Parece óbvio indicar o pragmatismo como uma abordagem habitual de Steve Clarke. Mas também importa lembrar que a Escócia não tem, de momento, um leque de opções ofensivas com qualidade suficiente para jogar com entusiasmo.
A Escócia tem laterais esquerdos de classe mundial e médios em abundância, mas também escassez de jogadores capazes de desequilibrar no último terço.
O maior desafio de Steve Clark foi conciliar Andy Robertson e Kieran Tierney, dois laterais esquerdos, na mesma equipa: «É mais um problema para a imprensa, para os comentadores, ou para os adeptos. Para nós não», insistiu o selecionador, defendendo que ter jogadores deste calibre jamais será um problema, independentemente da posição.
A aposta numa defesa a três, inicialmente criticada pelos comentadores, parece ter resolvido o problema. Tierney passou a jogar sobretudo como central pela esquerda, tal como acontece ocasionalmente no Arsenal. «Foi uma boa decisão. Os jogadores queriam que o sistema funcionasse. Estavam confortáveis com a formação e com aquilo que lhes era pedido, pelo que decidimos avançar», explicou.
A lesão de Ryan Jack é que limita as opções para o meio-campo defensivo. Scott McTominay é uma alternativa natural, mas isso implica tirá-lo da defesa, onde tem sido altamente eficaz pela seleção.
A Escócia está no seu melhor quando procura recuperar a bola para atacar rapidamente. Dispensam a preocupação de alargar a frente de ataque, também devido à tal escassez de soluções.
Tendo em conta a longa espera da Escócia para voltar a fases finais, o “como” e o “porquê” perderam-se no meio da euforia. O arranque modesto na fase de qualificação para o Mundial, entretanto, veio indiciar uma de duas coisas: ou a equipa está conformada, ou então, como parece mais provável, continua distante de um patamar internacional elevado.
A formação de Steve Clarke revela ainda uma estranha tendência para jogar bem apenas metade dos jogos, como mostrou recentemente contra Israel, Áustria e Ilhas Faroé.
A Escócia vai enfrentar três equipas de qualidade superior na fase de grupos do Euro2020, o que significa que o desenvolvimento de um estilo obstinado é inevitável.
A boa notícia, para os adeptos escoceses, é que Clarke ganhou o hábito de chatear nomes grandes. Foi um terceiro lugar com o Kilmarnock que o lançou para o cargo de selecionador. Se fizer história uma vez mais, ao conduzir a Escócia para a fase a eliminar, pela primeira vez, os clubes vão tomar mais notas.