Há três anos a Eslováquia estava numa encruzilhada. Tinha falhado a qualificação para o Mundial e parecia evidente que a seleção precisava de ser reconstruída. A base começou a desmoronar, e três titulares de longa data retiraram-se: o avançado Adam Nemec, o lateral esquerdo Tomas Hubocan e o central Martin Skrtel.
A ocupar esse espaço surgiu uma geração mais jovem, com jogadores como Milan Skriniar ou Stanislav Lobotka. A Eslováquia tinha feito uma boa campanha no Europeu sub-21 disputado em 2017, e Pavel Hapal, que era o selecionador, foi promovido à equipa principal.
A caminhada para o Euro2020 foi longa e difícil, e o apuramento só foi alcançado no playoff. Na meia-final eliminaram a Irlanda num dramático desempate por penáltis, após o qual Hapal foi estranhamente despedido. Para o seu lugar entrou Stefan Tarkovic, antigo adjunto da seleção, que comandou o triunfo sobre a Irlanda do Norte, na final do playoff.
Perante isto, a euforia em torno do Europeu está longe do nível de 2016. A relação entre a seleção eslovaca e os seus adeptos deteriorou-se com os maus resultados, incluindo um arranque atribulado no apuramento para o Mundial. Marek Hamsik, a estrela da equipa, esteve ausente por lesão, e sem ele tornou-se ainda mais penoso ver jogar a seleção eslovaca.
Mas depois a seleção de Tarkovic surpreendeu toda a gente ao bater a Rússia. «É incrível a quantidade de pessoas que não quer o nosso sucesso. Não temos adeptos verdadeiros em quantidade suficiente, mas esta vitória é dedicada a eles», disse então o extremo Robert Mak.
Os jogos de março foram uma lição tática para Tarkovic. A equipa sentiu mesmo a falta de Hamsik, a estrela da companhia desde a estreia, em 2007.
O 4x2x3x1 depende da criatividade de Marek para alimentar os velozes extremos, Mak e Albert Rusnak. Na frente de ataque há uma cara nova: Robert Bozenik, avançado do Feyenoord, de 21 anos.
Ondrej Duda é o jogador mais próximo de Hamsik no estilo de jogo, e por isso Tarkovic até já os tentou conciliar, utilizando Duda como “falso 9” num sistema de 4x6x0.
Laszlo Benes também pode ter um grande futuro pela frente, e há ainda uma jovem estrela a aparecer no Groningen: o médio ofensivo Tomas Suslov. Aos 19 anos já tem a confiança e a qualidade de um jogador experiente.
A maior preocupação é a defesa, onde Skriniar não tem um parceiro à altura. Depois as opções para a posição de lateral esquerdo são tão limitadas que Hubocan, de 35 anos, teve de interromper a reforma da seleção. Se Hubocan dá consistência defensiva, o lateral direito Peter Pekarik tem de apoiar o ataque, algo que faz incansavelmente desde 2008. Mas a verdade é que já tem 34 anos, e a dada altura terá de ser substituído.