O Vizela foi uma das boas notícias da Liga no ano passado e aborda a nova época a querer mostrar que tem condições para consolidar a posição entre os grandes. Para a terceira presença do clube no primeiro escalão, a primeira em épocas consecutivas, o treinador Álvaro Pacheco continuou ao leme e manteve a estrutura do plantel, apesar de algumas saídas revelantes.
O clube apresentou-se na última temporada, 36 anos depois da única passagem pela Liga, com uma atitude positiva, em campo e fora dele, revelando uma equipa singularmente confiante para quem não estava habituado a estas andanças, embalada por uma fiel base de apoio dos adeptos. O percurso não foi linear, a manutenção apenas ficou garantida na penúltima jornada, mas o Vizela deixou uma imagem promissora, com algumas proezas pelo meio, como o empate na Luz ou os dois golos a ameaçar a reviravolta no Dragão, quando o FC Porto já fazia contas ao título.
Para 2022/23, o Vizela mantém uma linha de continuidade desde logo no banco, que é de Álvaro Pacheco desde 2019. O treinador, apostado na qualidade do jogo da equipa e com um discurso refrescante para o futebol português, foi o principal rosto do Vizela no regresso à Liga.
Foi histórico para o clube aquele a que Pacheco chamou o «primeiro ano na universidade». Agora o Vizela já não é caloiro e a responsabilidade, assumida pelos próprios responsáveis do clube, é maior, em nome do crescimento e de uma campanha mais regular.
No final da temporada saíram alguns elementos importantes, como o lateral Ofori, os guarda-redes Charles e Ivo Gonçalves, o médio Marcos Paulo ou o avançado Schettine, que estava cedido pelo Sp. Braga. Em cima do início do campeonato confirmou-se ainda a saída de Cassiano, o goleador da temporada da subida e também da época passada. O lateral Koffi também deixou de fazer parte do grupo, depois de afastado por motivos disciplinares no decorrer da pré-época.
A abordagem do clube ao mercado passou e passa por tentar compensar as baixas. Para fazer concorrência a Pedro Silva na baliza chegou Fabijan Buntic, jogador croata nascido na Alemanha que representava o Inglostadt (e correu mundo há dois anos quando subiu à área para marcar um golo decisivo). O jovem Matheus Fernandes é uma aposta promissora para a posição de lateral-esquerdo, enquanto para o outro flanco o clube preencheu uma lacuna com Carlos Isaac, formado no Atlético Madrid. Depois há Diego Rosa, o médio de 19 anos que chega do Manchester City.
O Vizela manteve de resto a base de um plantel já bem rotinado, que inclui ainda vários jogadores que subiram com o clube desde o Campeonato de Portugal, como Kiki Afonso, Samu Silva ou Kiko Bondoso. Também garantiu a continuidade do experiente Claudemir, ao mesmo tempo que Álvaro Pacheco foi trabalhando com alguns jogadores da formação do clube numa pré-época que foi desafiante, com vários jogadores limitados por lesões e alguns ensaios com resultados pouco animadores.
O segundo ano de Liga começa com um ciclo particularmente exigente. Depois do pontapé de saída em Vila do Conde, frente ao recém-promovido Rio Ave, o Vizela recebe o FC Porto na segunda jornada e três semanas mais tarde vai à Luz defrontar o Benfica.
Antigo avançado com uma longa carreira nos escalões secundários do futebol nacional, Álvaro Pacheco trabalhou durante muitos anos como adjunto. Em várias épocas ao lado de Miguel Leal viveu por dentro as exigências da Liga. Depois rumou à Lituânia e em 2018 voltou a Portugal para passar a ser ele assumir a liderança, no banco do Fafe. Na época seguinte rumou a Vizela e o resto é história do clube.
Logo nessa primeira temporada, o Vizela garantiu a subida à II Liga, depois de cancelado o Campeonato de Portugal por causa da pandemia de covid-19. E partiu daí para terminar no segundo lugar e antecipar o projeto do clube de chegar à Liga. Logo em 2020/21, assegurou aquela que era apenas a segunda presença do clube no primeiro escalão do futebol nacional. Terminou essa época a receber o prémio de melhor treinador da II Liga.
O treinador que se distinguiu a cada semana pelo discurso desempoeirado e pela imagem que se tornou icónica, com a sua boina inseparável, manteve o Vizela na Liga e aos 50 anos inicia a quarta temporada no clube, uma longevidade notável no futebol português, só superada apenas, nesta altura, por Sérgio Conceição.
Clique aqui para ver o plantel completo
Entradas: Fabijan Buntic (Ingolstadt FC), Diego Rosa (Manchester City, empréstimo), Matheus Pereira (Cruzeiro), Carlos Isaac (Alavés).
Saídas: Ivo Gonçalves, Richard Ofori (Nea Salamis), Marcos Paulo (Farense), Guo Tianyu (fim de empréstimo), Schettine (fim de empréstimo), Charles, João Pais, Cassiano (Al Faisaly).
É campeão do mundo de sub-17, há um ano estava a treinar no Manchester City e agora é reforço do Vizela, cedido pelo gigante inglês. Diego Rosa tem 19 anos e chega para continuar o processo de crescimento. A Liga ganha mais uma promessa vinda do extenso universo do City Group, que esta época já colocou vários jogadores em Portugal.
Natural da Bahia, Diego Rosa começou a jogar no Vitória. Tinha 16 anos quando entrou no radar do Grêmio e rumou a Porto Alegre. Por essa altura já tinha chegado às seleções brasileiras, que representou a partir dos sub-15. Mas foi o Mundial de sub-17 que o projetou para lá das fronteiras do Brasil. Participou em cinco jogos da caminhada até à conquista do título, ao lado de Gabriel Veron, reforço do FC Porto. Marcou dois golos, um dos quais garantiu a vitória sobre o Chile que colocou o Brasil nos quartos de final.
O Manchester City contratou-o em 2020, sem que Diego Rosa tenha chegado a estrear-se pela equipa principal do Grêmio. Foi cedido de imediato ao Lommel, um dos clubes que integram o grupo do City. No verão passado foi chamado por Pep Guardiola à pré-temporada do City, depois voltou à Bélgica.
O médio defensivo cujas referências vão de Casemiro a Kevin de Bruyne jogou com regularidade na segunda divisão belga, onde fez 19 partidas e marcou dois golos. Agora, vai procurar mostrar o que vale em Vizela.
Pedro Silva;
Tomás Silva, Anderson Jesus, Bruno Wilson, Kiki Afonso
Samu, Claudemir, Alex Méndez
Kiko Bondoso, Zohi, Nuno Moreira