Este é o segundo capítulo dos Diário do Gelo, uma aventura contada na primeira pessoa por Guilherme Ramos no Maisfutebol. O actual jogador do Lourinhanense representou o Njardvik, na Islândia, e irá dissecar até segunda-feira o próximo adversário da Selecção Nacional na caminhada para o Euro-2012. Na peça deste domingo, Guilherme apresenta-se, fala sobre as suas duas paixões e explica como chegou à primeira divisão da Islândia.

«O futebol islandês é, de facto, sui generis. As duas principais ligas do país, sendo por lá consideradas como profissionais, são bem diferentes daquilo que acontece em Portugal. Na Islândia praticamente todos os jogadores, com excepção dos estrangeiros, têm outro tipo de actividade para além do futebol.

Ninguém ganha fortunas na Islândia a jogar, porque não é essa a realidade do país. A verdade é que tive o prazer de partilhar o balneário com colegas que eram entre muitas outras coisas, policias, carteiros, vendedores imobiliários e até bombeiros, que após o seu período laboral vinham treinar de tarde como profissionais de futebol.

Diários do Gelo: notas de um português sobre a Islândia

Guilherme Ramos e «O sonho islandês»

A calendarização da Liga Islandesa é também ela diferente dos campeonatos mais mediterrâneos. As condições meteorológicas assim o obrigam, e fazem com que os campeonatos da terra dos vulcões sejam disputados entre os meses de Maio e Setembro.

Esta é considerada a altura do Verão na Islândia, quando faz menos frio, chove muito menos, o sol aparece e a luz do dia é uma realidade. Assim, as horas de noite são muito poucas, e a dada altura são mesmo inexistentes chegando a haver 24 horas luz por dia.



É já na altura invernal que Portugal vai jogar na Islândia. A chuva ou a neve, poderão ser convidados surpresa, apostando mais na primeira, dado que ainda é uma altura precoce do Inverno.

Assim sendo e com o campeonato Islandês a cumprir o seu interregno até Março do próximo ano, somente os jogadores Islandeses que militam em clubes estrangeiros estão efectivamente em competição. E a verdade é que já não são assim tão poucos. Portugal terá que ter atenção a alguns jogadores que alinham sobretudo em Inglaterra.

Grétar Steinsson, defesa de 28 anos totalista e pedra basilar no Bolton. Fisicamente forte, e extremamente agressivo;

Hermann Hreidarsson, lateral extremamente possante e com larga experiência a nível da Premier League. Forte no jogo aéreo, mas carece de velocidade.

Heidar Helguson, avançado de 33 anos, também com carreira em Inglaterra. Este ano encontrou-se com os golos e já leva cinco ao serviço do Queens Park Rangers.

Joey Gugjonsson, médio de 30 anos, com uma carreira pautada pela experiência em vários países. Jogou na Bélgica, na Holanda, em Espanha e em Inglaterra em vários clubes.

Por fim, resta referir o nome de maior nomeada: Eidur Gudjohnsen, antigo jogador do Chelsea, Barcelona, Mónaco e West Ham, actualmente no Stoke City, será a maior ameaça.

Os Islandeses, naquilo que é o seu ADN futebolístico, seguem-se fundamentalmente por alguns pontos essenciais de que não se desviam. Faz lembrar um pouco o futebol Inglês, com as devidas distâncias. Muito físico, prático e directo, com pouco espaço para pensar e onde as faltas são raras.

Amanhã, segunda-feira, vou partilhar convosco curiosidades desportivas, culturais e sociais relativas ao país.

Abraço a todos,

Guilherme Ramos»