O empurrão de Arséne Wenger a José Mourinho é a imagem do fim de semana, mas há muito mais num domingo de grandes clássicos. De Stamford Bridge a Turim, passando por Buenos Aires.

Londres, primeiro. No meio do episódio entre os dois treinadores, que o francês não lamentou e que Mourinho desvalorizou, cabe a história da supremacia do Chelsea na Premiership, a impotência de um Arsenal a frustrar de novo expectativas e, claro, o cavar do fosso no duelo pessoal entre os dois treinadores. São 12 jogos do treinador do Arsenal frente a Mourinho, ganhou zero.

Ainda não havia golos quando aconteceu o choque entre treinadores, aos 22 minutos. Um confronto físico onde é impossível não ver o descarregar da frustração acumulada de Wenger. O francês diria depois que não tinha nada que lamentar, e na sala de imprensa ainda fez peito. «Foi um empurrãozinho», disse a um jornalista: «Posso experimentar empurrar-te, para veres como é quando empurro a sério.»

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O primeiro golo do Chelsea aconteceu pouco depois, um penálti de Koscielny sobre Hazard que o belga converteu. Aos 78m, o golpe final. Um passe do ex-Gunner Fabregas para Diego Costa fazer o 2-0. O médio espanhol respondeu em campo aos adeptos do Arsenal, que o receberam com assobios, para a sua sétima assistência da temporada.

Não foi o arraso dos 6-0 de março deste ano, quando o Chelsea atropelou o Arsenal naquele que era o jogo 1000 de Wenger no banco, mas foi mais uma demonstração de frieza e eficácia dos Blues e de inoperância do Arsenal, que mal conseguiu entrar na área adversária.



Se Wenger e Mourinho chegaram a um ponto de não retorno no ódio comum, esta foi também mais uma demonstração de fraqueza do Arsenal, que adeptos mais ou menos famosos não deixam passar em claro.


Em Turim viu-se vermelho


De Londres para Turim, a temperatura não baixou, pelo contrário. Jogou-se o clássico entre Juventus e Rom
a, o campeão frente ao vicecampeão, o líder frente ao segundo classificado. Viu vermelho, nada menos que três grandes penalidades na primeira parte, o treinador da Roma expulso, mais dois cartões vermelhos, um para cada lado.

O primeiro golo marcou-o Tevez, de penálti, aos 27 minutos, depois de o árbitro assinalar mão de Maicon num livre, no limite da área. No banco da Roma, Rudi Garcia fingiu que tocava violino, um gesto que levou o árbitro a expulsá-lo.

Nova grande penalidade cinco minutos depois, agora para a Roma, numa falta de Lichsteiner sobre Totti, que o Imperador converteu. Já era quente o ambiente, também nas bancadas, por essa altura.



Sorria a Roma nesta fase, mais ainda quando aos 44 minutos Iturbe marcou o primeiro golo de bola corrida do jogo, lançado por Gervinho. Tardou pouco. Em cima do intervalo, mais um penálti, por outra falta sobre Pogba no limite da área. Converteu Tevez de novo, 2-2.

Estava a ferver o ambiente quando as equipas recolheram aos balneários. Foi apesar de tudo mais calmo na segunda parte, quando um remate de fora da área de Bonucci, aos 86m, acabou por dar a vitória à Juventus. Num jogo que o árbitro Gianluca Rocchi sentiu dificuldades evidentes para controlar, não ficariam por aqui as coisas no plano disciplinar. Manolas e Morata acabaram expulsos aos 89m, além dos dois vermelhos ainda houve sete amarelos.

No final, as reações dos romanistas foram fortes. Rudi Garcia dizia que as áreas em Turim «têm 17 metros», enquanto tentava infletir para um discurso mais construtivo, apelando à introdução do vídeo, Totti ia mais longe, e associava a arbitragem ao negro historial de manipulação de jogos da Juventus. «Todos os anos acontecem episódios que condicionam os jogos. Não sei se fomos batidos pelo árbitro, pela Juve não fomos seguramente. A bem ou a mal ganham sempre», dizia o capitão: «A Juve devia jogar um campeonato à parte, todos os anos é isto.»

Supermolhado, el clasico 

 

Não era preciso tudo isto para alimentar a paixão do último grande clássico de domingo. River-Boca, o Superclasico argentino, grande independentemente do momento dos dois rivais. O River Plate chegava ao Monumental tranquilo na frente do Torneio de Abertura, com oito pontos de vantagem sobre o Boca, 13º. Mas de que vale isso?

O jogo esteve em risco por causa de um monumental dilúvio que se abateu sobre Buenos Aires. Jogou-se, mas o estado do relvado condicionou muito a qualidade da partida. Sorriu primeiro o Boca, que se adiantou aos 22 minutos, num golo de Magallán.

Perto do intervalo, a polémica que marcou o clássico. O árbitro expulsou Fernando Gago, por mão na bola do capitão do Boca Juniors. O ex-benfiquista Rodrigo Mora converteu a grande penalidade, mas atirou por cima.

Na segunda parte, em vantagem numérica, o River acabou por conseguir chegar ao empate, com o recém-entrado Pezzella a aproveitar uma má defesa do guarda-redes do Boca. Não acabou sem mais uma expulsão, desta vez de Ramiro Funes Mori (irmão do benfiquista Rogelio, a jogar na Turquia), por uma entrada violenta.

O River evitava a derrota, mantinha-se na frente, mas não conseguiu inverter a tendência recente do Superclássico: ganhou apenas dois dos últimos doze confrontos. A paixão continua viva.