O Maisfutebol desafiou os jogadores portugueses que atuam no estrangeiro, em vários cantos do mundo, a relatar as suas experiências para os nossos leitores. São as crónicas Made in Portugal:
Críticas ou sugestões? Escreva-nos para madein@iol.pt
Conheça melhor o projeto
Leia a apresentação de Ginho
«Olá a todos,
Hoje vou explicar como é o convívio entre os jogadores portugueses, e não só, do Ayia Napa do Chipre. Como profissionais de futebol sabemos que é necessário assegurarmos uma boa saúde mental, e quando estamos longe tudo é a dobrar: a preocupação, o amor e a saudade.
Saudade é uma das palavras mais presentes quando estamos longe do nosso país. Esta palavra descreve a mistura de sentimentos de perda, falta, distância e amor.
Para tentar colmatar esta dificuldade, «substituímos» a família os amigos pelos colegas de equipa. Quando a saudade aperta mais temos de fazer algo! Fazemos jantares tal como se estivéssemos a reunir toda a família.
Preparamos uma boa comida portuguesa e juntamos todos, até aqueles que são de outros países e estão sozinhos também nesta caminhada. Todos somos iguais, porque todos sentimos o mesmo.

No dia destes jantares, vale quase tudo para distrair, até o facto de pedir a vizinhos pratos, talheres e cadeiras se torna uma tarefa importante. Queremos sempre que nada falte. E nunca falta, a alegria começa a crescer à medida que vai chegando toda a gente.
Nestes convívios não existem problemas, pois são substituídos por gargalhadas e histórias de conquistas que se vão contando. Aliás, estar aqui em melhores condições já acaba por ser uma conquista, pois mudámos para melhor.
Contudo, estes jantares só mostram o quanto somos fortes se estivermos juntos. Comemos, bebemos, sempre ao som de uma boa música, soltam-se as risadas, dançamos e nada consegue estragar o bom ambiente que se vive.
Nestes jantares reunimos cerca de 18 pessoas, dependendo se alguém tem família ou amigos cá de visita. A escolha da casa é feita por «democracia», ou seja, todos dão a opinião sobre onde será o próximo jantar.
Por cá temos uma família portuguesa onde reina a boa disposição e ninguém é posto de parte. Quando chega alguém novo as honras da casa são feitas como só os portugueses sabem fazer.
Aproveito em nome de todos para agradecer à minha mulher Célia Moreira, à Diana Almeida, esposa do Hugo Soares, e à Tânia, esposa do Fausto Lúcio. Sem elas, nunca conseguiríamos comer uma boa comida portuguesa.
Para todos os leitores do Maisfutebol, um abraço.
Ginho»