Domingos Paciência diz que há demasiadas pessoas a denegrir a imagem do Sporting na opinião pública, a quem, no entender do treinador, faltam conhecimentos para argumentar com causa.

«Não quero individualizar comentários, mas a crítica tenho de a ler e depois dou-lhe o valor que devo dar. Nesta altura é fundamental o Sporting voltar a ganhar. O Sporting tem de lutar com o Benfica e FC Porto, com respeito pelo Sp. Braga e pelo V. Guimarães que têm milhares de adeptos, mas o Sporting tem três/quatro milhões. Mas dá-me a sensação que muita gente que por aqui passou parece que fala de forma ressabiada e quem por aqui queria passar fala de forma injustiçada. O mundo do Sporting é este. Vejam o que disseram os últimos três treinadores que aqui estiveram: o Carlos Carvalhal disse que foi o clube mais difícil em que trabalhou, o Paulo Sérgio que se sentiu sozinho e sem condições, o Paulo Bento andou aos tiros aos jornalistas, aos árbitros, tiros entre aspas. Hoje estou aqui eu, há seis meses...», lamentou o técnico, nesta quarta-feira, durante a antevisão do jogo da Taça da Liga com o Moreirense.

Domingos disse que as críticas não interferem com o grupo devido à barreira linguística, já que «a maior parte não consegue ler português», ao contrário de si, que lê e ouve o que não gosta. «Eu vejo médicos, fadistas, não sei o que o João Braga contribuiu para fazer do fado património mundial, carpinteiros a falar do Sporting... É fácil denegrir a imagem do Sporting porque quando o fazem de Benfica e FC Porto piam de outra maneira», afirmou.

O treinador lembrou, também, duas «histórias», ambas com o Sp. Braga em pano de fundo e no sentido de garantir que ele jamais teria o mesmo comportamento.

«Querem que vos conte o que se passou no ano passado por esta altura? Ligou-me o empresário Artur Santos, do Djamal e disse-me: Domingos, põe-te atento, que ele ia levar o jogador para o Mónaco e um treinador disse ao jogador para não ir, que tinha 99 por cento de hipóteses de ir com ele [treinador] para um determinado clube. Ouvi, calei, guardei. Estive atento ao que se foi passando daí para a frente. Para liderar um grupo [Sp. Braga] seis meses e levá-lo à final da Liga Europa é preciso estar muito focado e é assim que trabalho, sem estar minimamente preocupado com o que podem fazer outros. Ainda hoje vejo no jornal uma ingratidão muito grande para com Fernando Couto. Eu sou grato ao Fernando Couto, que fez um grande trabalho quando estivemos juntos no Sp. Braga. Hoje vi pessoas dizer que ele não interfere em nada do que é a equipa. Eu não consigo fazer isto. Estou aqui há seis meses mas quando sair do Sporting não vou dizer mal, tal como não disse em Leiria, Coimbra e Braga. Para este clube ser diferente temos de mudar muita coisa, para sermos grandes temos de mudar muita coisa, porque eu quero ganhar e quero dar alegrias aos adeptos», contou.

De seguida, o túnel do Braga e o «toma!» de Viana e Mossoró após a derrota do Sporting. «No final do jogo houve dois jogadores do Sp. Braga que no túnel ou nas escadas de acesso aos balneários disseram assim: toma! Sabem qual foi a minha reacção? Positiva! A minha reacção, se calhar, na mentalidade de outras pessoas, seria: Hugo Viana, no Valencia não jogava, fui busca-lo, consegui levantar-lhe a carreira e hoje é um jogador diferente. Fogo, faz-me isto!... O Mossoró, era suplente utilizado com o Jesus, comigo fez um grande campeonato, teve uma grave lesão, fui visitá-lo ao hospital..., que ingratidão! Mas eu não penso assim. Penso que formei dois campeões e que aquilo é a minha imagem. E sabem o que quero? De hoje para amanhã quero ouvir o mesmo do Onyewu, do Van Wolfswinkel, quando eles estiverem adaptados a este campeonato, mas para melhor ainda, porque é assim que trabalho. Não fico chateado porque é esse tipo de jogador que quero, é isso que procuro no Sporting», assumiu Domingos.