Os Países Baixos chegam ao Mundial com confiança renovada, depois da qualificação para a 'final four' da Liga das Nações, que vão acolher no próximo ano. Ganharam o grupo depois de bater a Bélgica por 1-0, cortesia do cabeceamento de Virgil van Dijk, e parecem ter-se adaptado bem ao sistema de 5x3x2.
O novo sistema foi introduzido em março. Bem, não é inteiramente novo, uma vez que é o sistema que Louis van Gaal utilizou com a Oranje no Mundial de 2014, em que os Países Baixos acabaram em terceiro (caíram nas meias-finais e derrotaram o anfitrião Brasil por 3-0 no jogo de atribuição do último lugar do pódio).
Tal como há 8 anos, a mudança a partir do convencional 4x3x3 gerou críticas. O capitão, van Dijk, disse abertamente que não gostava da mudança para o 5-3-2, mas acrescentou: «Mas o selecionador não concorda e tem uma opinião muito forte sobre isso. Portanto não é completamente injustificado.»
O próprio van Gaal foi um grande apreciador da filosofia 4x3x3 que moldou a escola do futebol neerlandês, mas nunca é demasiado tarde para aprender algo novo. «Quanto mais tempo treino, mais tenho aprendido a adorar o sistema 5x3x2», disse recentemente o treinador de 71 anos. «Podes atacar e defender com ele. Podes colocar o adversário sob pressão em todo o lado e, se jogares bem, há menos risco de o adversário partir em contra-ataque porque tens 3 defesas centrais.»
Van Gaal acredita que isso pesa mais do que ter 3 avançados. «Sinto que o 4x3x3 era melhor para formar triângulos em todo o lado, mas nessa altura não tinha a habilidade de ver as vantagens desse outro sistema. No 5x3x2 o equilíbrio da equipa é melhor, e podia ser facilmente obtido com um 3x4x3 também.
Em termos de plantel, os Países Baixos chegam ao Mundial em boa forma, mas estão vulneráveis a lesões dos seus principais criativos, como Frenkie de Kong e Memphis Depay, ambos com problemas musculares esta época. Van Gaal, normalmente, prefere jogadores em condição plena, mas abrirá exceções para esta dupla. O plantel não é tão profundo como podia ser, o que se poderá tornar um problema se os Países Baixos chegarem longe no Qatar.
Já este ano revelou que está a sofrer de uma forma agressiva de cancro na próstata desde 2020. Explicou como se esquivava dos estágios para ir fazer radioterapia. Disse também que se sente bem o suficiente para levar à equipa ao Mundial e que os jogadores lhe dão energia.
É justo dizer que há três jogadores que podiam ser nomeados, mas Virgil van Dijk merece mais, em parte porque é capitão, mas também pela sua prestação contra o Manchester City, em outubro, quando domou o poderoso Erling Haaland. A Oranje costumava ter avançados de classe mundial, mas nestes dias é a defesa que faz a diferença, e van Dijk é um capitão exemplar e uma inspiração. Também tem propensão a marcar golos importantes pela seleção.
O Mundial é uma oportunidade para mostrar o que é capaz perante uma audiência maior, e eventualmente conquistar uma transferência para um clube europeu de topo. Havia rumores de que ia abandonar o PSV no verão, mas acabou por ficar. O extremo sempre teve talento, mas agora ganhou consistência, e é regularmente o jogador-chave do seu clube. Pelos Países Baixos entra na lista para o Mundial com três golos em nove internacionalizações. Como serão esses números no fim do torneio?
Antes de um jogo frente à Letónia, em março de 2021, os jogadores usaram camisolas de aquecimento com a mensagem: «O futebol apoia a mudança». A braçadeira de capitão tinha as mesmas palavras gravadas, com os jogadores a querer passar uma mensagem sobre o historial de direitos humanos no Qatar. Os jogadores estão unidos no pensamento, tal como Louis van Gaal: «Todos sabem que acho ridículo os jogos serem lá jogados», disse. No ano passado o governo neerlandês disse que não ia mandar uma delegação, mas uma mudança no poder ainda pode levar alguns políticos a viajar, assim como o rei, Willem Alexander. A oferta de gás pode ser demasiado importante para antagonizar os anfitriões do Mundial, ao que parece.
É um dos hinos mais antigos do mundo, escrito à volta de 1570, durante o início da Guerra dos 80 Anos. A letra remete para as palavras de William de Orange na batalha contra o rei de Espanha. Não se sabe quem escreveu o hino, mas, após ter ficado no esquecimento durante centenas de anos, foi redescoberto em 1932 e adotado como hino nacional. Tornou-se muito popular durante a II Guerra Mundial. Consiste em 15 versos, e as primeiras letras de cada um formam o nome “William of Nassau”. O hino é popular entre os adeptos da seleção, embora normalmente apenas o primeiro verso seja cantado.
É o grande herói do futebol neerlandês, um nome famoso em todo o mundo. Em 1974 levou a Oranje à final do Mundial. Quatro anos depois também chegaram ao jogo decisivo, mas ele tinha recusado viajar até à Argentina. Não foi só uma posição política, ele tinha sido picado pelo 'escândalo da piscina' durante o torneio na RFA.
Cruyff tornou-se uma verdadeira lenda, e a fundação com o seu nome permite que o seu legado continue vivo, montando relvados em zonas residenciais para que todos possam ter a oportunidade de jogar futebol. O seu trabalho continuou para lá da morte de Cruyff, em 2016.
Textos de Wilber Hack, que escreve para o De Telegraaf.