O país está em crise é uma das expressões que mais se escuta da boca dos portugueses nos dias que correm. A crise bate à porta de todos os sectores e o futebol não é excepção. Ednilson, antigo jogador do Benfica, sabe bem o que isso é. O médio esteve desempregado durante cerca de seis meses, uma experiência que descreve como «horrível».
Depois das passagens pelo Boavista, Roma, Benfica, V. Guimarães, Gil Vicente e OFI Creta, ingressou no Partizan de Belgrado na reabertura do mercado. O regresso ao futebol teve de passar por voltar a emigrar, até porque as portas em Portugal parecem estar a fechar-se para os jovens portugueses que, cada vez mais, partem para outros campeonatos. «Não tive propostas, todos sabem como anda o futebol português...», apontou ao Maisfutebol, em jeito de desabafo.
A má fase ficou para trás, a angústia também. Embora seja «muito complicado estar longe da família», até porque existem "aqueles dias em que tudo custa mais". Para contrariar as saudades agarra-se às coisas boas da vida: ao orgulho que sente da mulher, que está na faculdade e ainda consegue fazer um excelente trabalho a criar a filha de ambos, que completou cinco anos, às palavras da sua «menina» que diz a toda a hora que o »ama muito». Sente-se «um pai e um marido afortunado» e isso ajuda na hora de enfrentar as dificuldades.
«Nunca pensei ficar tanto tempo sem jogar»
Ainda assim, as dificuldades por que passou deixaram marcas. Decidiu não continuar no OFI Creta e rejeitou algumas propostas vindas da Roménia e do Chipre. Uma opção que nunca pensou ser tão arriscada: «Foi muito difícil estar sem trabalhar. Passei essa fase com alguma angústia, mas agarrei-me à minha mulher e à minha filha e, ainda, a alguns amigos mais próximos. Não quero voltar a repetir a experiência. Agora percebo o que sente quem fica sem trabalho. Foi uma escolha minha, mas não foi do meu agrado. Nunca pensei estar tanto tempo sem jogar. Não tinha noção do risco que estava a correr. Veio Outubro, Novembro, Dezembro e acabei por pensar que mais valia esperar um pouco mais pela reabertura do mercado. Foi uma experiência horrível. Eu e a minha família sofremos muito.»
O «coração» e as suas «meninas» levam-no a pensar em voltar a Portugal, embora admita gostar de jogar no estrangeiro. «Se tiver uma boa proposta, tenho de pensar bem e decidir com a minha família», refere, lembrando que os tempos difíceis que o futebol nacional atravessa levam a que se façam sacrifícios e a que se use a razão.