O Maisfutebol desafiou os treinadores portugueses que trabalham no estrangeiro, em vários pontos do planeta, a relatar as suas experiências para os nossos leitores. São as crónicas Made in Portugal:
Leia a apresentação de Diogo Nobre
DIOGO NOBRE, PEIMARI UNITED (Finlândia)
«O meu quarto jogo no Peimari Utd. foi um dérbi regional e o futebol finlandês começou a revelar-se. Neste país há uma regra que deixa os clubes terem um suposto Clube Mãe que manda jogadores no dia de jogo quando o satélite necessita! Claro que os nosso rivais mandaram vir jogadores da divisão acima e ganharam 2-1.
Mas o melhor foi o meu guarda-redes suplente. Depois de jogar no dérbi um pouco abaixo das espectativas, eu disse-lhe que era normal, pois era o seu primeiro jogo. E logo um jogo difícil. Disse-lhe que confiava nele na mesma, portanto jogou de novo no sábado seguinte.
Na primeira parte sofreu cinco golos. Em três poderia ter feito melhor. Ao intervalo eu queria-lhe dar força mas ele disse para eu meter o outro porque ele era mau de mais!! E foi sentar-se no banco, sendo eu forçado a pôr o guarda-redes dos iniciados de 14 anos que só estava lá por prevenção!
Obviamente que o afastei imediatamente da equipa, mas 15 dias depois apareceu a pedir desculpa e a explicar-me o que aconteceu: ele jogava hóquei no gelo e nesse deporto quando os guarda-redes sofrem cinco golos, é normal o treinador substituí-lo! E então ele para não causar problemas, saiu logo!
Falando de clubes mãe e satélite, posso-vos dar o exemplo mais escandaloso de todos: na pré-epoca jogámos contra um clube chamado Taaja, no qual ganhámos 6-0. Quando fomos lá jogar para o campeonato, eles sabiam que eramos fortes, portanto chamaram jogadores feitos (homens trintões), dum clube três divisões acima da nossa, para jogar contra os meus miúdos de 16/17 anos.
O guarda-redes que eles utilizaram na pré-época foi o árbitro da partida!!! (não precisavam dele pois encomendaram outro do Clube Mãe).
Na Finlândia os árbitros são sempre locais, para a federação não pagar deslocações! Fizemos o melhor que podemos nesta luta desleal e claro que o primeiro golo foi uma invenção do árbitro/guarda-redes.
Ele disse que o meu central prendeu a bola dentro da área, quando ele estava a tentar chutar para canto! E marcaram de livre indireto o primeiro golo, num jogo que perdemos 2-0. Fiquei orgulhoso dos meus meninos pois fizeram o melhor possível.
Um abraço a todos os leitores,
Diogo Nobre»