O Lixa-Vila FC, jogo da quinta jornada da fase de apuramento de campeão e subida da Divisão de Honra da AF Porto disputado no domingo, não chegou ao fim: a equipa de Vila Nova de Gaia abandonou o relvado, aos 88 minutos de jogo, queixando-se de alegados insultos racistas.

Depois de o Lixa ter chegado à vantagem com um golo de penálti, apontado por Rúben Moreira, ao minuto 87, o Vila FC abandonou o relvado. Em comunicado, o clube gaiense entendeu que «não estavam reunidas as condições para a continuação do desafio», não restando «outra opção» senão «abandonar». «O Vila FC tomou a decisão de abandonar o terreno de jogo a cerca de cinco minutos do fim. Após um penálti que deu o 1-0 ao Lixa, a massa adepta deste clube teve uma atitude lamentável de teor racista para com um atleta da nossa equipa», referiu o Vila.

Também num comunicado emitido no domingo, o Lixa exigiu «respeito», falando numa «cabala» e garantindo que vai «expor e provar» junto da AF Porto «que os últimos acontecimentos são totalmente falsos».

Presidente do Lixa nega insultos e fala em ameaças

Contactada na manhã desta segunda-feira pelo Maisfutebol, a presidente do Lixa, Paula Sousa, negou qualquer insulto racista dirigido a atletas do Vila FC.

«Os adeptos reagiram ao golo, exatamente da mesma forma que o atleta n.º 5, capitão de equipa do Vila, tinha reagido a um lance que ganhou a dois atletas meus dois minutos antes, estes sim, atletas de cor. Mas não entendemos isso sequer como racismo. O nº.5 ganhou o lance, abriu os braços e fez “uh”, como quem diz “aqui ganhei eu este lance”. Pacífico. Dois minutos depois, existe a grande penalidade, o Lixa marca e os adeptos reagiram da mesma forma, fizeram “uh”, no golo. Percebi que os jogadores nem estavam a entender bem o que se estava a passar, até que o banco do Vila, encabeçado pelo seu presidente, entrou dentro do campo e decidiu não terminar o jogo. Entendeu aquilo como um ato racista. Não houve qualquer nome, nada. Simplesmente uma troca de galhardetes, da mesma forma como ele tinha festejado num lance dois minutos antes», defendeu, referindo-se a imagens entretanto divulgadas pelo Lixa.

«No relatório do árbitro está que reuniu com as entidades que lá estavam, delegado da associação, comandante da GNR e que não foi ouvido nenhum ato racista. Nós temos filmagem, se for preciso vamos apresentá-la à associação, caso sejamos acusados de algo. Achamos que nem vamos ser, porque nada há para sermos acusados», prosseguiu, denunciando ameaças de elementos do Vila FC.

«Grave, para mim, foi o presidente e alguns elementos da equipa técnica e direção do Vila terem ameaçado diretores meus e os meus atletas, de que quando forem lá, vão ser esfaqueados mal saiam do autocarro. Jogadores e dirigentes do meu clube ouviram isso. Eu não ouvi, mas foi-me dito pelos meus jogadores e dirigentes», garantiu Paula Sousa, afirmando que a «exposição» junto da AF Porto vai rondar, sobretudo, essas «ameaças». «Temos tudo filmado, estamos tranquilos. A exposição que vamos fazer é mais dar conta das ameaças, porque para nós o resto nem é um caso», assegurou, entendendo que a decisão do adversário partiu mais da direção e não dos jogadores.

«O n.º 9 [do Vila] teve uma atitude de louvar, já estava no centro do relvado com a bola, à espera para iniciarmos o jogo. A vontade foi, pareceu-me, por parte da direção do Vila. Havia muitos jogadores do Vila já preparados para reiniciar o jogo», disse.

O Maisfutebol tentou também contactar a direção do Vila FC, mas ainda sem sucesso, até à publicação desta notícia.

Entretanto o Lixa decidiu divulgar as imagens

Com uma decisão desportiva por conhecer quanto ao desfecho do jogo e eventuais sanções disciplinares por parte da AF Porto, Lixa e Vila seguem, para já e oficialmente, com 12 pontos cada, nos dois primeiros lugares, na luta pela promoção à Divisão de Elite, a principal divisão da AF Porto.