Esta é apenas a segunda vez que a Áustria consegue a qualificação para o Campeonato da Europa (em 2008 foi coorganizadora, por isso não conta).
Em 2016 falávamos de um país a recuperar o amor perdido pelo futebol, sobre a beleza das seleções que correm como “outsiders”, assim como a alegria de ver crianças no parque com a camisola da seleção, e não do Bayern de Munique ou do Barcelona.
Cinco anos depois o ambiente no país é muito diferente. A qualificação até foi consistente, com a Áustria a ficar em segundo lugar, atrás da Polónia, mas o entusiasmo é reduzido. Porquê? Bem, a Áustria fez bem o trabalho e bateu as equipas que precisava bater, mas sentiu dificuldades ao defrontar adversários de igual ou superior qualidade. Não houve surpresas nem grande alegria.
Tal como acontece em muitos países, na Áustria também se diz muito que tudo era melhor antigamente. É uma fuga fácil que remete para memórias aconchegantes do passado, e deixa a nostalgia ditar o presente e o futuro. O estranho é que a Áustria nunca teve um onze tão forte quanto aquele que apresenta atualmente.
Liderada em campo por David Alaba, a seleção orientada por Franco Foda tem um impressionante leque de opções. Alguns jogadores já mostraram a sua qualidade (Marko Arnautovic, Julian Baumgartlinger, Aleksandar Dragovic ou Andreas Ulmer), outros estão no melhor momento de sempre (Marcel Sabitzer, Stefan Lainer, Martin Hinteregger e Valentino Lazaro), e alguns jovens fizeram épocas fabulosas nos clubes (Cristoph Baumgartner, Sasa Kalajdzic e Phillip Lienhart).
E a liderar a seleção está Franco Foda, o melhor treinador que já passou pelo cargo, pelo menos a avaliar pelos resultados.
Ainda assim a seleção é criticada por ser demasiado negativa e orientada para os resultados. O capitão, Julian Baumgartlinger, chegou a dizer que, no passado, a Áustria «morreu virtuosamente», e que agora querem evitar isso.
Tudo está bem quando os resultados são favoráveis, mas após um início atribulado na qualificação para o Mundial, incluindo uma goleada sofrida na receção à Dinamarca (0-4), Franco Foda assumiu que era preciso «repensar algumas coisas», embora realçando que «era preciso ter em conta os últimos três anos. Por outras palavras: Früher war alles besser. Antigamente é que era bom.
Este será um torneio muito interessante para a Áustria. Será que a qualidade dos jogadores vai aparecer e a equipa conseguirá surpreender? Se assim for, talvez possamos falar da beleza dos “outsiders” e ver crianças no parque com camisolas de Arnautovic, Alaba e Kalajdzic.