Diogo Dalot recordou os tempos do FC Porto à magazine da UEFA e, na antevisão ao duelo com o Atlético de Madrid, lembrou uma regra que os apanha-bolas têm no Dragão. Dar bola rápido aos jogadores portistas e lenta à oposição.
«Quando penso no Atlético de Madrid, obviamente, não os conheço por dentro, mas o que posso ver de fora são os seus valores, a forma como se expressam, o seu desejo. Temos uma palavra em português para descrever essa vontade de ganhar cada bola, correr atrás de todos, defender... estar concentrado os 90 minutos, lutar um pelo outro e tentar ganhar cada bola como se fosse a última», começou por dizer o lateral do Manchester United,
«'Temos de estar preparados para tudo, porque é uma equipa fantástica, não só na Liga, mas também na Champions. Eles têm feito uma temporada fantástica e mostraram o que podem fazer nos últimos dois anos. Tenho a certeza que vai ser um jogo muito bom de ver e espero que consigamos apurar-nos», acrescentou.
À UEFA, Dalot frisou que «para cada jovem jogador que cresce num grande clube como o FC Porto, é preciso aprender os valores do clube» e explicou: «Quando digo valores, quero dizer a maneira como se deve trabalhar todos os dias, a maneira como é preciso abordar cada jogo, cada sessão de treino. Tive a sorte de crescer neste ambiente desde os dez anos. É ser profissional todos os dias, é sentir a paixão que é necessário ter em todos os jogos, todos os treinos, sentir a energia dos adeptos.»
Dalot foi apanha-bolas no jogo em que Kelvin marcou um golo decisivo frente ao Benfica e, agora, destacou o papel que até quem está fora de campo tem no Dragão.
«Para ser honesto, no FC Porto tínhamos uma regra: cada vez que se dava a bola para um jogador do FC Porto, era preciso ser rápido. Mas aí, para o adversário, tinha de se atirar a bola devagar, para o chão, às vezes demorava um pouco mais. Estas são as pequenas coisas que se aprende desde jovem [...] às vezes sendo um pouco atrevido aqui e ali.»
Dalot também vê estas coisas na Premier League. «Por exemplo, lembro-me – não sei se foi na temporada passada – contra o Tottenham, um apanha-bolas deu a bola muito rápido para o jogador deles. Adoro ver essas coisas porque mostra que eles estão a sentir o jogo, estão a perceber o jogo e estão conectados», disse.
A concorrência no Manchester United e Tom Hanks
O internacional português tem estado em ação com Ralf Rangnick, o treinador do Manchester United que substituiu Ole Gunnar Solskjaer. Sobre o alemão, Dalot explica que o técnico quer que ele antecipe cenários e seja proativo. «Isso é uma das coisas em que mais tenho tentado trabalhar, porque às vezes estar no lugar certo na hora certa pode impedir que se cometam erros», afirmou.
«Temos um tipo de jogo exigente, um estilo de jogo exigente; queremos pressionar bem alto, mas também ter cuidado com o equilíbrio na parte defensiva. Então, quando temos a bola, temos de jogar para a frente, temos de ser intensos, temos de ajudar a equipa no último terço como lateral. No entanto, também temos de estar prontos para defender também. É exigente, mas estamos num clube onde tudo é exigente. Tudo é o mais alto nível, altamente competitivo», argumentou.
Dalot tem tido a concorrência de Wan-Bissaka e tem alternado a titularidade com o inglês. «A concorrência só traz coisas boas. Seja porque é preciso esforçar-mo-nos um pouco mais para poder jogar ou seja porque estamos a jogar e não pode se para,r porque há alguém que quer o teu lugar. No final das contas, se essa competição for saudável e para o bem maior da equipa, todos vão ganhar», analisou.
O defesa terminou a ideia depois.
«Percebo que, às vezes, quando os jogadores não estão a jogar, sentem-se deprimidos ou não são tão bons nos treinos. Passei por isso, também senti isso. É engraçado, eu vi um vídeo de, acho que era do Tom Hanks, em que ele dizia que, se uma pessoa se sente bem, se você se sentir bem, "Isso também vai passar", e se uma pessoa se sentir sozinha, se não estiver a jogar, "Isso também vai passar". Portanto, o tempo é nosso aliado neste momento, como já disse muitas vezes antes, especialmente durante essas duas últimas temporadas no Manchester United, onde não tive tanto tempo de jogo quanto gostaria, também devido a lesões. Mas sinto que esses últimos dois meses, e especialmente na última temporada, ajudaram-me a transformar isso em algo positivo e a continuar.»