Ciclismo, 26 anos
O primeiro português a conquistar duas medalhas na mesma edição dos Jogos Olímpicos. Aconteceu, em Paris. Meros dias após a conquista da prata na prova de «omnium», o vianense agarrou-se ao elo – de alma – com Rui Oliveira para alcançar o sonho no «madison». Estava escrito.
Em janeiro, Iúri Leitão repetiu 2020 e 2022 e conquistou o Europeu de «scratch», nos Países Baixos. Seguiram-se triunfos em etapas na Volta à Grécia, na Volta ao Alentejo – prova na qual venceu a classificação por pontos – e no Grande Prémio Internacional Beiras e Serra da Estrela, pela Caja Rural.
Até que chegou o momento de brilhar em Paris2024. Por duas vezes, a astúcia e resiliência de Iúri Leitão despertaram a curiosidade dos portugueses quanto às dinâmicas do «omnium» e do «madison», além de emoções à flor da pele.
A fechar, em setembro, Leitão não participou no Europeu de estrada, devido a doença. Em todo o caso, não há vírus capaz de diminuir o ano memorável deste ídolo de Viana do Castelo.
Ciclismo, 28 anos
Juntos no «madison», nos treinos em Sangalhos, no ouro e nas congratulações de Cristiano Ronaldo.
O ouro de Iúri Leitão foi partilhado com Rui Oliveira, gaiense de 28 anos. A dupla contabilizou 55 pontos (35 no sprint, outros 20 de volta), mais oito face a Itália e 14 de vantagem sobre a Dinamarca.
Este foi o sexto ouro de Portugal nos Jogos Olímpicos, o primeiro fora do atletismo. Assim, os ciclistas juntaram-se a Carlos Lopes, Rosa Mota, Fernanda Ribeiro, Nélson Évora e a Pedro Pichardo.
De 2024, Oliveira, vinculado à poderosa UAE Emirates – de Pogacar e João Almeida – vai também recordar o 2.º lugar no Campeonato Nacional de Estrada, prova na qual apenas foi superado por Rui Costa.
O velódromo de Sangalhos aguarda pelos renovados objetivos e sonhos de Rui Oliveira e demais camaradas de aventura.
Judo, 25 anos
Num verão olímpico de dissabores vários para o judo, a medalha surgiu na categoria -78kg, num dia quase perfeito – e inesquecível – para Patrícia Sampaio.
Depois de três triunfos com ippon, sucumbiu aos trunfos da italiana Alice Bellandi nas meias-finais. Em todo o caso, a tomarense – ou nabantina – agigantou-se diante a japonesa Ryka Takayama.
Desta forma, a judoca elevou-se ao patamar de Nuno Delgado (2000), Telma Monteiro (2016) e Jorge Fonseca (2021), que também conquistaram a medalha de bronze.
E a receção na cidade natal foi de calibre idílico. Perante uma multidão e junto de pequenos judocas, Patrícia Sampaio sorriu, emocionou-se, demonstrou gratidão e recordou a formação pela Sociedade Filarmónica Gualdim Pais.
De olhos nos próximos capítulos, a judoca já apontou à conclusão da licenciatura em Ciências da Comunicação pela Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade NOVA de Lisboa.
Basquetebol, 25 anos
O segundo embaixador da geração de '99 neste top-10 é um dos principais responsáveis pelo crescimento do basquetebol português. Afinal, foi o primeiro luso a conquistar a NBA, a ostentar o invejável anel e a visitar a Casa Branca na condição de campeão.
Capitalizando o espaço na equipa satélite, Neemias acumulou créditos na G-League, liderando a campanha dos Maine Celtics. Nesse percurso, aquando da final da Conferência Este, o português aplicou 16 pontos e 19 ressaltos, o que valeu um contrato «standard» com os Cetlics.
Depois de perder para os Oklahoma City Blue na final da G-League, Neemias foi a tempo de se estrear nos playoffs e na final da NBA.
Por fim, a 18 de junho – um dia depois de perder o pai, por doença prolongada – o poste tornou-se no primeiro português a erguer o troféu da NBA, ao 31.º jogo em 2023/24 pela equipa principal.
Desde então, o gigante nascido no Vale da Amoreira, na Moita (Setúbal), viu o contrato atualizado, sendo aposta a partir do banco, numa temporada bem mais exigente.
A 5 de novembro, o poste fez a estreia a titular, frente aos Atlanta Hawks.
Portugal continua de olho em Neemias Queta, ídolo que abriu as portas do basquetebol norte-americano a jovens talentos e que serve de mote para tantas carreiras a despontar.
Ciclismo, 26 anos
Na sombra de um campeão estão autênticos heróis, prontos a sacrificarem o corpo e abdicarem do prestígio individual. Esta frase resume a carreira edificada a pulso por João Almeida, com princípios que marcaram mais um ano do ciclista da UAE Emirates, equipa liderada pelo imparável Tadej Pogacar.
Sublinhe-se, o sucesso deste esloveno está alicerçado – além do talento – na resiliência de colegas como João Almeida. E a humildade do português, natural de A dos Francos, nas Caldas da Rainha, não passa despercebida.
Em junho, ainda que tenha vencido uma etapa e o contrarrelógio na Volta à Suíça, o português respeitou o 1.º lugar na classificação geral do colega Adam Yates. Por isso, Almeida não forçou o golpe de teatro e mostrou-se feliz por ajudar o britânico.
Um mês volvido, no Tour de France, o «Bota Lume» fez «das tripas coração» para proteger a camisola amarela de Pogacar, terminando no 4.º lugar da classificação geral. Ora, assim, tornou-se no primeiro português a figurar no top-5 das três principais voltas (França, Espanha e Itália).
Ainda que o fim de época tenha contado com dissabores vários – desistência da Vuelta (Covid-19) e dos Mundiais de estrada (queda) – João Almeida é reconhecido por colegas e rivais como um dos principais «gregários» no pelotão internacional.
Por cá, cada participação nas grandes provas suscita debates e comparações a Joaquim Agostinho.
Triplo salto, 31 anos
Num ano marcado por sucessivos recados ao Benfica e ao Governo, e até de incógnitas sobre o futuro, o atleta sagrou-se vice-campeão da Europa em junho, em Roma, quebrando o recorde nacional e europeu (18,04 metros). O ouro – e o recorde continental – apenas escapou face ao voo de Jordan Díaz (18,18 metros), atleta naturalizado espanhol.
Entretanto, antes de Paris2024, Pichardo e Díaz trocaram «mimos» na comunicação social e nas redes sociais, gerando particular atenção à disputa pelo ouro olímpico. Mas, uma vez mais, o espanhol superou o português, desta feita por dois centímetros (17,86 metros e 17,84 metros). Assim, Pedro Pichardo foi incapaz de repetir o feito de Tóquio2020.
Por fim, em setembro, o atleta aproveitou a ausência de Jordan Díaz para conquistar a Liga Diamante, em Bruxelas. O português saltou 17,33 metros e arrecadou o terceiro triunfo neste circuito.
Natação, 20 anos
O arranque de 2024 confirmou este jovem, natural de Coimbra, como a principal esperança lusa na natação. Em fevereiro, o atleta do Benfica brilhou nos Mundiais, no Qatar, conquistando o ouro nos 50 metros mariposa e nos 100 metros mariposa – com recorde nacional (51,17 segundos).
Se estes feitos são já por si de uma dimensão assinalável, importa sublinhar que se tratou da estreia de um português de ouro ao peito num Mundial de natação.
Na antecâmara de Paris2024, Diogo Ribeiro venceu o Open de Espanha, na categoria de 50 metros livres.
Face a este contexto, as expectativas para os Jogos Olímpicos eram elevadas. Todavia, a campanha ficou longe do esperado, uma vez que Ribeiro falhou as meias-finais dos 100 metros livres e a final dos 50 metros livres.
Por fim, e de regresso aos Nacionais de juniores, Diogo Ribeiro quebrou o recorde nacional e pessoal nos 100 metros mariposa em piscina curta (50,35 segundos). Abrir e fechar o ano com triunfos, numa carreira em edificação.
«Spoiler alert»: é o mais jovem atleta neste top-10.
Ginástica, 28 anos
Mais de 20 anos de dedicação a esta paixão valeram à ginasta portuense a participação em três edições dos Jogos Olímpicos, além de várias conquistas. E 2024, não só pelo fim da carreira, é um ano inesquecível para Filipa Martins.
Em Paris, tornou-se na primeira ginasta portuguesa a participar na final do «all-around», conseguindo o 20.º lugar entre 24 participantes. Especialista na trave, brilhou com distinção, acumulando 13.566 pontos, o máximo pessoal na referida final.
De sorriso na cara – e emoções à flor da pele – Filipa Martins deu o mote para o futuro.
Quanto aos próximos passos, a melhor ginasta da história lusa aponta à carreira de treinadora e à conclusão do mestrado em Treino Desportivo pela Faculdade de Desporto da Universidade do Porto.
Andebol, 22 anos
O segundo atleta nascido no século XXI neste top-10 é um segredo «mal guardado» pelo Sporting. Ora, o lateral e central é considerado um dos mais promissores jovens na modalidade.
Em novembro, foi eleito o melhor jovem na Europa. Recuemos a janeiro.
No Europeu, Martim Costa, ao cabo de sete jogos, marcou 54 golos, sendo apenas igualado por Mathias Gidsel. Em todo o caso, o dinamarquês disputou oito encontros.
Pelo Sporting, em 2023/24, o jovem gaiense aplicou 279 golos, contribuindo de forma decisiva para a conquista de Liga, Supertaça e Taça, além da campanha até aos «quartos» da Liga Europeia.
Desta forma, Martim Costa foi o segundo melhor marcador dos leões, apenas superado pelo irmão, Francisco Costa, de 19 anos (301 golos).
A cumprir a quarta temporada pelo Sporting, Martim Costa acumula 172 golos, brilhando nas provas internas e na Liga dos Campeões.
De recordar, por fim, que Martim e Francisco Costa são treinados pelo pai, Ricardo Costa, e fruto do amor entre este técnico e Cândida Mota, que edificou a carreira de atleta e treinadora no Colégio dos Carvalhos. Foi nesta casa que o marido e os filhos iniciaram a formação.
Uma família ligada ao passado, presente e futuro do andebol nacional.
Ténis, 27 anos
Do ano deste maiato acumulam-se memórias daquela tarde de 21 de julho, em Bastad, na Suécia, quando derrotou Rafael Nadal (6-3 e 6-2). Perante o astro espanhol, em fim de carreira, Nuno Borges acelerou na escalada do ranking mundial, depois de selada a primeira conquista no circuito ATP (categoria 250).
Este foi um ano repleto de motivos para sorrir. Depois de estrear o ténis luso nos «oitavos» do Open da Austrália, Borges quebrou a fronteira do top-50 do ranking.
Em maio, tornou-se no terceiro português a alcançar a quarta eliminatória de uma prova ATP 1000, no caso o Masters de Roma. Antes, somente João Sousa e Frederico Gil o conseguiram.
Para subir até ao 36.º posto da hierarquia mundial, Nuno Borges firmou créditos no Masters de Montreal, no Canadá, alcançando os «16-avos», assim como no US Open, prova na qual atingiu os «oitavos».
Entre pequenos triunfos, o maiato chegou a espreitar o recorde de João Sousa (28.º lugar no ranking mundial).
Em suma, Nuno Borges é porta-estandarte do ténis luso, mirando os adversários nos olhos e jogando com o coração a mil. É um atleta recheado de emoções, o que transparece durante os desafios, à boa maneira portuguesa.
Para seguir com atenção e paciência.