Sei que vai parecer estranho, mas começo este «desce» por dizer que Jesualdo Ferreira esteve bem.

Não muito bem. Apenas bem.

Estava errado. Mas esteve bem. Mas apenas num sentido muito particular e sem qualquer resultado positivo para a equipa.

Explico.

Esteve bem porque tomou uma decisão em que acreditava, contra todas as probabilidades. Ao colocar Nuno André Coelho (logo hoje, logo ali, logo para andar a correr atrás de tipos que jogam muito e nem são especialmente altos e fortes), ao fazer alinhar este jogador só com treinos, Jesualdo não abdicou da sua condição de treinador. Não se escondeu num momento delicado. Antes se expôs.

Pensou na equipa antes de pensar no seu conforto. Tinha uma ideia e sabia que se lhe saísse mal a sua assinatura na derrota seria ainda mais visível.

Sim, porque agora cada golo sofrido pelo F.C. Porto apaga, nesta fase negra, os sorrisos do passado. Jesualdo tem a experiência suficiente para perceber o enredo. Sabe como vai acabar. Mesmo assim optou por afirmar as suas ideias. Esteve bem, embora o jogo tenha demonstrado a fragilidade da solução.

Lamentavelmente para Jesualdo e para o F.C. Porto, nos dois primeiros golos, os decisivos, Nuno André Coelho ficou ligeiramente fora do lance, o suficiente para não impedir o golo.

Claro que os 5-0 não são só (nem sobretudo) Nuno André Coelho e nem por isso são Jesualdo Ferreira. Resultam de muita coisa errada, que deixarei para outro dia. Sim, porque posso estar enganado ou nas próximas semanas o F.C. Porto ainda vai dar razão para algumas notas negativas.

Esta noite, o F.C. Porto impressionou pela distância. Entre o que foi hoje e o que tem representado na Europa esta década. Um fosso brutal, cavado desde o instante inicial. E provavelmente esse é o aspecto mais importante de tudo isto: o campeão português deu sinais de ter entrado no Emirates já convencido do seu destino. Sem fôlego, sem brilho, apenas à espera de que o céu lhe caísse sobre a cabeça.

Caiu. Como há 21 anos não caía.

P.S.: As pessoas que estão no F.C. Porto são as mesmas que nos últimos anos andaram aos saltos em cima de autocarros, a passear troféus. Não são propriamente incompetentes. Resta saber se conseguirão reagir a algo que pensavam pertencer a outros: a derrota.