A Maisfutebol Total analisou os desempenhos de William Carvalho e Fernando durante o clássico entre Sporting e FC Porto. Paulo Bento, selecionador de Portugal, esteve nas bancadas do Estádio de Alvalade e terá feito a mesma análise, embora o luso-brasileiro não tenha ainda todos os requisitos legais para vestir a camisola lusa.

O foco incidiu sobre dois dos melhores médios defensivos do futebol português. Dois talentos com qualidade inquestionável, responsáveis por grande parte das recuperações de bola das respetivas equipas.

William Carvalho saiu por cima, embora Fernando tenha acumulado maior número de intervenções ao longo do encontro. O jogador do FC Porto despediu-se de forma triste, com a derrota à vista e um empurrão a Montero que lhe valeu um cartão vermelho – porventura exagerado – a escassos minutos do final.

A poucas semanas de celebrar o seu 22º aniversário, William encheu mais uma vez o campo. O jovem sonha com o Campeonato do Mundo de 2014 e vai empolgando pela tranquilidade demonstrada em momentos de pressão, com ou sem bola.

O assédio dos maiores clubes europeus é natural. Conseguirá o Sporting resistir? Mais um talento da Academia de Alcochete preparado para conquistar a Europa.

Fernando e William num duelo com outra dimensão

Fernando, a caminho dos 27 anos, apresentou-se no clássico para ocupar a posição original: sozinho à frente da defesa, com Defour e Carlos Eduardo numa linha mais adiantada. O jogador natural de Vale Paraíso entrou em ação desde cedo, começando a limpar a sua zona.

Do outro lado estava William Carvalho e todo o seu trabalho era pincelado por pormenores de tremenda qualidade. Ao quarto minuto de jogo, a primeira amostra: uma recuperação de bola, um túnel a um adversário a pender para a direita, a variação para o centro e o risco de um passe que não deu certo.

O Sporting assumiu a iniciativa de jogo e Fernando Reges foi obrigado a intervir com regularidade. Já perto da meia-hora, destaque para um lance perigoso de Jefferson no flanco esquerdo. Ameaça de golo em Alvalade, um passe atrasado do lateral e o Polvo do FC Porto a aparecer em corrida, à entrada da área, afastando o perigo e saindo a jogar.

Pouco depois, o luso-brasileiro recuperou mais uma bola e decidiu arriscar um remate de longe. Seria um chapéu, mas saiu relativamente curto e Rui Patrício segurou sem dificuldades. Foi o único ensaio de Fernando. William ficou em branco nesse capítulo. Não é essa a principal função dos médios defensivos, de qualquer forma.

William Carvalho e Fernando Reges terminaram a etapa inicial com o mesmo número de intervenções no jogo (28). O jogador do Sporting poderia ter feito melhor no apoio aos laterais, sobretudo com Cedric, que sentiu dificuldades para traver Ricardo Quaresma. O seu homólogo do FC Porto não contribuiu como poderia para a tranquilidade da equipa nas transições, vendo a sucessão de erros dos centrais azuis e brancos. 



Um passe a desequilibrar e um vermelho para o adeus

Minuto 53. O golo que decidiu o clássico. William Carvalho na origem de tudo, com um passe soberbo para André Martins (que partiu de posição irregular). Mangala procurou fechar à esquerda, sem chegar a tempo de evitar o cruzamento. Ao centro, Slimani fugiu a Abdoulaye e concluiu da melhor forma.

Hélton lesionou-se com gravidade pouco depois e Fernando recebeu a braçadeira de capitão. Continuava a ser um dos jogadores do FC Porto com melhor rendimento em campo.

A segunda parte, de qualquer forma, foi de William. O jovem do Sporting aumentou a sua influência. Ao minuto 67, mais uma prova de confiança, pegando na bola e aguentando a pressão de quatro adversários até sofrer uma falta. Ouviram-se cânticos com o seu nome. Adeptos rendidos.

Já na reta final, o leão faz a única falta no clássico. Passando maior tempo na meia direita, para cobrir aquele flanco, foi importante para a menor produção de Quaresma. Logo depois, sofre mais uma carga, desta vez de Mangala. No total, três faltas sofridas e uma falta cometida.

Sobra o registo curioso de Fernando. Apenas uma falta sofrida e nenhuma cometida. O luso-brasileiro, num total de 50 intervenções (contra 40 de William), não foi obrigado a recorrer a cargas à margem da lei mas viu de qualquer forma o cartão vermelho. Ao cair do pano, Fredy Montero atrasou a reposição da bola em jogo e Fernando respondeu com um encosto desnecessário. Pedro Proença deu de imediato ordem de expulsão. 

No final, a natural satisfação no reino leonino e o reconhecimento de um talento: William Carvalho. «Tem sido um jogador quase sempre utilizado, desde a pré-temporada. Para muitos foi uma decisão arriscada, ao tirar Rinaudo, o capitão, do onze. Hoje em dia, ganhou o seu espaço, mostra qualidade. Só não esteve num jogo do campeonato, na Luz, frente ao Benfica, e fizemos a pior exibição da temporada. É muito importante para nós porque faz aglutinar a equipa em torno da qualidade de passe», reconheceu Leonardo Jardim.

Quanto a Fernando, é um nome consagrado e mantém um rendimento interessante. Renovou contrato com o FC Porto mas a sua saída no final da época é uma hipótese forte. Irá a Liga perder dois dos seus melhores médios defensivos?

O duelo à luz dos números:

Passes certos
William: 25
Fernando: 34

Passes errados
William: 9
Fernando: 8

Recuperações de bola
William: 12
Fernando: 10

Remates
William: 0
Fernando: 1

Faltas cometidas
Fernando: 0
William: 1

Faltas sofridas
William: 3
Fernando: 1

Intervenções
William: 40
Fernando: 50