Dominguez e Sá Pinto são amigos de longa data. É o Sporting que os (des)une numa partida agendada para este domingo, na Marinha Grande. Serão 90 minutos a pensar como é que um vai enganar o outro, cada um com objetivos diferentes. Os leões não querem ver o Marítimo tão longe no quarto lugar, os leirenses lutam para se manterem na Liga.

«Ainda não falei com o Ricardo. Não tem sido fácil, ele tem tido um trabalho enorme. Pode ser que entre hoje e amanhã o faça. Mas ele está concentrado no trabalho dele e eu no meu. Antes do jogo vamos trocar umas palavras, sempre foi assim. Ali vamos ser adversários durante uns minutos, depois vamos continuar a ser grandes amigos», revela o técnico da União, no lançamento do encontro.

Defrontar uma das grandes equipas por onde passou enquanto jogador leva Dominguez a considerar o jogo como especial, para além do reencontro com o antigo colega de balneário: «Vou jogar contra uma instituição que me lançou, que me deu outro status, que me proporcionou a seleção nacional e onde tive um carinho muito grande por parte dos adeptos. E do outro lado está o Ricardo. Não só fomos só companheiros de equipa e de seleção, como também somos muito amigos.»

«Todos os jogos até ao final são finais para nós. É uma guerra dos pontos. Sabemos que vamos defrontar um adversário motivadíssimo, especialmente pelos resultados na Liga Europa. É uma equipa moralizada e agressiva, muito à imagem do Sá Pinto, que tem feito um trabalho excecional. É uma pessoa inteligentíssima, ganhadora, vencedora e que se preparou muito bem para o que gostaria de ser depois de ser jogador de futebol», continuou, em tom elogioso.

«Problemas? A Liga é uma montra...»

O Sporting visita a União numa fase sobrecarregada da época, na sequência de um jogo para a Liga Europa, na última quinta-feira, e a frescura da equipa pode ficar afetada. Será uma vantagem para a equipa leiriense? Dominguez diz que nem por isso...

«Conheço bem o Sá e sei que todos os jogos são importantes. Obviamente, como os jogadores têm um caráter diferente, isso pode abalar um ou outro. Mas querem ganhar de certeza absoluta. O Marítimo venceu e não desarma. Não espero uma tarefa nada facilitada. A equipa estará um pouco cansada, mas o Sporting tem um plantel vasto e pode mudar as peças e sem perder rendimento», considera, num discurso pragmático:

«As equipas conhecem-se todas umas às outras. Vamos estudando as movimentações e esquemas táticos. Vamos tentar, com as nossas armas, espreitar o golo e tentar até os três pontos. Empate? O importante para nós era ganhar, por causa da nossa situação. Temos de ser realistas. Não sofrer golos é importante e depois vamos tentar fazê-los.»

As dificuldades da U. Leiria são sobejamente conhecidas e vão muito para lá dos aspetos desportivos. Os técnicos que assumiram a equipa durante a época (foram quatro) têm tentado desdramatizar a situação e apostar tudo nas quatro linhas: Dominguez não foge à regra.

«Há problemas, como há em muitas outras instituições, infelizmente. Mas nós temos de nos concentrar naquilo que é o treino e o jogo, naquilo que nos pode proporcionar uma grande valorização pessoal. Eles têm a sorte, dentro do azar das situações complicadas que se podem viver, de estar a jogar no campeonato principal de Portugal. É uma montra.»

«Os problemas existem, muitas vezes são complicados, mas por mais problemas que possam existir, quando o jogador entra dentro do relvado, deixa isso tudo de fora. Podem contribuir para criar ansiedade e distrações, não ajudam ninguém a estar bem, mas todos querem ajudar a equipa e valorizar-se pessoalmente.»