A Islândia pode ter ficado em segundo lugar no Grupo F da fase de apuramento (atrás da Suécia), mas somou pontos suficientes para tirar o bilhete para Inglaterra como um dos melhores vice-líderes. Esta será a quarta participação em Europeus das islandesas, que estão prontas para dar que falar. «Já lá estivemos três vezes e desta vez queremos deixar a nossa marca na competição», disse, em declarações ao Morgunbladid, a capitã Sara Bjork Gunnarsdóttir, após a vitória decisiva sobre a Hungria, em Budapeste, no fecho da fase de grupos.
«Estamos todas muito entusiasmadas por jogar em Inglaterra e em alguns dos estádios mais famosos do país, e penso que vai ser um torneio fantástico», acrescentou, para depois criticar a organização por ter colocado a Islândia a jogar em estádios muito pequenos, como a academia do Manchester City, cujos bilhetes disponíveis foram rapidamente esgotados. «Estou um bocado desapontada com os estádios onde vamos jogar. É chocante. Vamos jogar a Inglaterra, onde há tantos estádios, e ficamos no campo de treinos do Manchester City. É simplesmente embaraçoso», desabafou num podcast.
Jón Thór Hauksson, o treinador que apurou a Islândia para o Europeu, não estará em Inglaterra, ele que acabou por demitir-se do cargo depois de se ter dirigido a algumas jogadoras com linguagem inapropriada quando estava sob influência de álcool após a vitória sobre a Hungria.
O homem do leme será Thorsteinn Halldórsson, que assumiu a seleção em janeiro de 2021, e deverá esquematizar a equipa num 4x3x3. A Islândia chega confiante a Inglaterra, depois de ter somado 18 pontos em 18 possíveis nos duelos com Eslováquia, Hungria e Letónia, tendo apenas vacilado com a Suécia, com quem empatou em casa e perdeu fora por 2-0.
Assumiu o comando da seleção depois de cinco anos de sucesso à frente da equipa feminina do Breidbablik, onde ganhou o campeonato islandês duas vezes e a Taça também em duas ocasiões. Treinou também equipas jovens masculinas e femininas e durante um curto período (em 2009) esteve à frente da equipa masculina do Thróttur, então no principal escalão do futebol daquele país. Mas antes disso foi jogador: representou o KR Reiquejavique, o FH Hafnardfjordur e o Thróttur, tendo sido internacional pelos sub-19 e pelos sub-21.
«Vamos começar a nossa preparação a 20 de junho, mas ainda não discutimos os nossos objetivos para o Europeu. Até agora, o nosso foco esteve na qualificação para o Mundial e é por isso que ainda não temos presente o que queremos alcançar em Inglaterra», disse Halldórsson aquando do anúncio da convocatória a 11 de junho.
É a mais famosa e experiente jogadora da Islândia, e teve passagens de sucesso por duas das mais poderosas equipas europeias: o Wolfsburgo e o Lyon. Já foi campeã na Suécia, na Alemanha, em França, e marcou pelo Lyon na final da Liga dos Campeões de 2020, contra o Wolfsburgo, a sua antiga equipa. Em maio passado, dois anos depois, voltou a ganhar a Champions com a equipa francesa. É a única mulher islandesa votada como personalidade do ano no desporto. E duas vezes, em 2018 e em 2020! No passado mês de novembro passado foi mãe, mas em março já estava de volta à competição.
O Europeu de Inglaterra pode ser o lugar indicado para a jogadora de 21 anos mostrar o seu talento a um público mais vasto. A veloz extremo-direito de Keflavík – cidade do sudoeste da Islãndia – deu o salto para o Wolfsburgo, equipa à qual se adaptou de forma notável, tendo conquistado a "dobradinha" a nível doméstico, e participado na Liga dos Campeões nos últimos seis meses.
Mas foi em setembro de 2020 que começou a dar que falar internacionalmente, quando bisou logo no jogo de estreia pela Islândia. Ofensivamente, é uma jogadora de qualidade, e a velocidade e a potência permitem-lhe levar muitas vezes a melhor sobre as adversárias. Além disso, os lançamentos laterais extra-longos constituem uma arma adicional para a Islândia.
Em junho de 2003, uma avançada de 16 anos correu na direção da grande-área em Laugardalsvollur (o estádio nacional da Islândia, situado na capital Reiquejavique). Acabada de sair do banco, na estreia pela Islândia, marcou na primeira vez que tocou na bola, na vitória por 4-1 diante da Hungria.
Falamos de Margrét Lára Vidarsdóttir, que em outubro de 2019 – depois de duas graves lesões e de ser mãe duas vezes – terminou a carreira internacional com um golo que fechou a vitória por 6-0 sobre a Letónia.
É uma lenda, uma máquina de golos e o seu recorde de 79 golos em 124 jogos pela Islândia provavelmente vai ficar para sempre. Ao serviço de clubes também marcou muito: 259 golos em 264 jogos na Islândia, na Suécia e na Alemanha. É, sem sombra de dúvidas, um/a dos mais populares futebolistas islandeses da história: e nisto estão incluídos homens e mulheres.
A Islândia prepara-se para marcar presença no seu quarto Europeu consecutivo, mas em duas das três participações anteriores regressou a casa sem qualquer ponto. Em 2009, na Finlândia, perdeu com França, Noruega e Alemanha; e em 2017, nos Países Baixos, voltaram a não somar qualquer ponto contra França, Suíça e Áustria. A melhor campanha foi registada na Suécia, em 2013, quando chegaram aos quartos de final, depois de derrotarem os Países Baixos, graças a um golo de Dagny Brynjarsdóttir. No jogo do «mata-mata», a Suécia foi demasiado forte e ganhou por 4-0.
A Islândia precisará de amealhar quatro ou seis pontos nos jogos contra Bélgica e Itália (França é a outra seleção do Grupo D), para ambicionar um lugar na fase seguinte. No entanto, o terceiro lugar do grupo deverá ser o desfecho mais provável.
Texto original de Vidir Sigurdsson e Bjarni Helgason, do Morgunbladid