Morita saiu para o Sporting, Lincoln juntou-se a Jorge Jesus no Fenerbahçe e a lista continua. No final da campanha que terminou com o sétimo lugar no campeonato, depois de recuperada a estabilidade com Mário Silva no banco, o Santa Clara perdeu no defeso várias das suas principais figuras. Num verão em que a SAD passou a ter também um novo acionista maioritário, a abordagem à quinta temporada consecutiva na Liga foi e continua a ser um trabalho de reconstrução.
Mário Silva chegou em janeiro, quando já tinham passado três treinadores pelo banco. Daniel Ramos, que tinha levado o clube a uma estreia absoluta nas competições europeias e a passar duas pré-eliminatórias da Liga Conferência até cair no play-off frente ao Partizan, saiu em outubro, para assumir novo desafio. Seguiu-se Nuno Campos, depois Tiago Sousa como técnico de transição, até chegar o treinador que pegou na equipa com 16 pontos somados em 17 jornadas e conduziu uma recuperação bem sucedida ao longo da segunda volta. A continuidade de Mário Silva para a nova época foi natural, apesar de algum atrito no momento da renovação.
Cedo ficou claro também para o treinador que iria orientar uma equipa bem diferente. Além de valores como Morita e Lincoln, deixaram os Açores Mikel Villanueva, Mansur, Nené ou Júlio Romão, além de Cryzan e Rafael Ramos, ainda no decurso da época passada.
Já chegaram muitas caras novas. Ricardo Silva terminou uma longa ligação ao FC Porto para passar a fazer concorrência a Marco na baliza, enquanto o médio Rodrigo Valente reencontra Mário Silva, depois de ter feito parte da equipa portista que venceu a Youth League em 2019 sob o comando do treinador. O lateral Tomás Domingos e os médios Martim Maia são também apostas recrutadas no futebol nacional, enquanto o espanhol Xavi Quintillà é reforço de peso na lateral-esquerda.
O extremo Andrézinho está de regresso a Portugal e a nova administração tem de resto procurado explorar o mercado brasileiro. O médio Pedro Bicalho e o avançado Gabriel Silva chegaram por empréstimo do Palmeiras, o médio Bobsin é proveniente do Grêmio e o central Paulo Eduardo e o médio Adriano Firmino vieram do Cruzeiro. O médio Rildo, este apontado como sucessor de Lincoln, integrou os trabalhos na reta final da pré-época, mas ainda não foi oficializado pelo clube.
Muito sangue novo, a precisar necessariamente de tempo de adaptação, sobretudo da defesa para a frente. Com mais ou menos sobressaltos, tem sido assim nas últimas épocas e o Santa Clara tem conseguido absorver as mudanças, para atingir o objetivo primordial de continuar a colocar os Açores no mapa da Liga e a partir daí pensar mais alto. É esse o desafio de Mário Silva.
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Entradas: Tomás Domingos (Mafra), Martim Maia (Amora), Ricardo Silva (FC Porto), Xavi Quintillà (Villarreal), Rodrigo Valente (Estoril); Andrezinho (Mafra/FC DAC); Bicalho (Palmeiras, empréstimo); Gabriel Silva (Palmeiras, empréstimo); Victor Bobsin (Grêmio); Paulo Eduardo (Cruzeiro); Adriano Firmino (Cruzeiro)
Saídas: Lincoln (Fenerbahçe), Mikel Villanueva (V. Guimarães), Nené (Jagiellonia Bialystok), Andrei Chindris, Luiz Phellype (fim de empréstimo), Mohamed Bouldini (Fuenlabrada), Hidemasa Morita (Sporting); Júlio Romão (Qarabag)
O antigo defesa esquerdo que se destacou no Boavista e foi campeão europeu com o FC Porto começou o percurso de treinador no Bessa. A partir de 2012 passou a fazer parte dos quadros técnicos dos dragões, orientando vários escalões de formação também no satélite Padroense. Assumiu a equipa de juniores do FC Porto em 2018/19 e logo nessa época levou-a à conquista do campeonato nacional e da Youth League, a primeira equipa portuguesa a conquistar a principal competição europeia de clubes no futebol jovem.
Depois dessa temporada vencedora deixou o FC Porto para rumar ao Almeria, primeiro no papel de coordenador da formação e depois como treinador, mas a passagem pelo banco do clube espanhol foi curta. Mário Silva optou por voltar a Portugal e no verão de 2020 assumiu o Rio Ave. A sua primeira experiência na Liga terminou a meio da época, ao fim de 15 jogos e apenas quatro vitórias em Vila do Conde.
Em janeiro deste ano assumiu o Santa Clara. Era o quarto treinador da época no clube, chegava com a equipa na 14ª posição, apenas dois pontos acima da linha de água, e conseguiu levá-la a porto mais que seguro, garantindo o sétimo lugar. No final da época não escondeu o desagrado pelo arrastar do seu processo de renovação, mas acabou por selar o acordo para ficar nos Açores por mais dois anos.
Foi formado no Barcelona, jogou no Villarreal, venceu o Championship em Inglaterra e ruma agora aos Açores. O lateral Xavi Quintillà é mais uma aposta do Santa Clara que vale a pena seguir.
Tem 25 anos e na época passada representou o Leganés. Para trás ficou um percurso que começou em Lleida, de onde é natural. Cedo rumou a La Masia, seguindo os passos do irmão mais velho, Jordi, que joga atualmente no St Gallen, na Suíça.
Com o Barcelona, fez parte da equipa que venceu a Youth League em 2014 na final frente ao Benfica. Chegou à equipa B, foi chamado por Luis Enrique para treinar com o plantel principal, mas nunca se estreou. Depois de uma temporada de empréstimo ao Lleida, terminou contrato e assinou de imediato com o Villarreal. Começou pela formação secundária do «Submarino Amarelo» e estreou-se em novembro de 2018 pela equipa principal. Em 2019/20 jogou com alguma regularidade no Villarreal, mas na época seguinte foi cedido por empréstimo ao Norwich. Foi pouco utilizado no clube inglês, mas chegou ao fim a festejar a promoção e a conquista do Championship.
Seguiu-se o regresso a Espanha, para representar o Leganés. No final da época, depois de jogar 15 partidas e marcar um golo na II Liga espanhola, terminou contrato com o Villarreal e foi como jogador livre que se tornou reforço do Santa Clara.
Marco;
Sagna, Boateng, Tassano, Quintillá;
Anderson, Ricardinho, Rúben Oliveira;
Tagawa, Rui Costa, Allano