Do Uruguai à Dinamarca, da Ucrânia ao Uganda, de Alcochete a Braga. Chegaram das mais diferentes latitudes e são muitos os reforços do Arouca. Também houve saídas de peso, a começar por André Silva, o goleador da época passada. Mas no banco o sinal é de estabilidade. Armando Evangelista, o treinador que há dois anos conduziu a equipa no regresso à Liga e na época passada conseguiu a manutenção, faz a ponte e tem uma vez mais a responsabilidade de gerir esse plantel em jeito de nações unidas, com nada menos que 16 nacionalidades diferentes.
Esta é apenas a segunda passagem do Arouca pela Liga, depois de se ter mantido entre os grandes ao longo de quatro temporadas, entre 2013 e 2017. Na época seguinte ao histórico quinto lugar que valeu a presença nas competições europeias, o Arouca desceu e chegou a cair no Campeonato de Portugal. Depois, voltou a escalar a montanha, duas subidas de divisão em épocas consecutivas e uma temporada de regresso à Liga que terminou com a manutenção garantida na penúltima jornada.
O Arouca preparou a temporada com mais tranquilidade do que há um ano, quando precisou de passar o play-off para chegar à Liga. Mas tem muita gente para enquadrar. As mudanças tornaram-se imperiosas logo atrás, com as saídas do guarda-redes Victor Braga ou do central Abdoulaye e a rescisão com o capitão Thales Oleques. No meio-campo já não estão Leandro Silva, Eboué ou Pité e o ataque perdeu André Silva, o avançado que foi figura em Arouca ao longo das últimas temporadas e saiu para Guimarães.
O clube procurou reforçar-se em todos os setores e foi criativo na abordagem ao mercado, com algumas apostas interessantes. São até agora nada menos que 12 reforços. Para a baliza chegou o uruguaio Ignacio Arruabarrena, mais o jovem português João Valido. Na defesa, além da continuidade de Tiago Esgaio, cedido pelo Sp. Braga, e da chegada de Rafael Fernandes, ex-Sporting B, o clube apostou num central formado no Fulham e que chega da Dinamarca, Jerome Opoku, e no lateral ucraniano Bogdan Milovanov, que vem do Sp. Gijón, além do ugandês Mustafa Kizza. Para o meio-campo há duas apostas que alimentam expectativas: o espanhol Oriol Busquets, produto da escola do Barcelona, e o marfinense Ismaila Soro, que foi campeão na Escócia com o Celtic. Na frente, para já, as caras novas são o brasileiro Vitinho, que chega do Corinthians, e o espanhol Rafa Mújica, vindo do Las Palmas e também formado no Barcelona.
A nova viagem do Arouca pela Liga começa com a visita ao Benfica e segue com a receção ao europeu Gil Vicente, fechando o mês de agosto frente ao Sp. Braga. Um arranque em alta rotação que poderá começar a definir boa parte da época.
Começa a terceira época consecutiva no clube, coisa rara no futebol português. Evangelista, antigo médio natural de Guimarães, chegou a Arouca no início da temporada 2020/21. Como treinador, o seu percurso começou na formação do V. Guimarães, onde se manteve ao longo de várias temporadas, com uma passagem pelo Vizela pelo meio. Em 2015/16 começou a época ao comando da equipa principal do Vitória, mas saiu ainda em setembro, para dar lugar a Sérgio Conceição.
Treinou depois Varzim, Penafiel e Vilafranquense, até chegar a Arouca. Com Evangelista no banco, o clube conseguiu o regresso à Liga na primeira época, vencendo o Rio Ave no play-off de subida. E conseguiu manter-se à tona, naquela que foi apenas a segunda experiência do treinador no principal escalão. A fazer em Arouca o trabalho mais consistente da carreira até agora, o treinador de 48 anos vai procurar continuar a escrever história no clube.
Clique para ver o plantel completo
Entradas: Ignacio Arruabarrena (Wanderers), Rafa Mújica (Las Palmas), Morlaye Sylla (Horaya), Jerome Opoku (Vejle/Fulham), Tiago Esgaio (Sp. Braga, empréstimo), João Valido (V. Setúbal), Bogdan Milovanov (Sporting Gijón), Ismaila Soro (Celtic, empréstimo), Rafael Fernandes (Sporting B), Mustafa Kizza.
Saídas: Victor Braga, Fernando Castro, Brunão, Abdoulaye, Pité (Mafra), Eboué (fim de empréstimo); Leandro Silva (Hapoel Haifa), Marco Soares, Tiago Araújo (fim de empréstimo), Adílio Santos (Penafiel), Heliardo
Não é apenas o apelido. Em La Masía, a fábrica de talentos do Barcelona, Oriol era frequentemente comparado a Sergio Busquets, visto com potencial para suceder à eterna referência do meio-campo dos catalães. Não são parentes, já agora. Oriol também passou a adolescência a ter que responder a essa pergunta. Mas, nova coincidência, o pai de Oriol, Jordi, também foi guarda-redes na «cantera» do Barcelona.
Oriol passou por todos os escalões de formação do Barcelona, fez parte da equipa que venceu a Youth League em 2017/18 e cumpriu um longo percurso nas seleções jovens espanholas: em 2016 jogou frente a Portugal a final do Europeu sub-17, que a seleção nacional venceu nas grandes penalidades.
Chegou a ser opção na equipa principal do Barcelona, em dois jogos na Taça do Rei. Em 2018 sofreu uma lesão grave no menisco, que o deixou mais de seis meses longe dos relvados. Nesse ano renovou contrato e ficou com uma daquelas cláusulas de rescisão estratosféricas que na prática se limitam a alimentar títulos na imprensa, 200 milhões de euros.
Em 2019 assumiu a opção de rodar longe da casa-mãe e rumou à Holanda para jogar no Twente, onde foi utilizado sobretudo a central. Na altura, o Maisfutebol escreveu sobre o seu potencial.
Voltou à Catalunha em 2021, mas não encontrou espaço no Barcelona. Terminava contrato, não renovou. Foi então contactado pelo Arouca, segundo revelou agora, mas decidiu rumar a França para representar o Clermont Foot, recém-promovido à Ligue 1. Teve pouco tempo de jogo e ao fim de uma época aceitou por fim o convite do Arouca. Aos 23 anos, o desafio de Oriol é fazer justiça à enorme expectativa que alimentou ao longo de 14 anos de ligação ao Barcelona. Não é pouco.
Arruabarrena;
Esgaio, Basso, Opoku, Mateus Quaresma
Oriol, David Simão, Alan Ruiz
Bukia; Oday; Arsénio