A qualificação para o Euro2020 não levantou grandes problemas à Polónia. Era favorita à vitória no grupo e esteve à altura dessa previsão, terminando com seis pontos de vantagem sobre a Áustria. Ainda assim a equipa não estava a jogar muito bem, sofreu em vários jogos, e o estilo de jogo trabalhado por Jerzy Brzeczek estava a tornar-se um problema para os adeptos. Mais tarde veio a descobrir-se que era um problema também para o presidente da federação, Zbigniew Boniek.
No início deste ano Brzeczek foi despedido e substituído por Paulo Sousa. Contratado após passagens por clubes como Swansea, Fiorentina e Bordéus, o técnico português gerou muito entusiasmo inicialmente. Logo na primeira conferência de imprensa massajou o ego polaco ao falar da grande tradição futebolística do país, a difícil história da nação e até do Papa João Paulo II.
Como também falou animadamente dos planos para a equipa.
No campo, contudo, o início desta nova fase não foi nada perfeito. A qualificação para o Mundial arrancou com um empate com a Hungria, uma derrota com Inglaterra e uma vitória sobre Andorra. As exibições não transmitiram muito otimismo aos adeptos. No entanto Paulo Sousa não mudou a atitude, nem a sua crença, e continua a mostrar-se convicto de que conseguirá tirar o melhor desta geração de jogadores.
Para além da mentalidade positiva que Paulo Sousa tem tentado incutir, a principal mudança tem sido tática. Criado na excelente escola portuguesa de treinadores, e polido depois em Itália, o agora selecionador da Polónia usa uma formação híbrida que é muito flexível. A abordagem depende sempre do resultado e do que a equipa precisa, mas quando parte para o ataque a Polónia costuma ficar apenas com três defesas, alterando depois para quatro ou cinco em organização defensiva.
As táticas também estão muito dependentes dos jogadores na lista, até porque Paulo Sousa requer que todos os jogadores estejam em excelente condição física, algo considerado essencial para ter uma equipa dominante, que pressione muito o adversário e lhe retire o espaço.
Paulo Sousa gosta de jogar com dois avançados para tirar o melhor de Lewandowski. «O elemento absolutamente básico do nosso jogo ofensivo tem de ser alimentar Lewandowski e os outros avançados. Não podemos dar-nos ao luxo de desperdiçar este potencial. A Polónia não tem apenas o melhor finalizador do mundo, mas avançados de nível muito elevado por onde escolher», afirmou o técnico, ainda antes de perder Milik por lesão.
Piotr Zielinski é um elemento fundamental no departamento criativo.
«Acreditamos que podemos alcançar algo único no Europeu. Podemos alcançar isso usando a experiência dos nossos jogadores, que jogam nas melhores ligas do mundo. Temos de acreditar no nosso valor, pensar que podemos ter sucesso, e trabalhar arduamente para isso», acrescentou.