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Os protagonistas: Grupo B

1
Martin Braithwaite (AP)

MARTIN BRAITHWAITE (DINAMARCA)

Jonas Wind desviou a bola de cabeça e o parceiro de ataque fugiu ao opositor israelita e, ao aproximar-se da baliza, picou a bola por cima do guarda-redes. Foi como ver o verdadeiro mestre nesta arte de picar a bola por cima do guarda-redes, Lionel Messi, num dia normal de trabalho na Liga espanhola. Na realidade foi a Dinamarca a derrotar Israel por 2-0 com a elegância de Martin Braithwaite a abrir a contagem, logo ao minuto 13, com um movimento ao estilo de Messi.

Foi um claro sinal deixado por Braithwaite, um nome improvável no plantel do Barcelona, clube ao qual chegou em fevereiro de 2020. Poucas pessoas acreditaram que o avançado podia fazer carreira em Camp Nou, já que chegou ao clube sem grande reputação, numa altura em que outros avançados do plantel “blaugrana” lidavam com lesões.

Braithwaite não é o arquétipo de goleador nato, antes um jogador que tem de trabalhar muito por um lugar na equipa e por golos. É isso que tem feito desde que apareceu em Esbjerg, na costa oeste da Jutlândia.

O pai de Martin é natural da Guiana Britânica, mas a mãe é dinamarquesa, pelo que o miúdo de cabelo encaracolado cresceu perto de Esbjerg. Apesar do talento apresentado nos escalões jovens, a afirmação na equipa principal foi mais difícil. Como era um jovem muito versátil, Martin era utilizado em diferentes posições, e isso dificultou a tarefa de conquistar um estatuto relevante.

«A dada altura decidimos que ele devia jogar na frente. Ele trabalhava muito, era dedicado, mas falhava muitas oportunidades. Na finalização não era excecional», recorda Ove Pedersen, um dos seus primeiros treinadores.

Nem mesmo alguém experiente como Pedersen poderia imaginar que Braithwaite iria jogar ao lado de Messi. Ninguém se atreveria a antecipar isso na Dinamarca, para dizer a verdade. O Barcelona parecia um contexto restrito a estrelas como Allan Simonsen e Michael Laudrup.

Mas quando a Dinamarca garantiu uma vaga no Mundial 2018, na Rússia, Braithwaite também não era visto como titular, e depois provou que toda a gente estava enganada.

Em todo o caso é justo dizer que Martin ainda não conseguiu ser fundamental no Barcelona, que em fevereiro de 2020 o recrutou ao modesto Leganés, naquela que foi a transferência mais surpreendente de um jogador dinamarquês em muito tempo. Todas as equipas precisam de jogadores que animem a luta por um lugar no onze, e de tempos em tempos Braithwaite até mereceu a confiança do treinador, Ronald Koeman, graças à impressionante capacidade de trabalho, assim como ao espírito e atitude que coloca em campo.

Braithwaite tem grandes sonhos, persegue-os, e simplesmente ignora a opinião dos outros. Ao ser apresentado em Camp Nou, o internacional dinamarquês foi logo ridicularizado por causa de um toque que saiu mal.

«Muitas pessoas precisam de aprovação. Eu não. Não quero saber se gostam de mim ou não. Podem ver-me como um idiota ou como um bom rapaz. Não me interessa. Para mim o importante é saber aquilo que pretendo, e que as pessoas à minha volta saibam o mesmo», disse o avançado à revista dinamarquesa "Euroman".

Fora do campo pode parecer algo distante, algo visto muitas vezes como um sinal de arrogância. Mas Jesper Lange, antigo colega no Esbjerg, recorda alguém preocupado com os amigos.

«Quando fiz anos convidei os meus colegas para a festa, mas o Martin não foi. Alguns meses depois, quando eu já estava noutra equipa, ele enviou-me uma mensagem. Queria ir a minha casa entregar-me um presente. Deu-me umas toalhas que eu queria na altura. Guardou-as em casa durante aquele tempo, mas nunca se esqueceu», revela.

Após três anos de sucesso no Toulouse, Braithwaite assinou pelo Middlesbrough, mas essa foi uma experiência que não resultou. Martin tornou-se o bode expiatório dos adeptos, uma vez que tinha sido uma das contratações mais caras do clube, mas não conseguiu ter impacto, e chegou a ser criticado publicamente pelo treinador, Tony Pulis.

«Fui profissional no Middlesbrough e trabalhei sempre muito. Um dia és Deus, no outro o Diabo. Faz parte», disse o avançado ao "Jyllands-Posten", no ano passado, numa entrevista em que fala da forma como estuda futebol dia e noite, a trabalhar nos detalhes, e também a ler sobre treino mental.

Uma das técnicas é a visualização: há uns anos imaginou que marcava o golo do apuramento da Dinamarca para o Euro 2020, frente à Irlanda, em Dublin. Depois, no jogo propriamente dito, a 15 minutos do fim, esticou a perna para desviar um cruzamento e colocar a Dinamarca em vantagem num jogo que acabou empatado a um golo, o suficiente para garantir a presença na fase final.

Na tal entrevista à «Euroman» revelou outra cena que visualizou: na varanda do município de Copenhaga, na praça de Raadhuspladsen, a levantar o troféu de vencedor do Euro 2020, perante milhares de efusivos adeptos dinamarqueses.

Bem, nunca se sabe. Com Martin Braithwaite tudo parece possível.

Jesper Engmann escreve para o Jyllands-Posten.

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2
Lukas Hradecky (Finlândia)

LUKAS HRADECKY (FINLÂNDIA)

A Finlândia tinha acabado de derrotar a Bielorrússia por 2-0 e o guarda-redes Lukas Hradecky agradecia o apoio dos adeptos, atrás da baliza, quando, subitamente, tirou uma lata de cerveja da mão de um adepto e bebeu tudo de uma vez.

Foi um momento à Hradecky. Sempre de sorriso rasgado no rosto e com uma piada em mente, o guarda-redes tornou-se um dos jogadores favoritos dos adeptos finlandeses. E não é de admirar, tendo em conta as vezes em que protagoniza gestos espontâneos como esse. Algumas semanas depois ainda publicou, nas redes sociais, uma fotografia com o mesmo adepto, ao lado de uma caixa de 24 cervejas: «A dívida está paga», escreveu.

Amante de cerveja e também de humor, de fazer “palhaçadas”, Hradecky tem depois um lado completamente oposto, de atleta ambicioso e autoexigente. Mas isso não o impede de brincar: «Existe um tabu relativamente à cerveja. A cerveja é para ser bebida. E relativamente aos palavrões… 99,9 por cento das pessoas dizem. Os jogadores têm de ser mais santos do que os outros?»

«As pessoas pensam que fico alcoolizado todas as noites, mas não é o caso. Sou um profissional. Vejo Netflix, cozinho um pouco, tiro uma cerveja do frigorífico e depois descanso. De certa forma os futebolistas são institucionalizados, têm de viver atrás de portas trancadas. Eu defendo que é importante sermos nós próprios e, felizmente, percebi isso cedo. Seja um ambiente mais sério ou não, temos de ser nós próprios.»

Estreante em Europeus, a Finlândia conta com a segurança de Hradecky para enfrentar um grupo difícil, com Bélgica, Dinamarca e Rússia.

O guarda-redes terá de fazer maravilhas para que a Finlândia sonhe passar, mas isso é o que ele faz há anos, e agora conta com a ajuda de uma das defesas mais robustas do torneio, que festeja cortes como se estivesse a marcar um golo que dá um título.

Esta mentalidade finlandesa ficou bem patente quando Hradecky disse que que defender uma bola com os “tomates” era uma das melhores formas de evitar um golo. É a tal veia masoquista de muitos guarda-redes.

Atualmente com 31 anos, Hradecky nasceu em Bratislava (Eslováquia), mas era ainda muito pequeno quando foi viver para a Finlândia, uma vez que o pai, Vladimir, assinou um contrato semiprofissional para jogar voleibol na cidade de Turku. Lukas chegou a dizer que tinha mais talento para o ténis ou para o hóquei no gelo, mas foi no futebol que colocou o foco, até porque jogava diariamente num campo de cascalho, no modesto bairro em que vivia.

Hradecky até torce pela Eslováquia no hóquei no gelo, mas no futebol foi crucial no inédito apuramento da Finlândia para a fase final de um grande torneio, após um século de miséria.

Formado na academia do Turun Palloseura, Lukas foi promovido à equipa principal antes ainda do 20.º aniversário, mas nunca chegou a jogar no principal escalão da Finlândia, já que em 2009 assinou pelo Esbjerg. Os primeiros tempos na Dinamarca não foram fáceis, com o guarda-redes a acusar o nervosismo e a assumir que tinha medo de tocar a bola ou ter de fazer uma defesa. Um cenário difícil de imaginar, em comparação com a confiança e tranquilidade que revela agora.

Após uma longa conversa com os melhores amigos, durante umas férias de verão na Finlândia, Hradecky decidiu que o melhor era ser ele próprio e não ir ao encontro das expectativas dos outros. E desde então é isso que tem mostrado.

Gradualmente tornou-se um dos melhores guarda-redes da Liga dinamarquesa, e venceu uma taça deste país antes de assinar pelo Brondby. Hradecky acabou por somar seis anos de sucesso na Dinamarca, pelo que o primeiro jogo no Euro será especial, até por ser disputado na sua antiga cidade, Copenhaga.

Na capital dinamarquesa chegou a dividir um apartamento com Teemu Pukki, o goleador que, nos últimos tempos, se tornou o jogador finlandês mais famoso. Hradecky saiu depois para o Eintracht Frankfurt, e só mais tarde é que Pukki foi jogar para o Norwich.

«Quando saí para a Alemanha o Teemu ficou só com uma faca, um garfo, um prato e um colchão», disse Lukas com o humor habitual.

Na seleção finlandesa é assim: não interessa se és a maior estrela ou um jogador de equipa, toda a gente vai ser alvo de uma piada qualquer e terá a mesma importância no grupo.

Ainda assim é inevitável reparar no guarda-redes magro, com bons pés, uma forte presença na baliza e uma voz nem audível. Hradecky é uma figura especial.

Saku-Pekka Sundelin escreve para o Ilta-Sanomat.

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3
Jérémy Doku

JÉRÉMY DOKU (BÉLGICA)

Estamos no início de 2018. Jérémy Doku ainda só vai fazer 16 anos, mas o Liverpool decide colocar os trunfos em cima da mesa para convencer o jovem e veloz extremo do Anderlecht a mudar-se para Merseyside. Convidam-no para uma apresentação do clube e Doku viaja com os pais: David, um imigrante ganês que foi viver para a Bélgica em 1993, e a mãe, Belinda.

Um funcionário do Liverpool mostra o estádio de Anfield ao jovem, e depois seguem para Melwood, o centro de treinos. Aí aparecem as estrelas: Jürgen Klopp entra em cena e conversa com o jogador e com os pais. «Ele explicou-nos que o Jérémy tinha condições para suceder ao Mané, dentro de alguns anos», revelou o pai.

Steven Gerrard, então a treinar a equipa de sub-19 do Liverpool, chama a família Doku ao gabinete e mostra-lhes alguns vídeos. Mo Salah entrega-lhe uma camisola. Sadio Mané, Gini Wijnaldum e Simon Mignolet, compatriota de Doku, passam por ali e conversam um pouco com o jovem jogador.

Os pais visitam também uma escola e uma casa, antes de negociarem o salário. Estão assoberbados. Tudo parece certo, do projeto desportivo ao lado financeiro. Começam a ver o filho como um futuro jogador do Liverpool.

Jérémy, por outro lado, não está assim tão impressionado. Não partilha o entusiasmo de uma mudança para Inglaterra. O Barcelona é a equipa dos seus sonhos, aquela que escolhe no FIFA21. Os olhos só brilham mesmo quando os pais dizem que está na hora de voltar para casa. «Estou ansioso por voltar a treinar com o Anderlecht», diz então.

O Anderlecht, por seu lado, está convencido de que vai perder Doku para o Liverpool. Por isso autorizou o clube inglês a falar com o jogador, e faz parte da negociação com vista ao empréstimo de Lazar Markovic para o emblema de Bruxelas, em janeiro de 2018. O diretor-geral do Anderlecht, Herman van Holsbeeck, cede à pressão. O acordo com o Newcastle por Aleksandr Mitrovic ficou pendurado a poucas horas do final da janela de transferências. O Anderlecht faz uma última tentativa para garantir Markovic, que não está nos planos de Klopp, e aceita incluir uma cláusula relativa a Doku.

É um risco, mas ainda assim o Anderlecht não desiste de Doku. Jean Kindermans, o diretor da formação, liga ao jogador Romelu Lukaku, que cresceu no emblema de Bruxelas, e pede-lhe que grave um vídeo a dizer a Doku para ficar. Lukaku diz a Doku que é melhor brilhar na Liga belga antes de sair para um clube maior. É o trilho que o próprio seguiu: afirmou-se como goleador do Anderlecht antes de atravessar o canal para assinar pelo Chelsea, aos 18 anos. O vídeo dissipa as dúvidas: Doku assina um contrato profissional com o Anderlecht.

O extremo tem 16 anos e seis meses de idade quando faz a estreia pela equipa principal, ao sair do banco no jogo com o Sint-Truiden, em novembro de 2018. No verão seguinte Vincent Kompany regressa ao clube, como treinador-jogador, e isso acelera a evolução de Jérémy. Com o clube mergulhado em águas turvas, do ponto de vista financeiro, as fichas foram todas colocadas na formação. Doku impressiona com a velocidade e a qualidade de drible que apresenta frente ao Benfica, na pré-época.

Começa a Liga belga como titular e mostra o seu talento a espaços, mas também revela falta de eficácia e de consistência, algo normal nos jovens jogadores. Apesar disso o perfil desperta também a atenção do selecionador da Bélgica, Roberto Martínez, que começa a olhar para o jovem do Anderlecht como uma alternativa ao capitão Eden Hazard, que se debate com lesões desde que assinou pelo Real Madrid.

A 5 de setembro de 2020, três meses após o 18.º aniversário, Doku faz a estreia nos «diabos vermelhos», frente à Dinamarca. Alguns dias depois até joga de início frente à Islândia. Após uma primeira parte difícil, na qual não consegue impressionar, acaba por marcar um golo que traduz as suas qualidades: velocidade, atributos técnicos e imprevisibilidade.

O mundo também viu.

Os olheiros do Rennes já acompanhavam a habilidade de Jérémy há algum tempo, mas nessa altura o emblema francês decidiu avançar. Estavam cientes dos problemas financeiros do Anderlecht e convenceram Doku com a Liga dos Campeões. Tal como o selecionador tinha avisado, o jogador precisava da exigência das competições europeias para evoluir. O Anderlecht tinha falhado a qualificação europeia dois anos seguidos e precisava do dinheiro urgentemente. Assim, por 27 milhões de euros, o Rennes garantiu a contratação mais cara da sua história. E por uma diferença de dois milhões tornou-se também a maior venda do Anderlecht, superando a transferência de Youri Tielemans para o Mónaco, em 2017.

Logo no ano de estreia na Liga francesa Doku tornou-se presença regular no onze do Rennes, mas com altos e baixos no rendimento. As estatísticas não são incríveis, mas o clube vê para além disso. «Estava na altura de dar o passo seguinte. Não defrontas jogadores como Neymar ou Mbappé na Liga belga. As estatísticas são o que são. Também não marquei muitos golos na Bélgica. Não sou o Zlatan», disse o jogador ao HLN.

Julien Stéphane, treinador do Rennes até ao passado mês de março, concorda: «Fiquei logo rendido à sua atitude positiva. Ele tem muita vontade de aprender, ouve o treinador. Adaptou-se muito bem, e foi por isso que continuou a jogar. Só teve algumas dificuldades por não conseguir marcar.»

Martínez sabe isso. É um admirador confesso: «Doku tem algo de especial.»

Os olheiros do Liverpool também o viram.

Kristof Terreur escreve para o Het Laatste Nieuws.

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4
Aleksandr Sobolev (rfs.ru)

ALEKSANDR SOBOLEV (RÚSSIA)

Barnaul não é local mais simpático para jogar futebol. A cidade da região oeste da Sibéria tem beleza natural, mas também o agreste clima siberiano. O Dinamo Barnaul, clube profissional local, andou sempre nos escalões inferiores do futebol russo, mas foi de lá que saiu Alexey Smertin, antigo capitão da seleção russa, que ganhou a Liga inglesa e a Taça da Liga com o Chelsea, e que representou também Bordéus, Fulham e Portsmouth.

Smertin tornou-se um grande exemplo para os miúdos siberianos. «As pessoas diziam-nos sempre que podíamos chegar ao Chelsea se estivéssemos dispostos a trabalhar muito», diz Aleksandr Sobolev.

E ele trabalhou duro.

«Sempre quis ser futebolista. Era o meu sonho, nunca desisti.»

Sobolev cresceu na zona pobre, e regularmente metia-se em problemas. Não virava a cara à luta, e por isso era respeitado pelos miúdos mais velhos.

Os pais levaram-no a torneios, ou a treinar nas academias dos principais clubes russos. «Vais jogar pelo Spartak de Moscovo e pela seleção», dizia-lhe a mãe.

Mas os grandes clubes ignoraram-no, e também não passou pelas seleções mais jovens. Mais tarde Sobolev começou a jogar pela equipa B do Dinamo Barnaul, no terceiro escalão, e o clube ofereceu-lhe um contrato de cinco anos, mas o avançado não demonstrou interesse.

Tinha 18 anos quando foi treinar ao Tom Tomsk, mas lesionou-se logo. Quando recuperou fez um jogo particular com o Sibir Novosibirsk e deu nas vistas com uma exibição que contemplou uma assistência. O Tom Tomsk decidiu então contratá-lo.

«Era a minha última oportunidade de dar um passo em frente e jogar a um nível superior». Faltava ultrapassar uma questão, no entanto. O Tom Tomsk queria contratá-lo como jogador livre, mas Sobolev estava ainda vinculado ao Dinamo Barnaul. A solução foi o próprio jogador comprar o passe, por 200 mil rublos (cerca de três mil euros). Era muito dinheiro para a família, pelo que os pais até tiveram de pedir emprestado a amigos, mas o jogador pagou a dívida quando assinou o primeiro grande contrato.

Na época 2016/17 o Tom Tomsk disputou a Liga russa, mas Sobolev começou a época na equipa B. Só em dezembro é que se estreou pela formação principal, num jogo com o Ufa. O Tom Tomsk enfrentava grandes problemas financeiros e vários jogadores já tinham deixado o clube. O treinador, Valery Petrakov, apostou então nos jovens, e Sobolev jogou com regularidade na segunda metade da época (12 jogos, três golos).

O Tom Tomsk acabou despromovido mas Sobolev não saiu. Continuou a jogar regularmente e marcou sete golos na primeira metade da época seguinte. Em janeiro de 2018 foi contratado pelo Krylia Sovetov Samara. Embora estivesse também na segunda divisão, era uma equipa que lutava pela subida. O avançado marcou logo na estreia, e um mês depois fez o primeiro hat trick.

O contrato foi renovado.

«Isso deu-me a volta à cabeça. Estava bem, com um salário elevado. Discuti com o treinador, com os colegas, não trabalhava nos treinos. Decidi comprar um Porsche. Era novo e sonhava com um carro assim. Talvez tenha sido muito estúpido. Agora quero vender o carro», diz o jogador.

Em fevereiro de 2019 foi emprestado ao Yenisey Krasnoyarsk.

«Ajudou-me. Mudou a minha mentalidade, comecei a trabalhar novamente. Foi uma lição para mim.»

Na temporada 2019/20 voltou ao Krylia Sovetov e bisou logo no primeiro jogo da época, frente ao CSKA de Moscovo. Apontou sete golos nas primeiras dez jornadas da Liga, alguns dos quais bem vistosos, entre pontapés de bicicleta e remates de longa-distância. Em outubro de 2019 foi chamado à seleção russa, para substituir o lesionado Fedor Smolov, mas não jogou frente a Escócia e Chipre, no apuramento para o Euro 2020.

A reputação melhorou, no entanto, e o Spartak decidiu recrutá-lo por empréstimo no mercado de inverno, para depois, em maio de 2020, contratá-lo em definitivo. O CSKA de Moscovo e o Rubin Kazan estavam igualmente interessados, mas o avançado escolheu o Spartak: «Penso que foi a melhor escolha para mim. Nunca me arrependi da decisão. E lembrei-me das palavras da minha mãe, que dizia que, um dia, eu jogaria no Spartak», diz Sobolev.

A mãe faleceu em Agosto de 2020, com apenas 46 anos de idade. O Spartak defrontou o FC Sochi alguns dias depois e Sobolev disse ao treinador, Domenico Tedesco, que queria jogar. Marcou, tirou a camisola de jogo para mostrar uma imagem da mãe e chorou.

Sobolev teve de adaptar-se a uma nova equipa e a uma grande cidade, e o confinamento não ajudou, mas esta época esteve em destaque. Era impossível ser ignorado pelo selecionador, Stanislav Cherchesov, mas faltava resolver uma questão: o conflito entre Sobolev e Artem Dzyuba, o habitual goleador da seleção russa. Cherchesov defende que o ambiente no balneário é o aspeto mais importante para uma equipa, e por isso não convocou Sobolev para os jogos com Sérvia e Hungria, da Liga das Nações, disputados em setembro.

«Arranjei o número do Dzyuba e liguei-lhe. Falámos um pouco e entendemo-nos», revelou Sobolev.

Em outubro o jogador do Spartak foi convocado para a tripla jornada com Suécia, Turquia e Hungria, e acabou por estrear-se a marcar pela seleção. Agora não restam dúvidas de quem tem um lugar, mas os adeptos russos esperam mais dele.

Dmitry Girin escreve para o Sport-Express.

Siga-o no Twitter: @DmitryGirin.

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