocas com ele. Uma vez por mês, no mínimo, lá íamos nós de capacete na cabeça ver o estádio a crescer. E a ansiedade crescia, claro», recorda o antigo dono da baliza dos dragões.

E chegou o dia 16 de novembro, em 2003. Para Baía, a inauguração foi duplamente especial. «Esse jogo teve uma componente muito forte para mim. Frente a frente estiveram as duas equipas que representei na minha carreira e isso tornou tudo ainda mais marcante».

A qualidade do relvado não ajudou ao espetáculo, mas o FC Porto venceu os catalães e o espetáculo teve momentos inolvidáveis. «Ninguém se esquece da estreia de um menino chamado Messi (risos), mas também da atuação do pianista Pedro Burmester e do número de magia do Luís de Matos».

«A dada altura, dei por mim e pelos meus colegas completamente boquiabertos. Foi uma noite maravilhosa», desabafa Vítor Baía, dez anos volvidos.

«O jogo era amigável, mas sentimos que as pessoas queriam uma vitória e acabámos mesmo por vencer o Barça. Na altura o colosso europeu era o FC Porto. Tínhamos uma confiança total em nós e os triunfos eram naturalíssimos».

«Só contra o Deportivo tivemos uma pequena desilusão»

Vítor Baía fez dezenas de jogos no Estádio do Dragão até abandonar, em 2007, a carreira de futebolista. Convidado a escolher os que lhe deixam melhores recordações, Baía vai direitinho aos que compõem o percurso europeu de 2004.

«Destaco o primeiro ano do estádio e a caminhada na Liga dos Campeões. O jogo contra o Manchester United é inesquecível. Sofremos um golos, mas ainda fomos a tempo de vencer», sublinha Vítor Baía.

«Depois vencemos o poderoso Lyon por 2-0, com uma grande exibição. Só tivemos uma pequena desilusão no empate contra o Deportivo, mas éramos tão confiantes que sabíamos que a vitória na Corunha não nos fugia».

Assim foi. Derlei marcou, o FC Porto chegou a Gelsenkirchen e derrotou o Mónaco sem mácula por 3-0. Nesse mês de maio, a varanda do Dragão tornou-se ponto de passagem obrigatório.

«Por questões políticas, a câmara municipal estava inacessível ao clube e passámos a celebrar as conquistas na nossa casa. A conquista da Liga dos Campeões e do campeonato no primeiro ano do Dragão fez-nos acreditar que o novo estádio estava abençoado».

Vítor Baía integrou o plantel principal do FC Porto em 18 épocas. Entre julho de 96 e janeiro de 99 esteve no Barcelona. O Dragão ainda o arrepia, mas o Estádio das Antas tem de entrar obrigatoriamente na conversa.

«Saímos de uma casa mítica e fomos para outra. A transição nunca é fácil. Foi nas Antas que o clube teve as primeiras grandes conquistas, até 2003 e à Taça UEFA».