«Nasci no Dia dos Santos Inocentes, a 28 de dezembro de 1937. A enfermeira disse: “Já nasceu, é um menino!” E eu fiquei muito contente por ser um menino.»
«Em minha casa, não se podia falar de futebol. O meu pai nunca viu um jogo de futebol na vida. Eu ia ao futebol às escondidas com o meu tio, que era um grande portista. Íamos ao Campo do Freião, em Famalicão. A prenda da minha avó quando fiz 16 anos foi o cartão de sócio do FC Porto. Era o sócio n.º 26 636. Se me tivesse dado um saco com barras de ouro não ficaria mais contente.»
«A minha mãe dizia sempre: “Para aquilo que se for, seja para polícia ou para médico, tanto faz, o que é preciso é gostar, ser-se útil aos outros e ser-se sério.” Ouvi isto tantas vezes que me marcou profundamente.»
Memórias de infância, reveladas em diferentes entrevistas.
«Largos dias têm 100 anos…»
Proferida numa tertúlia entre adeptos do FC Porto e do Boavista, no Café Orfeu, após os axadrezados terem desviado do rival o jogador Albertino, o que levou Pinto da Costa a aceitar o convite para diretor do futebol dos portistas.
«Quando chegou à altura de apresentarmos as listas, o meu amigo Neca Couto chamou-me para irmos almoçar ao Restaurante Atlântico, em Grijó, e disse-me: “Ó Jorge, o clube precisa é da sua cabeça e da minha carteira.”»
Sobre como assumiu a presidência em 1982.
«No tempo do Silva Resende, para descentralizar (já nos enganavam nessa altura…) a FPF marcou a final da Taça de Portugal para as Antas. Então deu FC Porto-Benfica e a FPF à última hora disse “tem de ser no Estádio Nacional, porque é muito mais helénico”. Respondi: “Então, vamos jogar a Atenas. Ou é nas Antas ou em Atenas!”»
«Vamos ver se a Direção da Federação Portuguesa de Futebol tem coragem de mandar o FC Porto para a 2.ª Divisão. Lisboa não pode continuar a colonizar o resto do país. O desejo deles é que o FC Porto desça de divisão.»
Após ter chegado à presidência, sobre a polémica ameaça de boicote à final da Taça de Portugal, de 1983, caso não fosse jogada nas Antas.
«Próximo treinador? Não sei. Estou preocupado é que estamos cheios de infiltrações no estádio. Até estou agora aqui com o engenheiro para orçamentar a obra.»
Pinto da Costa, lado a lado com Tomislav Ivic, ao responder a um repórter, que não reconheceu o técnico acabado de ser contratado pelo FC Porto.
«Paulinho, o carro é muito bonito.»
Recordação de Paulo Futre, de quando o presidente portista o convenceu a aceitar uma proposta do Atlético de Madrid, que incluía um Porsche oferecido por Jesús Gil y Gil, que só tinha um problema: era amarelo.
«Para mim, o lugar mais importante que há no desporto é ser presidente do FC Porto. Depois de o ter sido, não posso aspirar a mais nenhum lugar. Ir para qualquer outro posto, para mim, não é subir. É descer.»
Em entrevista ao programa Domingo Desportivo, em 1988.
«Quem é o número 2 no FC Porto? É o João Pinto.»
Ao ser questionado pelos jornalistas sobre quem estava abaixo de si na estrutura dos dragões.
«Chutou à trave? Foi para não ceder canto.»
A justificação bem humorada a um mau alívio de João Pinto, capitão do FC Porto, que quase deu autogolo, num jogo da Seleção Nacional, de qualificação para o Mundial 1994.
«Só confio no meu cão e no Reinaldo Teles.»
Frase dita num círculo de amigos, confirmada pelo próprio Pinto da Costa aquando do funeral do seu amigo e vice-presidente do FC Porto.
«Por mais pontes que façam, por mais milhões que nos levem, por mais que nos hostilizem, nós havemos de mostrar que aqui nasceu Portugal e aqui continuará a ser o baluarte da nação que todos amamos: do Norte esquecido, do Norte hostilizado.»
Declaração aos adeptos do FC Porto, em que se rebela contra o centralismo.
«Peço-vos a maior serenidade porque acabam de me avisar que vem a caminho do Pavilhão a GNR com o pretexto de que estará aqui uma bomba. Se estiver aqui uma bomba, eu espero que ela expluda!»
Discurso numa quente Assembleia Geral, no Pavilhão Américo de Sá, em 1994, após penhora ao clube por alegadas dívidas ao Fisco.
«Atiram pedras, não deixam receber a taça, insultam toda a gente… Mas o que é importante é que estamos na capital do império. Estou feliz com este espetáculo, que lindo que isto é… Estamos no ano da Cultura, de 1994… A ministra de certeza que também está encantada. Ela não quer vir cá abaixo? Pois não, porque ela não é tola, senão não era ministra. Vamos esperar que atirem primeiro as pedras todas cá para baixo que é para depois podermos ir receber a taça.»
Na final da Taça de Portugal, no Jamor, em 1994, em que o FC Porto vence o Sporting e a comitiva portista é apedrejada.
«Há em Lisboa muitas coisas bonitas: a delegação do FC Porto, os Jerónimos, muitos portistas. Mas em Lisboa persistem mentalidades que pensam que Portugal é a capital e o resto é paisagem. É essa mentalidade, que, no sentido figurado, gostaríamos de ver a arder...»
A propósito da célebre penhora pelo Fisco de uma retrete do Estádio das Antas.
«Os ataques de Vale e Azevedo preocupam-me tanto como a caspa.»
Em resposta aos ataques do então presidente do Benfica, que esteve no cargo entre 1997 e 2000.
«Eles é que começaram. A pantera era cor-de-rosa.»
Na reação a alegados elementos dos Super Dragões terem pintado de azul e branco a estátua, à porta do Estádio do Bessa.
«Eu sou pentacampeão e o seu clube [Benfica] é pentadescampeão, que também nunca tinha estado cinco anos sem ganhar.»
Dirigindo-se ao jornalista, em entrevista à TVI, após a conquista do pentacampeonato, em 1999.
«Não se sentou? Isso pode ser qualquer problema hemorroidal.»
Após Jaime Pacheco ter ficado de pé no rescaldo de um FC Porto-Boavista, em 2000, na sala de imprensa das Antas.
«Quando nos calhou a Lazio de Roma, que ninguém queria no sorteio, disse ao Mourinho que melhor era impossível: “Vamos ganhar e vou ter a oportunidade de ver o Papa.”»
Após sorteio das meias-finais da Taça UEFA, 2002/03.
«Ricardo Carvalho? Toda a gente já conhecia, menos o Luiz Felipe Scolari... O senhor Camacho está à espera dele no Real Madrid? Que espero sentado, porque pode ganhar varizes.»
Numa festa de homenagem pela vitória na Liga dos Campeões, em 2004.
«Há dois Mourinhos: o que treinava o FC Porto e era considerado mal-educado, e o que saiu do FC Porto e que era admirado como um génio. Esse segundo José Mourinho, no dia a seguir a ser campeão europeu pelo Inter, mandou-me uma mensagem a agradecer a oportunidade que lhe dei no FC Porto para ele ter chegado onde chegou.»
Ao recordar a vitória na Liga dos Campeões, em entrevista ao Expresso (em 2010).
«Na verdade, estava a caminho das urgências, quando passei pela morgue e vi que lá estava grande parte do Benfica. Aí, melhorei e vim embora.»
Comentando as notícias de que tinha sofrido um enfarte em Lisboa, em 2008, e ia a caminho do Hospital da Luz.
«Há muitos anos que vou a Espanha no dia 1 de Dezembro. Já tinha quarto marcado no Parador em Tui há muito tempo. Fui de carro, não fui escondido. Andei a passear e a fazer compras no El Corte Inglés.»
«Se me dissessem que um clube que ganhou o campeonato com não sei quantos de avanço, um título europeu e tinha uma equipa fabulosa, subornou um árbitro para um jogo em casa com o último, eu dizia que era maluco.»
Sobre o Apito Dourado e a fuga para Vigo, em entrevista ao Expresso, em 2010.
«Se se comprava árbitros? Eu acho que não. Agora, não era uma confissão perigosa, porque já tinha prescrito. Mas não é verdade.»
Sobre o Apito Dourado, em entrevista à TVI, em agosto de 2024.
«A marca que imprimo em tudo o que diz respeito ao FC Porto, à SAD e a todo o grupo assenta em quatro pilares fulcrais: a competência, o rigor, a ambição e a paixão.»
Sobre o sucesso desportivo do FC Porto, em entrevista à RTP, em 2011.
«Foi uma vitória a toda a linha dentro do campo. E para a vitória ser mais completa, apagou-se a luz. Ficaram as trevas.»
«Já festejei muitos títulos, mas nunca às escuras. Foi uma novidade festejar de luz apagada e com chuveiro, com a água a correr debaixo para cima. Nunca me tinha acontecido. É uma experiência nova. Pensei que já tinha visto tudo.»
Declarações à imprensa, após sagrar-se campeão na Luz, em 2011, na equipa comandada por André Villas-Boas.
«Se eu fosse presidente da Câmara receberia o FC Porto, mas como sou presidente do FC Porto, não costumo assaltar câmaras...»
Em declarações à chegada a Portugal após a vitória na final da Liga Europa, em 2011.
«Espero que o André Villas-Boas ganhe todos os jogos, perca com o FC Porto e empate com o Mourinho»
Após André Villas-Boas sair para o Chelsea, em 2011.
«Quero aqui dizer, dirigindo-me ao André, quando um dia escreveres as tuas memórias em livro, coloca no título 'A minha cadeira de sonho'. Quando o disseste, foi com a convicção e amor que tens pelo FC Porto. Será sempre a tua cadeira de sonho. Se escreveres um livro nos próximos 30 anos, faço o teu prefácio.»
Na gala Dragões de Ouro, em 2011.
«Se não sou eu a segurar a TVI, é uma desgraça.»
À comunicação social, após apanhar um microfone da televisão que ia cair do púlpito.
«Criei uma amizade muito grande com o Sr. Fernando Martins, o que fez com que os nossos clubes se aproximassem. Ainda hoje, continuamos a ir estagiar para o Hotel Altis [fundado por Fernando Martins]. Sempre que lá entro, vejo aquela figura ao balcão à nossa espera.»
Sobre o antigo presidente do Benfica, entre 1981 e 1987, falecido em 2013.
«[Como é que correu?] Correr? Eu não posso correr. Foi tudo parado, tudo sentado.»
No Terreiro do Paço, em resposta a um jornalista, à saída de uma reunião com o ministro da Administração Interna, em 2014.
«Pedroto foi um lutador incansável, até na doença que sofreu. Tinha um lado humano e um enorme sentido de família. Homens como ele fazem falta a Portugal. Era um homem de coração, causas e paixões. Um nortenho a 100 por cento, que combatia o centralismo.»
Numa homenagem a José Maria Pedroto, em 2015, no Instituto Superior da Maia.
«Rui Moreira, António Oliveira, André Villas-Boas… Se um destes nomes se candidatasse, era prestigiante para o FC Porto. Com esses nomes, eu não me candidataria, estava tranquilo.»
Em 2020, sobre as eleições do FC Porto.
«Tenho pelo Sérgio Conceição um amor fraterno, de irmão mais velho que o viu chegar aqui com 16 anos, que acompanhou a sua carreira, a sua vida, escada acima, sem ajuda e apenas pela sua vontade. […] Vê-lo entre as duas taças é como se estivesse a ver um filho, um neto. É como o meu irmão mais novo. Tenho aqui um irmão para sempre.»
Numa receção à equipa com a entrega da taça de campeão no Museu do FC Porto, em agosto de 2020.
«Conta-se sobre um indivíduo que foi condecorado por ter salvo um menino caído ao rio, que quando lhe perguntaram qual era a sensação ele disse: “Só queria saber quem foi o sacana que me empurrou.” A única diferença, comparativamente, é que sei quem me empurrou. […] As dificuldades foram enormes. Pareciam inultrapassáveis. Só que defendia que nada era impossível e que o impossível apenas demora mais tempo.»
Numa cerimónia com adeptos, em abril de 2022, para comemorar os 40 anos de presidência do clube.
«Parece que andou tudo aos tiros, mas não foi ninguém para o hospital.»
Na reação à coação e às agressões na Assembleia Geral do do FC Porto, em novembro de 2023.
«Se alguém me condecorar a título póstumo, não quero que ninguém lá vá. Ai de quem for, que eu venho cá abaixo e dou um par de estalos. Uma estátua minha? Para quê? Para os cães irem lá mijar?»
«Quando temos os clubes uns contra os outros e a maioria dos jornais contra nós, não é uma guerra? É uma guerra. Quando a gente diz “somos dragões”, quer dizer que não somos os anjinhos ou nem gajos em quem vocês põem a mão no cachaço. Vocês podem tentar lixar-nos, mas, atenção, “nós somos dragões”.»
«A cadeira de sonho de Villas-Boas acabou quando lhe acenaram com dinheiro.»
«Antes de ser operado, deixei umas cartas escritas para os meus filhos e fiz dois comunicados: um a anunciar a minha morte, outro a dizer que tinha corrido tudo bem. Ao fim de 24 horas, acordei, vi muitas luzes e só disse: “Porra, estou vivo!” E adormeci outra vez.»
«Fico mais “à rasca” quando me começam a elogiar publicamente do que quando me assobiam. A minha preocupação é que o FC Porto ganhe.»
Revelações em entrevista à RTP, em janeiro de 2024.
«Damo-nos bem. Depois interrompemos quando ele foi para presidente do Benfica, porque outros acharam que não era bom ele ser meu amigo. Então, houve ali um corte, mas eu perdoei ao Luís Filipe Vieira e hoje estou com ele normalmente sem qualquer rancor.»
«A fortuna de Fernando Madureira não se deve a mim. Foi graças ao trabalho. Vendia bilhetes, se ganhava dinheiro, não era problema nosso. Considero-o meu amigo. Se fosse um traficante de droga, não seria.»
«Quando soube da minha doença, pensei "isto é uma chatice, tenho coisas para resolver", mas também pensei: “Finalmente, vou estar com a minha mãe.” Foi a pessoa mais importante da minha vida.»
«No meu funeral não quero ninguém de preto, em sinal de luto e tristeza. Quero toda a gente vestida de azul por três razões: é cor do céu, do manto de Nossa Senhora e do FC Porto.»
Confissões em entrevista à TVI, em agosto de 2024.