Brasileiro
92 anos
Tem ainda hoje o recorde de títulos mundiais: quatro vezes campeão do Mundo, sendo duas como jogador, uma como treinador e uma como coordenador técnico. Conhecido como «Velho Lobo», dividiu a carreira entre Flamengo e Botafogo, dois gigantes do Rio de Janeiro que disputam o título de clube do coração, mas o emblema que Zagallo mais amou foi sempre o do Brasil. Por isso deixou o nome intimamente ligado à Seleção. Morreu aos 92 anos, no dia 5 de janeiro, e o governo brasileiro decretou três dias de luto nacional.
Alemão
78 anos
Franz Beckenbauer foi campeão do mundo como jogador e como treinador, foi campeão da Europa, ganhou três Ligas dos Campeões e duas Bolas de Ouro. O legado dele, porém, vai muito além dos troféus. Depois de Beckenbauer, a palavra «defesa» ganhou todo um outro valor e os miúdos perceberam que era possível idolatrar um jogador assim. Conhecido como «Der Kaiser», faleceu no dia 7 de janeiro, aos 78 anos, depois de uma vida cheia, que o tornou figura crucial na transformação do Bayern Munique em potência mundial.
Alemão
63 anos
Faleceu a 20 de fevereiro, com 63 anos, vítima de paragem cardíaca, ele que fez parte, ao lado de Lothar Matthäus e de Klinsmann, da trilogia germânica com que o Inter Milão roubou a hegemonia ao Milan, de Van Basten, Gullit e Rijkaard, e ao Nápoles, de Maradona e Careca. Disputou três Mundiais (1986, 90 e 94), tendo ficado famoso por fazer, de penálti, o golo que garantiu o título mundial, no Itália 90, frente à Argentina de Maradona. Foi um jogador ambidestro e tanto jogava à direita, como (sobretudo) à esquerda da defesa.
Português
78 anos
Foi goleador, avançado elegante e requintado, que eternizou um pontapé de moinho lendário. Foi treinador, o primeiro português campeão da Europa e o primeiro campeão numa Liga estrangeira. Foi selecionador. Foi ativista, fundador do Sindicato de Jogadores, político candidato a deputado pelo MDP nas primeiras eleições livres. Foi um homem de cultura, amante de livros e de música, que estudou letras, colecionou arte e escreveu poesia. Foi uma figura maior na galeria eterna do futebol português. Ele que nasceu no Porto e jogou no FC Porto, até trocar o clube e a cidade por uma licenciatura em Filologia Germânica em Coimbra. Tornou-se goleador no Benfica e regressou às Antas para substituir José Maria Pedroto, guiando o clube ao troféu de campeão europeu em 1987, na inesquecível Viena. Depois emigrou para Paris e tornou-se campeão pelo PSG. Morreu dia 22 de fevereiro, com 78 anos.
Norte-americano
76 anos
Orenthal James Simpson ultrapassou a pobreza e o raquitismo para ser primeira escolha do draft, antes de bater vários recordes no futebol americano. Alguns dos quais duram até hoje. Após o fim da carreira tornou-se ator em sucessos como «Onde pára a polícia?». Já era, portanto, rico e famoso, quando a 17 de junho de 1994 se tornou planetário: durante duas horas, 95 milhões de pessoas viram em direto 20 carros e nove helicópteros da polícia perseguir um Ford branco com OJ Simpson lá dentro pelas ruas de Los Angeles. Até a NBC interrompeu a transmissão das finais da NBA entre os Knicks e os Rockets para acompanhar a perseguição. Depois de se entregar, OJ foi julgado pelo duplo homicídio da esposa Nicole e de um amigo, num julgamento altamente fracionado pelas questões raciais e que deu origem a dezenas de filmes, séries e documentários. No fim foi ilibado. Morreu no dia 11 de abril, aos 76 anos, vítima de cancro.
Argentino
85 anos
Teve uma carreira decente como jogador, em clubes como o Boca Juniors ou o Santos, mas foi como treinador que deixou marca no futebol. Em 1975, após ser campeão argentino com o modesto Huracán, foi chamado para liderar a seleção. Em 1978, no Mundial que a Argentina jogou em casa, criou um escândalo quando abdicou de Maradona, para dar a camisola 10 a Mario Kempes. O tempo haveria de lhe dar razão: foi campeão do Mundo e Kempes foi eleito o melhor jogador. No ano seguinte, foi campeão mundial de juniores, aí sim, já com Maradona a liderar a equipa. Deixou a seleção após o Mundial 82, treinou grandes clubes como River Plate, Boca Juniors, Independiente, At. Madrid e Barcelona e marcou o futebol com um estilo de jogo ofensivo, apaixonado e elegante, que ainda hoje serve de referência a treinadores como Pep Guardiola. Faleceu em 5 de maio de 2024, aos 85 anos, após um grave caso de anemia.
Português
73 anos
Lenda do Sporting e ídolo de gerações de adeptos leoninos, faleceu em junho de 2024, com 73 anos de idade, pouco tempo após a equipa conquistar o título de campeão e ir mostrar-lhe a taça ao hospital. Uma justa homenagem para um homem que era, todo ele, Sporting: era Sporting dos pés à ponta dos cabelos. Uma paixão que lhe foi passada pela mãe, que morreu quando ele ainda era uma criança de 10 anos, e que Manuel Fernandes honrou toda a vida. Jogou no clube 12 anos, mas viveu-o muitos mais, como treinador, como adjunto, como embaixador até. Para a história deixou 433 jogos e 255 golos com a camisola verde e branca, sendo o jogador com mais jogos na primeira divisão e o segundo com mais golos (a seguir a Peyroteo) na história do clube. Entre os muitos golos, é impossível esquecer aqueles quatro apontados a 14 de dezembro de 1986, na história goleada por 7-1 sobre o Benfica.
Sueco
76 anos
Faleceu em 26 de agosto de 2024, aos 76 anos, após uma longa luta contra o cancro. A notícia não apanhou ninguém desprevenido, de resto: o sueco já tinha anunciado no início do ano que estava na fase terminal da vida. Mesmo assim, a comoção foi geral, numa prova inequívoca do reconhecimento do mundo do futebol. Eriksson foi um gentleman, que deu nas vistas no IFK Gotemburgo, brilhou em duas passagens pelo Benfica e atingiu o topo ao comandar das gerações mais talentosas da Lazio e da Seleção Inglesa. Ele que, acima de tudo, consolidou a figura do treinador gestor, enfatizando numa época muito rígida a importância da construção de relações interpessoais e de um ambiente positivo de trabalho como caminho para o sucesso. Na Luz foi três vezes campeão e esteve em duas finais europeias.
Congolês
59 anos
Foi escolhido dez vezes para o All Star Game da NBA, vencedor de quatro prémios para defesa do ano e eleito para o Hall of Fame, mas foi também um humanista, que construiu até um hospital em Kinshasa, batizado com o nome da mãe: Biamba Marie Mutombo. Poliglota, Dikembe Mutombo falava francês, inglês, espanhol e português, além de cinco idiomas da África Central. Estava destinado a ser médico e foi para isso que viajou para a Universidade de Georgetown, nos Estados Unidos. Mas os quase 2,20 metros trocaram-lhe as voltas e acabou por seguir o basquetebol. Foi a quarta escolha do Draft de 1991 e atuou durante 18 anos na NBA, em equipas como os Denver Nuggets, os Atalanta Hawks, Philadelphia 76ers, os New Jersey Nets, os New York Knicks e os Houston Rockets. Faleceu a 30 de setembro, vítima de um cancro no cérebro diagnosticado em 2022. Tinha 59 anos.
Neerlandês
73 anos
Um dos expoentes máximos da Laranja Mecânica, de Rinus Michels, que um dia disse, sobre ele, que era «o pilar que sustentava o prédio» do futebol total. Ao lado de Cruijff e Rinus Michels, brilhou no Ajax, na seleção neerlandesa e no Barcelona. Venceu três Liga dos Campeões consecutivas e foi peça fundamental na seleção que chegou a duas finais seguidas do Campeonato do Mundo, em 1974 e 1978. Foi um médio centro muito trabalhador e inteligente com bola, que gostava de se assumir como o patrão da equipa, o jogador que mostrava o caminho por onde desenvolver as jogadas de ataque. Provavelmente por isso era adorado pelos adeptos. Quando não chegou a acordo com o Barcelona para renovar contrato, por exemplo, os adeptos fizeram uma manifestação contra a direção em frente à casa dele. Morreu em outubro, na Argélia, onde se encontrava no âmbito de um projeto de cariz social.