O Rio Ave caiu, levantou-se e um ano depois está de volta. O percurso na época passada até ao título de campeão da II Liga reforça a ideia de que a descida de divisão foi um acidente de percurso na história de um clube que habituou os adeptos a outro patamar e enriqueceu ao longo dos anos o campeonato português. Esta é, no entanto, a temporada em que a equipa terá de confirmar isso mesmo em campo.
Ao fim de treze temporadas seguidas no primeiro escalão, o Rio Ave caiu em 2021, numa época que tinha começado a disputar as competições europeias, depois do quinto lugar em 2019/20. O treinador escolhido para devolver o clube à Liga foi Luís Freire. Cumpriu a missão e continua ao leme de uma equipa que parte de uma boa base de trabalho, ao manter a estrutura da época passada, se não houver surpresas de maior até ao fecho da janela de transferências. Com exceções, claro, sobretudo na frente. Já não está Gabrielzinho e não está Pedro Mendes, o avançado cedido pelo Sporting que foi crucial na época passada mas não chegou a acordo para novo empréstimo até ao arranque da Liga. Com o processo a arrastar-se, o Rio Ave avançou para outra frente e contratou Leonardo Ruiz, avançado de provas dadas que chegou do Estoril e foi surpresa na apresentação aos adeptos.
O médio Guga Rodrigues, eleito melhor jogador da II Liga na época passada, continua em Vila do Conde, tal como o goleador Aziz e o guarda-redes Jhonatan, ambos agora em definitivo. Mantém-se a estrutura defensiva e a mistura de juventude e experiência, garantida por veteranos como Ukra, Vítor Gomes ou Aderllan Santos, em que assentou o percurso bem sucedido da última época.
Para já, o Rio Ave acrescentou opções para a defesa com dois jovens que chegaram do Benfica: central Miguel Nóbrega, em definitivo, e o lateral João Ferreira, que chega por empréstimo ao clube onde aliás começou o seu percurso na formação. Patrick William, jogador com mais experiência, é outra aposta para o centro da defesa.
O clube ainda continua a procurar reforçar o plantel para as exigências da época. Os sinais que chegam de Vila do Conde são de serenidade, com os responsáveis a repetirem a ideia de que o clube está a trabalhar para fazer um campeonato tranquilo e um bom percurso nas Taças, honrando as competições em que se destacou também ao longo da última década. Mas a abordagem ao mercado tem sido morosa e o facto é que o Rio Ave terá um mês de agosto intenso, defrontando Sporting e FC Porto nas primeiras quatro jornadas.
A fama precedia-o e Luís Freire fez-lhe justiça em Vila do Conde. O treinador que se distinguiu pelas várias subidas de divisão conseguiu mesmo levar o Rio Ave de volta à Liga. Renovou por duas épocas e aos 36 anos é o mais jovem treinador do campeonato. Será a sua segunda experiência no principal escalão e Luís Freire diz-se hoje mais preparado para o desafio.
Luís Freire começou o percurso de treinador muito jovem, primeiro como adjunto e depois a solo e em «casa», conduzindo o Ericeirense a duas subidas de escalão nos distritais de Lisboa. A tendência manteve-se no Pêro Pinheiro, subindo à divisão de Honra distrital e depois aos Nacionais. Veio mais uma época e mais uma subida, agora com o Mafra, para a II Liga. Seguiu-se o Estoril, para uma experiência menos feliz no segundo escalão, saindo a meio da época. Mas voltou a festejar uma promoção na temporada seguinte, quando liderou o Nacional na campanha que terminou mais cedo, por causa da pandemia. Estreou-se na Liga ao comando do clube madeirense, mas saiu com o Nacional na zona de despromoção, a dois meses de se consumar a descida.
No verão de 2021 assumiu o Rio Ave e voltou a ser feliz, naquela que foi a sétima subida de escalão da sua carreira. Agora, o treinador que ainda não completou a formação mas já acumulou muita experiência tem nova oportunidade de mostrar credenciais na Liga.
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Entradas: Lucas Flores (Internacional Porto Alegre), Patrick William (Famalicão/Estoril), Miguel Nóbrega (Benfica B), Paulo Vítor (Valladolid, empréstimo), João Ferreira (Benfica, empréstimo), Leonardo Ruiz (Estoril);
Saídas: Ângelo Meneses, Zimbabwe, Sávio (Goiás, empréstimo), Gelson Dala, Alhassane Sylla (Moreirense), Gabrielzinho (Al Wasl), Nuno Namora (Felgueiras, empréstimo).
Tem 23 anos e chega a Vila do Conde por empréstimo do Valladolid. Será a primeira experiência de Paulo Vítor em Portugal, mas o extremo já tem muitas referências sobre o futebol nacional, bem familiar para o seu irmão mais velho Denilson, avançado que representou Tondela e Paços Ferreira.
Os dois irmãos tiveram percursos distintos. Ambos começaram no Fluminense, mas Paulo Vítor completou a formação no Vasco da Gama. Chegou à primeira equipa aos 17 anos e foi opção regular, num período em que chegou a defrontar Denilson, então no São Paulo. Nessa altura, Paulo Vítor falava ao Globoesporte sobre as diferenças entre ambos: «Eu sou mais nervoso, mais competitivo, não aceito perder. Se der para brigar, eu brigo. Sou mais estourado.»
Chegou a ser chamado à seleção sub-20 do Brasil e em 2018/19 rumou à Europa, para jogar em Espanha. Primeiro no Albacete, depois no Marbella e a seguir no Valladolid de Ronaldo Fenómeno, onde jogou na equipa B nas duas últimas temporadas. Terminou a época passada como melhor marcador da equipa no terceiro escalão do futebol espanhol, mas os oito golos que marcou em 31 jogos não impediram a descida de divisão.