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Benfica conquista a Eusébio Cup (TIAGO PETINGA/LUSA)

Análise

O Benfica parte para 2024/25 sob pressão. Ela existe sempre, claro, mas desta vez é reforçada por mais uma temporada abaixo das expectativas, que terminou com Roger Schmidt na berlinda. O treinador continua, tentando recuperar a dinâmica dos seus primeiros tempos em Portugal. Ganhou mais opções para colmatar lacunas antigas, mas perde desde já João Neves, a grande revelação da última temporada. Num clube que tem vivido numa lógica de movimento permanente de mercado, esse será seguramente até ao fecho da janela de transferências factor de incerteza. E, lá está, de pressão, na gestão da equipa mas também por parte dos adeptos, com muitas vozes críticas em relação à política de transferências.

Para já, a outra saída relevante foi a de Rafa, em final de contrato. Quanto a entradas, são quatro até agora, incluindo o regresso de Renato Sanches, que faz o caminho inverso de João Neves. Aos 26 anos, o médio chega por empréstimo do PSG, à procura de reencontrar a melhor versão de si próprio, depois de um percurso irregular nos oito anos que passaram desde que deixou a Luz.

Depois de duas épocas de gastos na ordem dos 100 milhões de euros, o Benfica apresenta neste defeso valores mais comedidos, para já. Ainda assim, voltou ao mercado uma vez mais pela referência para o ataque que procura desde a saída de Gonçalo Ramos e fez uma aposta forte no grego Vangelis Pavlidis, que chegou do AZ Alkmaar. Para o lado esquerdo da defesa, também sem ter sido encontrada até aqui uma alternativa à altura de Grimaldo, chegou o alemão Jan-Niklas Beste. As indicações da pré-temporada deixam a ideia de que o Benfica pode estar mais perto de ter soluções que permitam recriar o jogo de intensidade e pressão que caracterizou a equipa nos primeiros meses com Roger Schmidt.

O médio Leandro Barreiro, que também chegou da Alemanha, é até agora o terceiro reforço das águias. Mas há mais caras «novas», resgatadas do longo manancial de jogadores dos quadros do clube. Entre elas a promessa Prestianni, o jovem talento argentino que chegou em janeiro mas esteve limitado à equipa B e foi uma das figuras da pré-temporada. Ou Rollheiser, que estava nas mesmas condições, ou ainda o regressado Schelderup.

O Benfica volta também a contar com Di María, que estava em fim de contrato mas prolongou o vínculo. Numa época que terá uma vez mais várias frentes, das competições nacionais à Liga dos Campeões, são mais de 30 os jogadores à disposição de Roger Schmidt, várias opções para cada posição, a dar uma vez mais a ideia de um plantel com grande profundidade e com jogadores de diferentes características, para diferentes soluções. Uma das questões reside em saber em que medida o treinador tirará partido dela, ele que foi acusado precisamente de falhar na rotação da equipa.

Pré-época: Roger Schmidt no Benfica-Fulham (LUIS BRANCA/Lusa)

Treinador: Roger Schmidt

Roger Schmidt ficou na Luz para uma terceira temporada, apesar de ter terminado a época passada sob evidente desgaste. Houve contestação nas bancadas e críticas duras do técnico em resposta aos adeptos, mas no meio desse caldo de tensão a direção do Benfica optou pela continuidade do treinador. Esse voto de confiança é também um desafio à capacidade do alemão para voltar às origens, à dinâmica que lhe valeu o título de campeão nacional na primeira temporada. Schmidt chegou no verão de 2022 e, aliado a um discurso positivo, começou por pôr em prática na Luz aquilo que o distinguia como referência de um futebol sedutor, assente em intensidade e pressão. Uma primeira metade de época demolidora embalou o Benfica, que foi campeão pela primeira vez em quatro anos, mesmo com sinais de quebra na reta final. Começou a época passada a ganhar a Supertaça, mas seguiu-se uma Liga dos Campeões medíocre e uma campanha doméstica irregular. O Benfica salvou ainda assim, por via indireta, o objetivo essencial do acesso à renovada Liga dos Campeões e é mais uma temporada de exigência máxima aquela que tem pela frente Roger Schmidt, sabendo que a margem de tolerância é cada vez mais curta.