A reforma de sir Alex Ferguson

«O sonho impossível tornado realidade.» Alex Ferguson conseguiu o maior sonho de todos no Teatro dos Sonhos. A despedida do escocês ao fim de 27 anos como treinador do Manchester United é o momento dos momentos de 2013. Sir Alex fez do United um clube ainda maior do que aquilo que ele era: o United foi o primeiro emblema-ícone futebolístico a uma escala que passou para lá da Europa e obrigou equipas a deslocarem-se em massa para a Ásia ou Estados Unidos.

Fergie ganhou tudo! E ganhou quase tudo mais do que uma vez. Treinou Brian Robson, treinou Cantona, treinou Rooney, foi pai futebolístico de um extraplanetário como Cristiano Ronaldo. É o maior treinador britânico de todos os tempos, pelo que fez no Aberdeen, inclusive.

A 8 de maio, o técnico anunciava a reforma. Já com o United campeão, Alex Ferguson despediu-se de Old Trafford a 12 de maio, com um discurso emotivo e, como sempre aconteceu com o escocês, virado para o futuro em vez do passado. Esse é o seu maior legado, provavelmente, ensinar-nos como ser visionário. O último jogo chegaria a 19 de maio, nos Hawthorns, casa do West Bromwich Albion. Foi o jogo 1500 pelo Manchester United! Enorme, gigantesco. Número um.



Alô Brasil, adiós España?

Maracanã, Rio de Janeiro. Atmosfera e um vislumbre do que será o Mundial do Brasil. A Espanha chega à final da Taça das Confederações, o título que lhe falta para ganhar tudo o que havia para ganhar a nível de seleções. Pela frente, o Brasil. Anfitrião, candidato eterno à conquista do Caneco mundial. A Espanha é favorita, a Espanha atemoriza. Mas o Brasil de Scolari vence por 3-0 e todos os favoritismos para o Mundial do próximo ano são revistos. Invertidos, talvez. Ali, naquele 30 de junho, uma geração espanhola sofreu a pior derrota de uma era até aí dourada enquanto o mundo menos atento percebia que, de facto, Neymar era a sério.


Bola de Ouro, bola de trapos

O mundo do futebol aguardava pelos últimos passageiros europeus rumo ao Brasil 2014, quando surgiu a notícia. Portugal, França. Suécia , Ucrânia, entre outros estavam em campo para discutir o jogo mais importante que tinham em 2013 quando às redações chegou a informação de que a votação para a Bola de Ourto tinha sido prolongada. Porquê? A FIFA explicaria no dia seguinte. Havia poucos participantes. Pior do que isso, informava: quem já tinha votado, podia mudar a escolha. Stoichkov foi o primeiro a reagir e disse tudo sobre uma distinção que devia celebrar o futebol, mas que, em vez disso, só o descredebilizou, com a ideia de que o alargamento do prazo foi em favor de alguém. «A Bola de Ouro mete nojo», disse o búlgaro.

Bayern, Weltmeister

O Bayern foi a Marraquexe conquistar o mundo. A máquina de Munique fez o penta de títulos em 2013 e ficou a um troféu do recorde do Barcelona de Guardiola, o treinador que completou o trabalho iniciado por Jupp Heynckes. O penta começou com o treinador germânico, num ano em que o Bayern ganhou a Bundesliga, a Taça da Alemanha, a Liga dos Campeões e a Supertaça Europeia, antes de bater o Raja Casablanca por 2-0na final do Mundial de Clubes. Prevísivel este último desfecho, por tudo aquilo que o colosso da Baviera tinha feito atrás. Um título que simboliza que na Europa e no Mundo há um novo rei: chama-se Bayern Munique. Como se ainda houvesse dúvidas.


Castigo mundial

O racismo merece um castigo mundial. No caso de Simunic isso é uma verdade incontornável. O central croata festejou com um cântico pró-fascista a qualificação para o Mundial 2014 após a eliminação da Islândia. A FIFA de Blatter, tantas vezes criticado pelo assunto, tomou o tema em mãos. Analisou, investigou e concluiu que sim, que foi grave mesmo o que fez Simunic. Pela primeira vez, castigou duro: 10 jogos de suspensão para o croata, que por causa da atitude fascista falha todo o Mundial 2014. Um momento importante nas decisões do organismo que tutela o futebol mundial, que mudou a tendência e agora parece querer castigar a sério, o que deve ser castigado a sério.



Bale: 100 milhões de problemas Villas-Boas

A 1 de setembro confirmava-se o que já toda a gente sabia: Gareh Bale ia ser jogador do Real Madrid. A 1 de setembro talvez se tenha batido o recorde mundial de transferências por um jogador. Em Londres dizem que sim, em Madrid, onde joga Cristiano Ronaldo, garantem que não. O número na imprensa sempre foi redondo: cem milhóes de euros! Para os espanhóis não foi problema pagar um preço exorbitante pelo galês, fosse ele qual fosse. Mas para André Villas-Boas, a saida de Bale foi um terramoto cujas réplicas levaram à saída do treinador português de White Hart Lane. Sem o melhor e mais decisivo jogador do campeonato anterior, os Spurs tentaram tapar as brechas abertas com sete reforços. Sabe-se agora que nem todos nomes consensuais entre direção e técnico. A Villas-Boas pediram-lhe que jogasse para a Liga dos Campeões sem Gareth Bale. E resolveram que o português tinha de sair quando sofreu a segunda goleada da temporada e ficou a cinco pontos do quarto lugar. A principal razão para alguns maus resultados talvez esteja naquele 1 de setembro.


A recaída de Tito Vilanova

19 de julho de 2013. Chegou em comunicado uma notícia que ninguém quer receber. O Barcelona confirmava a recaída de Tito Vilanova e a saída do treinador que ia para os EUA lutar contra um cancro maldito. Depois de um primeiro problema na época anterior, desta vez, o técnico tinha mesmo de deixar a equipa. A vida estava primeiro. Vilanova tinha sido o prolongamento das ideias de Guardiola. Fora adjunto de Pep e viveu com toda uma geração os maiores feitos do clube que se intitula mais do que isso. Saiu Vilanova e chegou Tata Martino, que tinha acabado de ser campeão com o Newells Old Boys, clube de Messi na Argentina. O Barça continua a liderar a liga em Espanha, está nos oitavos de final da Champions, mas desde a saída de Vilanova que se discute o estilo e a liderança da equipa.

Casillas, para o banco!

Valência, 17 minutos de jogo. Iker Casillas sai lesionado no Real Madrid. A lesão em si não é novidade. O guarda-redes mais titulado de Espanha já estivera de fora na temporada, por lesão. Mas a 23 de janeiro perdeu a titularidade. Nesse dia ainda foi Antonio Adan quem o substituiu. Dois dias depois, Diego Lopez regressou a Chamartin. Mourinho decidiu e manteve o ex-Sevilha na baliza, mesmo quando Casillas estava recuperado. O capitão colocava uma foto numa rede social, com uma gota de água. A relação com Mourinho nunca mais terá sido a mesma, o plantel ter-se-á dividido entre o apoio ao capitão e a compreensão pela escolha do treinador. Mourinho e Casillas foram sempre extremos opostos na imprensa até o técnico português voltar ao Chelsea. No regresso a Londres, disse que agora era o «Happy One», um senhor feliz após a tempestade que foi a passagem do setubalense por Madrid. Curiosamente, aquela decisão de Mourinho é a grande marca que o português deixou no onze do Real: mesmo com Ancelotti, Casillas não é o número um.

Falcao sempre foi um milionário

O Mónaco, terra de ricos, com um clube que agora também o é. O emblema do principado gastou muito dinheiro em Moutinho e James Rodriguez, mas foi a contratação de Radamel Falcsao Garcia que confirmou os monegascos como nova potência da Ligue 1 e o novo milionário do futebol mundial. Milionário foi coisa que Falcao sempre foi na vida. Na Colômbia passou pelo clube de Bogotá com esse nome, na Argentina assim se chama ao River Plate, emblema pelo qual se evidenciou e no qual crescer; no FC Porto e no Atl. Madrid enriqueceu-se de títulos. Com a contratação do ponta de lança mais cobiçado do momento, o Mónaco mostrou a 31 de maio que era para ser levado a sério.


Robben, o condenado

Não houve momento em campo como aquele que viveu Arjen Robben na final da Liga dos Campeões. Ao minuto 89, o holandês ficou frente a frente com Weidenfeller, o guarda-redes do Borussia de Dortmund. Desta vez, o camisola 10 do Bayern Munique não ia falhar. Robben tinha sido condenado ao fracasso nos grandes jogos. Fracassou na Champions 2010, quando perdeu para o Inter de Mourinho, com Júlio César a negar-lhe um golo fenomenal; depois, no Mundial 2010: tinha Casillas pela frente e, isolado, permitiu que o guarda-redes defendesse, quando havia 0-0 e a Espanha não era ainda campeã do mundo; fracassou com o Chelsea, na final da Liga dos Campeões; havia 1-1 no prolongamento e, de penálti, permitiu defesa de Cech, antes de os londrinos se sagrarem campeões europeus; fracassou frente ao Borussia de Dortmund, no jogo que decidiu o campeonato alemão; de penálti, permitiu defesa de Weidenfeller! E ainda teve de aturar Subotic. Mas ali, ao minuto 89, o condenado encontrou a redenção. Robben acertou tão bem na bola que só lhe deu de raspão. A trajetória enganou o guardião do Borussia e o holandês, entre todos, foi o herói de um Bayern que ainda na época anterior tinha perdido a Liga dos Campeões Europeus em casa, com o Robben como réu. Ali, o esquerdino mudou-se para o lado da rua que estava ao sol e encontrou a felicidade.