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Inglaterra: a análise

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Embora o entusiasmo à volta da seleção inglesa tenha acabado por deixar uma imagem ridícula, em ocasiões anteriores, desta vez o otimismo parece justificado. Não há necessidade de assumir um complexo de inferioridade. É escusado dizer que a equipa de Gareth Southgate é capaz de acabar com a conversa de 1966 e afins.

Isto não é a habitual arrogância inglesa antes de um grande torneio. Não faz sentido negar que a Inglaterra, que limpou a qualificação, está entre os principais candidatos ao título. Possui um ataque temível e progrediu depois de ter alcançado as meias-finais do Mundial2018, acrescentando profundidade à equipa, graças à entrada de jovens de excelente qualidade.

É entusiasmante imaginar jogadores tecnicamente dotados, como Mason Mount ou Phil Foden, a fazer a ligação ao capitão, Harry Kane. Jack Grealish é outro jogador que oferece imprevisibilidade, e é tentador assumir que a principal questão é saber como Southgate vai montar o ataque. Raheem Sterling não pode ser descartado, apesar da forma irregular no Manchester City, e Marcus Rashford continua a ser um jogador fundamental, apesar das lesões sofridas ao longo da época.

Ainda assim aplicam-se algumas ressalvas. Apesar do entusiasmo em redor do ataque, persistem dúvidas no resto da equipa. Jordan Pickford pode ser errático na baliza, e a defesa é uma preocupação. Harry Maguire tem lacunas ao nível da velocidade, e ainda que a reabilitação de Stones seja bem-vinda, o erro contra a Polónia, em março, mostra que isso não está completamente estabilizado.

A preocupação de Southgate é que a Inglaterra escorregue frente a adversários mais fortes. E é por isso que também tem testado um esquema de três defesas. Embora seja criticado pelo conservadorismo, o selecionador inglês está consciente da necessidade de defender bem, e não vai atirar as cautelas ao ar se usar o 4x3x3. Não é de esperar que Declan Rice fica a aguentar tudo no meio-campo defensivo. É provável que a estratégia passe por um duplo pivot à frente da defesa. «Temos de encontrar o equilíbrio», avisou o selecionador.

Esse é o desafio do selecionador: a Inglaterra precisa ser taticamente astuta frente às melhores equipas, mas também precisa de jogar ao ritmo certo, sem medo, de forma aventureira. Southgate não quer ser acusado de retrair a equipa.

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Gareth Southgate

O selecionador: Gareth Southgate

A cadeia Marks & Spencer (M&S) estima que a venda de coletes tenha aumentado 35 por cento durante o Mundial2018, quando a escolha de indumentária do selecionador inglês o transformou em ícone da moda.

A tendência para apostar em dois médios de contenção mostra que dificilmente será mais atrevido taticamente do que no vestuário, mas é um zelador sensível e sério para esta geração de talento ofensivo.

Chega ao Europeu com a terceira melhor percentagem de vitórias de selecionadores ingleses, atrás de Fabio Capelo e de Sam «um jogo» Allardyce.

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Marcus Rashford (FareShare)

A figura: Marcus Rashford

No último ano Marcus Rashford deixou de ser “apenas” um jogador invulgarmente talentoso, e transformou-se numa figura de verdadeira importância nacional. Insurgiu-se contra o governo britânico por causa das refeições escolares, recebeu a Ordem do Império Britânico e tornou-se um produto comercial muito valioso. O jogador do Manchester United juntou-se à Roc Nation, a agência de talentos de Jay Z; lançou uma parceria solidária com a Burberry – uma fotografia sua tornou-se a publicação com mais “gostos” de sempre da marca de roupa, no Instagram – e ainda conduziu um programa de culinária com o chef Tom Kerridge, que tem estrelas Michelin. Ah, e ainda criou um clube do livro para crianças com deficiência, e escreveu ele próprio um livro, chamado «You are a Champion» (Tu és um campeão).

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Onze provável

4x3x3

Pickford; Walker, Stones, Maguire, Chilwell; Henderson, Rice, Mount; Foden, Kane, Sterling.

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Bellingham (AP)

Jogador mais grato pelo adiamento: Bellingham

Há um ano era um miúdo que jogava no Championship. Agora é um miúdo que joga na Liga dos Campeões, o que muda completamente a perspetiva. A sucessão de exibições fantásticas no Borussia Dortmund, aliada à lesão de alguns médios, tornaram inevitável a sua inclusão na lista, perante a aprovação de Southgate: «Não podia estar mais impressionado com ele enquanto ser humano», referiu o selecionador.

Se a Inglaterra passar a fase de grupos pode vir a ter oportunidade de jogar os oitavos de final no dia de aniversário, em Wembley.

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O que os adeptos cantam

Enquanto existirem três leões na camisola da seleção inglesa, o hino do Euro96 vai ouvir-se por esses terraços fora. Embora na altura já fossem 30 anos de dor, sem um título mundial, e agora sejam 55, o que é mais deprimente e também muito mais difícil encaixar na canção.

Interpretada por Baddiel, Skinner e os Lightning Seeds, a canção inclui estes versos:

«Everyone seems to know the score, They've seen it all before, They just know, They're so sure – That England's gonna throw it away, Gonna blow it away, But I know they can play, 'Cause I remember»

«Toda a gente parece saber o resultado, já o viram antes. Eles simplesmente sabem, têm a certeza, que a Inglaterra vai atirar tudo ao ar, vai estragar tudo. Mas eu sei que eles sabem jogar, pois eu lembro-me.»

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O que os adeptos dizem

«Can we not knock it?!»

«Podemos não jogar longo?!»: uma frase do desastroso selecionador Graham Taylor, ocasionalmente repetida com ironia.

«Oh God, not another penalty shootout”

«Oh Deus, outra vez penáltis!»: a contabilidade da Inglaterra em desempates por penáltis é a mesma em Mundiais e em Europeus: uma vitória em quatro (em cada uma das provas). Qual o elo comum entre as duas vezes que venceu? Gareth Southgate não cobrou penálti.

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Herói/vilão da pandemia

Muitos jogadores fizeram um trabalho admirável junto das suas comunidades, ao longo dos últimos 15 meses, mas há exceções, e muitas delas envolvem jogadores da seleção inglesa. Mason Greenwood e Phil Foden foram excluídos de uma viagem internacional da seleção inglesa por terem estado em convívio com duas primas islandesas durante o estágio, quebrando as regras de combate à pandemia.

Já em Inglaterra, Kyle Walker foi anfitrião de uma festa um dia antes de publicar uma mensagem nas redes sociais em que pedia para «toda a gente ficar em casa».

Jack Grealish gravou um vídeo a lembrar às pessoas que era preciso «ficar em casa para salvar vidas», mas decidiu ir a uma festa e depois, com um chinelo preto no pé direito e calçado branco no outro, conduziu o seu Range Rover contra alguns carros estacionados na zona.

Textos de Jacob Steinberg e Simon Burnton, que escrevem para o Guardian.

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